23

71 11 3
                                    

No outro dia, Luís Felipe estava em uma reunião quando seu celular apitou anunciando a chegada de mensagem. Sem ninguém perceber, desbloqueou a tela e viu que era um pedido de desculpas de Maurício, com um emoticon com uma carinha chorando e outra vermelha de vergonha. Sorriu, feliz! Pediu licença aos presentes e foi ao banheiro, de onde ligou.

___ Bom dia. Aqui é a pessoa com quem você ia sair ontem...

___ Desculpe-me. Estou envergonhado. – respondeu Maurício.

___ Tudo bem! Eu compreendo perfeitamente. Mas tenho uma dúvida...

___ O quê?

___ Pode jantar comigo essa noite?

Maurício pensou por instantes e respondeu:

___ Está bem.

___ Perfeito!

.........................................................................

Naquela noite, no apartamento em que dividia com seus amigos, Maurício estava se trocando e cantarolando quando Marcos questionou:

___ Hum... quem é o homem para quem você está se vestindo com tanto esmero?

___ Como?

___ O homem com quem você vai sair hoje... – respondeu sorrindo, Marcos.

___ Um amigo... o arquiteto-médico.

___ Está interessado nele?

___ Não. De jeito nenhum.

___ Serei sincero: esqueça o canalha do seu ex... aproveite que esse cara está genuinamente interessado em você! Isso é raro atualmente! Viva, meu amigo... esqueça o passado.

Maurício apenas sorriu tristemente... e saiu.

.....................................................................

Luís Felipe levou Maurício para jantar no Terraço Itália. Era um lugar maravilhoso, cuja vista panorâmica da cidade de São Paulo era de tirar o fôlego! Além, é claro, da excelente comida que desfrutaram e, por que não, da companhia do arquiteto que se mostrou extremamente educado, gentil e agradável.

Conversaram sobre tudo... e o tempo voou sem que percebessem.

___ Gostaria de saber sobre você. – disse Luís Felipe.

Olhando-o interrogativamente, Maurício respondeu:

___ O quê?

___ Tudo... fale-me tudo sobre você. – respondeu encarando-o fixamente, Maurício.

___ Bom... sou filho do médicos que trabalhavam na OMS e, por isso, vivi em diferentes países do mundo.

___ Só isso??? Quero mais...

Sorrindo, Maurício respondeu:

___ Foi maravilhosa a minha infância e adolescência... tive contato com pessoas e culturas muito diferentes, aprendi a falar várias línguas e dialetos, brinquei ao ar livre, nadei em rios, comi comidas típicas, fiz amizades que me fizeram crescer sem julgar ou se importar com a aparência, a riqueza ou qualquer outra coisa que não seja o caráter. Toda essa miscelânea transformou-me no homem que sou hoje. Mas, apesar de tudo isso, sempre quis ter uma casa para mim... – disse, sonhador, Maurício.

___ Sério? E como seria essa casa?

___ Hum... seria um sobrado, simples, avarandado, lindo, com jardim e uma grade branca na frente. Todo branco, com janelas azul escuro! Estaria localizada em um bairro tranquilo, sem barulho, apenas o silêncio!

MédicosOnde histórias criam vida. Descubra agora