Minhas queridas abóboras

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Luna passou por uma semana difícil no templo, uma semana sem um mísero caso paranormal para resolver e, consequentemente, sem renda. Para piorar, suas galinhas morreram depois de um ataque de lobisomens. Movida apenas por sua dieta de sopa de abóboras, a sacerdotisa se via no fundo do poço mais uma vez e afogou suas mágoas com uma garrafa de bebida. Ao acordar, ela foi até sua plantação para colher seu almoço e teve uma descoberta muito desagradável. Havia um cadáver de orc negro decapitado sobre sua plantação. Confusa, a mulher olhou ao redor e notou sinais de luta pelo terreno.

Como uma boa cidadã, ela foi informar a polícia. Como não tinha dinheiro nem carro, a sacerdotisa teve que andar metade da cidade para chegar à delegacia. Lá, foi atendida pelo delegado e foi com Beatrice e Peter até seu templo para mostrar o ocorrido. Para sua sorte, eles foram de carro. Ao chegar à cena do crime, Luna mostrou o cadáver, extremamente irritada:

- Olha essa merda! - exclamou a sacerdotisa. - Vocês tem noção de que o sangue desses infelizes é amaldiçoado? Eu quero saber quem vai limpar essa merda das minhas abóboras!

- Acalme-se, senhorita. - disse Peter. - Faremos o possível para investigar o caso.

- Deve ser mais uma briga de facções de orcs. - deduziu Beatrice. - Esse pessoal adora se matar por aí.

- Eles podem se matar até todos ficarem extintos porque isso não é problema meu, mas o que minhas abóboras fizeram de errado? - exclamou a sacerdotisa, inconformada.

- Calma mulher, são só abóboras. - brincou a boneca.

A brincadeira inocente da policial acendeu as chamas do ódio no coração da sacerdotisa, que se aproximou da boneca e a ergueu pela camisa do uniforme.

- Aquelas abóboras eram a única coisa que eu tinha para comer e agora estão amaldiçoadas! O que você espera que eu faça se elas saírem andando por aí? Criar uma lança e virar uma caçadora de abóboras? Eu quero acompanhar essa investigação de perto para ter certeza de que os envolvidos tenham o que merecem!

Peter pensou em sacar sua arma, mas um calafrio percorreu sua espinha e ele temeu por sua vida. havia uma aura de raiva visível ao redor da sacerdotisa e a boneca se desculpou como se sua vida dependesse daquilo. Cientes do peso de seus deveres, os dois policiais decidiram começar a investigação imediatamente. Luna pediu uma carona até o centro e acabou ganhando um almoço da dupla. Ela agradeceu, se desculpou pela raiva, se acalmou enquanto comia, mas logo a raiva voltou e a sacerdotisa se despediu da dupla.

Luna vagou até a igreja da cidade em busca de um ombro amigo. Castiel estava limpando o local quando sua colega atravessou a grande porta de madeira, que sempre se encontrava aberta. À princípio, ele pensou que era apenas uma visita amistosa, mas quando olhou para o rosto da sacerdotisa, teve certeza de que seria um longo dia.

- Bom dia, flor do dia! - provocou o padre.

- Bom só se for pra você, enviado do inferno.

- Sabia que estava num dia difícil. Seu rosto não mente.

- Então ao invés de alimentar o meu ódio, me prepare um chá e seja um bom amigo.

- É pra já!

O anjo caído a levou até seus aposentos no interior da igreja e preparou um chá com toda as ervas de efeito calmante que tinha e serviu à sua amiga. Ela ingeriu o líquido em silêncio, consumindo três xícaras. Depois da terceira, ela desabou em lágrimas e foi consolada pelo padre.

Luna chorou por meia hora e só aí foi capaz de contar o ocorrido para Castiel, que ouviu atentamente aos lamentos da pobre sacerdotisa. Ele ficou preocupado com o destino que ela teria sem sua única fonte de alimentos e garantiu que encontraria uma forma de purificar a plantação de abóboras. O padre nunca fez falsas promessas para sua amiga e saber disso ajudou-a a se acalmar o suficiente para tirar um cochilo no sofá de Castiel. Determinado, o anjo caído providenciou alguns alimentos para que sua colega não morresse de fome e partiu para o submundo da Baía dos Lírios em busca de uma forma de ajudá-la.

Baía dos LíriosWhere stories live. Discover now