DOZE

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Júlia Pinheiro

— Eu acho que você engordou. - eu respiro fundo para não voar no pescoço da Giane

— Você que apertou, Giane, nem começa. - tia Nenê fala e eu sorrio pra ela — A Júlia nem tem comido direito, só está trabalhando.

— Trabalhando e passando um tempo com as crianças da Casa, pelo que eu tenho notado. - Giane diz e eu bufo

— Odeio cidade pequena por causa disso. Olha a fofoca como corre. - eu reviro meus olhos e levanto a barra do vestido de seda rosa — O que eu faço ou não faço da minha vida, Giane, é problema meu. - eu a encaro — E sim, não que isso seja da sua conta, mas eu tenho passado um tempo com as crianças da Casa sim, pelo menos alguém tem que fazer isso.

— Elas têm cuidadoras, Júlia, não haja como se isso fosse um trabalho. - Giane bufa e eu desço do pequeno altar para encará-la bem nos olhos

— Trabalho não é, Giane, mas é mais importante do que isso. Eu não ganho dinheiro para brincar com elas, eu ganho sorrisos. Isso basta. - eu me viro para encarar minha amiga e sua mãe — Eu posso ir embora? - elas afirmam e eu caminho até o provador para me livrar do vestido

Não gosto de vir aqui, mas essa besta é a responsável pelos vestidos de casamento da minha amiga, eu como madrinha sou obrigada a vir aqui e ter que suportar ela. Não aguento mais do que meia hora por isso sou sempre a primeira a experimentar o vestido.

— Jú, será que você pode me ajudar na escolha das flores mais tarde? - Millie me pergunta quando eu volto para o salão

— Claro, só vou... - eu aponto pro meu celular e vou para fora do atelier para mandar uma mensagem para meu pintorzinho

Meu.

Isso é engraçado, ver ele como meu, como mais do que um pintor idiota, em ver ele como alguém além da máscara, das telas. Em ver ele.

Eu amo ir até a casa dele, passar minhas tarde e minhas noites ao seu lado, em conhecer um pedacinho a mais dele, em estar com ele.

Eu não podia me sentir como me sinto mas eu sei muito bem o que isso significa. Eu me apaixonei pelo cara da máscara. Pelo mesmo cara que uma semana atrás eu odiava, por um cara que se esconde atrás de um personagem. Eu estou apaixonada pelo TheBest.

Ele ama me chamar de beauty, bela em inglês, isso só nos dá a impressão de que estamos vivendo um conto de fadas e isso está longe de acontecer realmente.

Ele é o cara incluso, que não gosta de aparecer, que prefere que suas telas sejam vistas a ele próprio e eu o amo por ser assim, mas somos tão diferentes.

Espera aí! Amo? Lógico que isso só pode ser uma maneira de falar, claro. Eu mal o conheço para o amar e eu amo o Thiago. Isso. Vai ser até bom não vê-lo hoje, vou conseguir colocar minha cabeça no lugar.

Oi... - ele me atende no primeiro toque e isso sempre acontece

Olá, beauty, como vai? - eu consigo até visualizar seu sorriso ao me atender, isso é tão a cara dele

Bem e você? - eu mordo meu lábio e começo a chutar nada especificamente na calçada apenas por não saber o que fazer

Bem melhor agora, confesso. - eu sorrio — O que te fez ligar, Júlia? Saudades - eu quase afirmo mas mordo meu lábio para não fazer isso

Não vou poder ir hoje, Best, sinto muito, minha melhor amiga precisa de mim e eu preciso de uma noite de amigas. - eu olho pro céu e imagino como deve estar a paisagem lá do jardim dele — Tá tudo bem? Podemos marcar outro dia.

Thiago - Série Homens Perfeitos #3Onde histórias criam vida. Descubra agora