O homem com uma arma apontada para Márcio, na porta do apartamento, gritou:
___ Cale a boca! Agora!
E o médico assim o fez, tremendo.
___ Chame o meu irmão...
Meio assustado, Márcio ficou sem saber o que fazer.
___ Chame a porra do meu irmão... agora! O Marcos...
A voz do homem estava mais fraca e ele mal conseguia se manter de pé.
___ Você é o Michael?
___ Sim... – e a arma caiu da mão dele, assim como ele se estatelou na entrada do apartamento. Nesse momento, Márcio viu uma poça de sangue ao lado do homem. Abaixou-se, ergueu a camisa dele e viu um ferimento a bala. Puxou-o para dentro e disse-lhe:
___ Espere um instante.
Correu para o banheiro, pegou água oxigenada e uma toalha, voltou e disse:
___ Vai doer. Aguente firme. – e despejou a água oxigenada em cima do ferimento, estancando-o em seguida com a toalha. Nesse momento, Michael desmaiou. Márcio pegou seu celular e discou para Maurício que atendeu prontamente.
___ Maurício?
___ Sim, o que aconteceu Márcio?
___ Por favor, venha até nosso apartamento agora...
___ Não posso! Estou de plantão.
___ O irmão de Marcos está aqui.
___ E...?
___ Ele foi baleado, está sangrando muito e desmaiou...
___ Meu Deus... vou mandar uma ambulância...
___ Não! Como explicarei para a polícia tudo isso?
___ O estado dele é grave?
___ Muito...
___ Arrumarei alguém para me substituir e já estou indo.
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Cerca de três horas depois, ao voltar ao apartamento, Marcos experimentava uma sensação maravilhosa de bem-estar. Sentia-se meio nervoso ao fazer amor, com medo de sentir pânico ou pavor, devido às experiências traumáticas pelas quais passou, mas Cristian fizera com que se sentisse tão especial e desejado que o ato em si mostrou-se uma liberdade com o passado turbulento pelo qual passara.
Sorrindo para si mesmo, pensou na maldita aposta que os levou a se amarem com tanta sofreguidão. E agora, com certeza usufruiriam o dinheiro que "seu médico" ganharia juntos, fazendo coisas de casal, talvez até uma viagem... sonhando, abriu a porta do apartamento e parou chocado: Maurício e Márcio estava ajoelhados ao lado do seu irmão Michael! Ele se encontrava deitado no sofá, com um travesseiro sob a cabeça, uma toalha comprimindo seu flanco, e muitas roupas encharcadas de sangue no chão.
Seus amigos o olharam enquanto ele corria até eles.
___ Michael... Michael... o que aconteceu?
___ Ele foi baleado. – disse Maurício. – Está sangrando demais.
___ Vamos leva-lo ao hospital. – disse Marcos.
___ Não... hospital não... – balbuciou Michael.
___ Contive a hemorragia ao máximo que pude, mas a bala continha lá dentro. Não temos os instrumentos necessários aqui. – disse Maurício.
___ E ele continua a perder sangue, muito sangue... – disse Márcio.
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Médicos
RomanceO que três rapazes de diferentes cidades do país poderiam ter um comum? Apenas o mesmo sonho de serem médicos e utilizarem seus conhecimentos para ajudar os outros. Porém, nem sempre os desejos são tão fáceis de se tornarem realidade, pois a mentira...