☪ Jade ☪

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Atelofobia.
Medo da imperfeição.
Medo de não ser suficientemente bom.

Trivena é uma potência, não só por ser a capital do reino elemental do fogo, mas por sua extensão, beleza , além de  poderio econômico e militar

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Trivena é uma potência, não só por ser a capital do reino elemental do fogo, mas por sua extensão, beleza , além de  poderio econômico e militar.

Me aproximo do parapeito para apreciar a vista, ruas estreitas ladeadas por construções de vários estilos, alguns jardins e pomares aqui e ali, barracas vendendo comidas ou bugigangas, ao norte se encontra o imponente muro que separa, juntamente com o Rio de Sal, Trivena de Zofa.

De alguma forma me sinto deslocada aqui, como se não pertence-se a este lugar, a este povo, talvez, por ser uma Princesa abortada– aparentemente– sinto certo olhar de comiseração de algumas pessoas em relação a minha pessoa.

Absorta em meus devaneios não noto a chegada do meu irmão caçula.

— Acredito que sua mente está em outro lugar.— Chad infere quando se aproxima.

— De certo que não. Minha mente está onde meu corpo está.— replico sem encará-lo.

Quando viro assusto-me com um corte no queixo de Chad.

— Céus! O que houve com seu rosto?

—Resultado de minhas proezas.— Chad responde envaidecido, como se machucar fosse algum tipo de prêmio.

—Nossa mãe ficará furiosa quando souber de suas peripécias. Onde já se viu, sair se machucando dessa forma?

— Nossa mãe não saberá se ninguém contar.— meu irmão argumenta.

— Sobre o quê não posso saber?

Raica, a rainha de Trivena e, também nossa mãe, aparece seguida do rei.
Minha mãe é linda. Cabelos longos e pretos, pele alva, rosto severo, grandes olhos verdes apesar da aparência delicada, sua postura acusa o contrário.
Meu pai é um homem alto, cabelos claros, a moldura do seu rosto é redonda, ladeada por numa barba cinza e pequenos olhos azuis. Chad é a réplica dele.

A cor da face de Chad some.
— Mamãe?

— Mas quê diabos aconteceu com você?!— minha mãe avança até meu irmão.

— Fui atacado por num likho.— Chad responde trêmulo.

— O que é likho?— me intrometo.

— Uma espécie de demônio.— papai responde.

Os olhos de mamãe se estreitam.
— Likho? Mas não há nenhum deles por aqui. Nunca foram encontrados.

Chad se retrai, sinto pena da bronca que levará.

— Não foi aqui.

— Foi aonde Chad?— a raiva é evidente na voz de mamãe.

— Em Zofa.

—Zofa? Perdeu o juízo menino? O que foi fazer em Zofa? Estava sozinho? Acaso não sabes que ali é um lugar perigoso para pessoas como nós.— minha mãe ralha com ele que parece diminuir a cada segundo.

— Raica, não precisa agir dessa maneira com vosso filho.— papai tenta apaziguar a situação.

— Quer que eu faça o quê meu rei? Vosso filho não pode agir como quer. Ele se machucou! Um demônio, Nelo! Um demônio atacou vosso filho.

— Isso é sua culpa!—Papai a acusa.

Mamãe fica vermelha.
— Minha culpa? Não estou entendendo, meu rei?

—Ora, se não protegesse  tanto vosso filho e lhe permitisse aprender a lutar , certamente não correria tanto perigo.

Se não fosse rei, juro que mamãe o fulminaria ali mesmo, tamanha  é sua indignação.
Calor emana da rainha tão intensa é sua cólera.

Coloco meu braço envolta de Chad de forma protetora.

— Chad não precisa saber lutar, ele não é o príncipe herdeiro, não necessita ir as guerras, portanto ficará seguro não saindo do castelo.— a rainha argumenta.

— Mas a partir de amanhã aprenderá.—o rei decide.

Mamãe inclina a cabeça tentando entender o que meu pai diz.
— O que quer dizer, Nelo?

— Amanhã Chad iniciará seus treinamentos com um guerreiro de Werra.

Até eu me espanto com a decisão de papai.
— Como assim? Um guerreiro de Werra? O que tem de ruim com os nossos soldados, ou o general Somah?

— Nenhum deles tem as habilidades de guerra que um descendente de Werra possui. Vosso filho precisa ser treinado imediatamente.

— E porque essa urgência meu pai?—interrogo.

— O General Somah me contou o ocorrido com Chad, um ataque de likho não é algo comum, temo que sejamos alvo de algum tipo de ataque.

— Mas quem nos atacaria? Os descendentes terrenos?— Chad  franze o cenho.

— Acho que não, talvez seja por uma força maior. Não sei ao certo quem seja mas logo descobriremos, preciso reunir-me com o conselho.

Dito isto meu pai nos dá as costas.

Mamãe ainda olha ressentida para Chad e o arrasta para cuidar do ferimento.

Retorno a observar o reino, só que agora paira uma sombra de preocupação sob mim.

Filha Do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora