Em uma densa floresta de árvores gigantes, cujas folhas bloqueiam totalmente a luz solar, caminha uma garota baixinha usando um capuz vermelho. Sua pele pálida e seus cabelos curtos e prateados entram em contraste com a escuridão, enquanto seus olhos violetas fitam os arredores atentos ao menor ruído. Munida de uma escopeta de cano serrado em sua mão direita e uma tocha na esquerda, a garota atravessa a floresta lentamente.
Em sua realidade, a humanidade foi subjugada por seres bestiais e obrigada a se esconder em cavernas e no subsolo para não serem devorados. Ainda assim, não era o suficiente para lidar com a voracidade de seus predadores, o que os forçou a usar o ápice de sua inteligência e recursos. A resposta que encontraram foram os sintéticos, seres humanóides criados por meio da engenharia genética para serem uma raça superior aos humanos, capazes de enfrentar os monstros que dominavam a superfície. Infelizmente, o projeto não era perfeito e a falta de tempo os obrigou a correr com os preparativos, resultando em inúmeras falhas e apenas dez acertos.
Os dez únicos sintéticos vivos nasceram cada um com uma limitação física ou psicológica, mas ainda assim se mostraram muito eficientes no extermínio dos monstros. Os anos se passaram e a maior parte das bestas foi dizimada, mas a humanidade pereceu, restando apenas três sintéticos. A garota da capa vermelha se chamava Aradia e era uma das sobreviventes, tendo como limitação sua grande altura de um metro e meio, mesmo tendo trinta e cinco anos de idade. Seus criadores e amigos foram mortos sem que ela pudesse impedir, então a garota sobreviveu movida apenas pelo ódio e o desejo ardente por vingança.
Aradia já estava perseguindo uma besta há dias, sem se cansar ou perder o foco. Seu corpo necessitava de pouquíssima comida, água ou repouso para se manter funcionando se assim o desejar. Sua busca a levou até um desfiladeiro e seus sentidos indicavam que a presa estava no lá embaixo. Sem hesitar, ela começou a descer, perdendo o equilíbrio por conta do solo arenoso e rolando até o fim. No fundo estava um portal de energia azulada, o qual seu corpo atravessou rolando em alta velocidade.
A sintética entrou rolando na Terra, passando por dentro de um inumano com o corpo feito de energia e só parou aos pés de um dos funcionários da prefeitura. A garota estava bastante ferida e foi rapidamente atendida pelos fiscais da fronteira. Aradia apagou e acordou horas depois em uma cama no hospital da Baía dos Lírios, muito confusa. Uma enfermeira vampira a acalmou e explicou sua situação. Seus ferimentos já estavam completamente curados graças às suas capacidades regenerativas avançadas, então a sintética foi liberada rapidamente.
Em frente ao hospital, Aradia ficou espantada enquanto observava o grande fluxo de inumanos pelas ruas da cidade. Seu ódio a fazia querer matar todos, um a um. Porém, nenhum deles era culpado por sua dor e pelo triste fim da humanidade em sua dimensão. Sentindo uma soma de esperança e melancolia, a garota resolveu ficar por ali, partindo em busca de um emprego comum para viver tranquilamente.
Dois meses se passaram e a sintética conseguiu um apartamento e um emprego na construção civil, vivendo satisfeita com seu novo lar. Isso continuou até que ela esbarrou em Anabelle enquanto voltava para casa do trabalho. A mudrost caiu e teve a ajuda de Aradia para se levantar, aproveitando a oportunidade para entrar em sua mente. A sede por vingança nunca foi totalmente esquecida e a disseminadora do caos decidiu dar um empurrãozinho amigável.
Uma conversa aleatória e um aperto de mãos foram o suficiente para o ódio voltar a dominar a sintética, que teve nojo de seu estilo de vida pacato, abandonado tudo e partindo para o submundo da cidade. O local era uma versão alternativa da Baía dos Lírios, com as construções feitas de obsidiana, ruas iluminadas por tochas antigas e pequenos fluxos de lava fervente nas laterais das ruas que fluem do céu, alaranjado e em chamas o tempo todo. Lá, ela gastou todo o dinheiro de suas economias para comprar armas e conseguir um lugar entre os mercenários inumanos.
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Baía dos Lírios
FantasíaUm portal para outras dimensões se abre em uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos. Por ele, seres multidimensionais adentrar o pequeno planetinha azul a fim de viver uma vida "normal". Depois de anos de guerras, a paz entre os humanos e os i...