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Uma epidemia e o tempo chuvoso e frio transformara o dia no Hospital Público MS em um desastre! Maurício começara a trabalhar às 5h30 da manhã e já levantara deprimido. E, infelizmente, seu dia não melhorou, pois havia muitos pacientes, os poucos enfermeiros que não estavam gripados não estavam dando conta de tanto atendimento e cometiam tolos que, normalmente, não faziam.

O único alento foi um breve telefonema de Cristian que, como sempre, estava feliz e simpático.

___ Bom dia! Tudo bem com você?

___ Sobrevivendo... aqui, hoje, está um verdadeiro desastre. – respondeu desanimadamente, Maurício.

___ Será que poderíamos almoçar juntos?

___ O que é isso? Se eu tiver um pouquinho de sorte conseguirei comer um lanche frio e nem sei a que horas.

___ Tudo bem, compreendo. Não vou atrapalhá-lo mais. Posso ligar mais tarde?

___ Lógico.

___ Então, até mais tarde. E, por favor, sobreviva!

Maurício só conseguiu sair do hospital às 23h30. Quase não podia manter-se de pé, sentou-se em um banco na entrada do hospital e apenas a lembrança de sua cama limpa, macia e cheirosa o fez dirigir-se para seu apartamento por meio de um táxi.

Lá, Marcos e Márcio já estavam dormindo. Maurício olhou seu celular e já era uma hora da madrugada quando conseguiu, finalmente, deitar-se. No instante seguinte ao colocar sua cabeça no travesseiro, dormiu profundamente.

Despertou com a campainha altíssima do telefone do apartamento. Pensou em continuar dormindo, ignorar o chamado, mas sentou-se na cama tonto de sono, foi até a sala e atendeu.

___ Sim.

___ Doutor Maurício?

___ Ele.

___ O doutor Lauro o quer agora no centro cirúrgico para assisti-lo.

___ Ele deve estar enganado. Acabei de sair do plantão.

___ Ele o está esperando. – e a ligação foi encerrada.

Colocando o telefone no gancho, Maurício olhou para o relógio que havia na sala e este marcava cinco horas e vinte minutos. Ficou se perguntando o motivo do doutor Lauro chamá-lo... só se aconteceu algo com um dos pacientes que Maurício era responsável.

Dirigindo-se ao banheiro praticamente dormindo, Maurício tomou um banho rápido, olhou-se no espelho e ficou apavorado com sua aparência: parecia um morto!

Troucou-se rapidamente e foi para o hospital. Cerca de quinze minutos depois, estava subindo pelo elevador para o centro cirúrgico dois. Entrou no vestiário, trocou de roupa, lavou-se e adentrou a sala de operações.

Lá, havia dois enfermeiros, um residente e o doutor Lauro. Este apenas olhou para Maurício de cima abaixo e disse bravo:

___ O senhor está usando túnica de ronda! Não pode entrar em um centro cirúrgico a menos que esteja com uma túnica esterilizada.

Maurício ficou olhando-o, com raiva, o sono sumindo por completo do seu corpo.

___ Eu acabei de sair do hospital. Só vim porque...

___ Pare. Não discuta comigo. Venha logo até aqui e segure este retrator.

Maurício foi até a mesa, fez o que ele lhe havia pedido. Olhou para o paciente e viu que não era um dos seus. Ficou com mais raiva ainda, pois sabia que o doutor Lauro não precisava tê-lo chamado. Com certeza só fez isso para que Maurício cometesse um erro e ele pudesse relatá-lo ao doutor Pedro Munhoz.

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