•Uma guerra entre terrenos e celestiais.
•Uma guerreira negra tentando ser rainha num mundo de brancos.
•Uma princesa abortada tentado encontrar respostas.
•Uma porção do amor infalível.
•Um dragão indomável.
•Deuses impetuosos.
•Outra princesa plan...
Quando as teias de aranhas se juntam, elas podem amarrar um leão.
Provérbio africano
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Sento-me em frente a penteadeira e aguardo Aïcha cuidar de meus cabelos. - Então, descobriu algo?- estou ansiosa pra saber de quais rumores meu pai se referia.
Aïcha coloca algumas madeixas rebeldes para trás. - Parece que estão tramando contra os reinos elementais. E os herdeiros são os alvos.- ela sussurra, apesar de estarmos sozinhas no meus apontamentos.
Levo a mão até os lábios, arregalando os olhos. - Que terrível! Quem será o malfeitor?
Aïcha me encara através do reflexo do espelho. - É isso que o Soberano está tentando descobrir. Mas não há pistas, ainda.
- Então é por isso que estou sendo vigiada por aquele cão de guarda.
Aïcha estreita os olhos. - Princesa, não chame assim o General Baruc, ele só está protegendo a vossa pessoa.
- Falo sim, Aïcha, que rapaz mais... mais inescapável!
Aïcha ri enquanto trança meus cabelos volumosos.
- Sim, sim! Não desgrudou da minha porta nenhum instante noite passada. Até parece que não dorme!
Aïcha faz nascer miosótis, pequenas flores azuis em torno do trançado. - Mas para onde queres ir Princesa Lisie?
Dou de ombros. - A lugar algum.
- Conheço-a bem, alteza. Não minta para mim.- percebo sua desconfiança.
Sorrio. Aïcha não só é minha dama de companhia, como minha melhor amiga. Além disso, é uma fada, cabelos avermelhados, grandes olhos verdes, nariz reto e pequeno, uma boca fina e larga, com um corpo bem mais evoluídos que o meu, nem parece temos a mesma idade e das costas surge um par de asas translúcidas prateadas. Sempre alegre e cheia de energia . - Queria encontrar-me com Gael.- confesso por fim.
- E ele deseja o mesmo? - Não sei. Ele tem se mostrado muito interessado em mim ultimamente.
Ela coloca uma delicada tirara no topo da minha cabeça. - Talvez, seja apenas preocupação devido ao ataque.
Admiro meu reflexo no espelho. - Espero que não. Mas, falando sobre o ataque eu tive uma ideia.
Aïcha aproxima o seu rosto do meu. - Que tipo de ideia Lisie?
Me levanto dirigido-me a porta. - Você saberá, em breve.
Assim que passo pela porta deparo-me com o General Baruc todo vestindo preto da cabeça aos pés.
- Olá, General! Sigo caminhando sem esperar uma resposta. Baruc vem ao meu encalço. - Aonde vai, Alteza?
-Dar um passeio no bosque.- respondo sem virar o rosto.
- E pediu autorização ao rei?
Paro e o encaro. -Autorização? Não, não pedi. Certamente não necessito pedir autorização nenhuma.
- O rei precisa saber onde você vai.
- Ora, General! Eu não vou até os reinos gelados, é logo ali! E você vai me acompanhar, ou permitirá que um jafel me ataque?- brinco, porém Baruc não sorri.
Cavalgamos até uma colina não muito distante do castelo. O tempo está perfeito, como sempre em Selin. O aroma das flores dá uma sensação de conforto e enquanto passamos, algumas árvores já apresentam seus frutos maduros e suculentos, pássaros de todas as espécies voam aqui e ali. Assim que desço do cavalo respiro fundo e admiro a beleza do Lago Dourado, logo abaixo. Conta a história que há muitos anos, quando os deuses terrenos ainda viviam aqui, a rainha das fadas Áine, costumava banhar-se no lago com seu amante humano. Certa vez ele a convidou para um encontro no meio da noite e a rainha aceitou, assim que entraram no lago, seu amante perdidamente apaixonado pediu que Áine fugisse com ele, para se amarem livremente, a rainha disse que jamais abandonaria seu povo, os dois discutiram e louco de ciúme, ele a matou afogada, o corpo sem vida da rainha e sua magia se misturam com a águas claras do lago tornando-o flavescente. Apenas fadas podem se banhar no lago, se algum humano tentar morre queimado. Apesar da sinistra história o lago é exuberante.
- Está feliz com seu novo cargo, General?- pergunto ainda admirado a vista.
- Sim, Princesa. Qual soldado não ficaria feliz em ser chefe da guarda real?- ouço se aproximar.
Viro-me para encará-lo. -Me refiro ao seu cargo de guarda costas de uma princesa. Um soldado almeja isso?
Ele me encara por alguns segundos.
-Não sei onde quer chegar, alteza. Mas qualquer função que o rei...
-Fale a verdade, General. Estamos sozinhos aqui. Não há necessidade de mentiras.- interrompo.
- Qualquer missão que o rei me confiar eu aceitarei com satisfação.- Baruc completa.
Bufo. -Falácia. Seus olhos dizem o contrário, além disso, percebi sua hesitação quando meu pai lhe ordenou que me vigiasse. Portanto, tenho uma solução para nosso problema.
O General pisca. - Nosso problema?
-Sim. Afinal, não gosto nenhum pouco que fique me vigiando como uma sombra. Vou direto ao ponto: quero que me treine.
Baruc pisca novamente. -Treinar?
Perco a paciência. -Estou falando outra língua, General?
Ele me encara ofendido. - De certo que não, mas o que me pede é um absurdo.
- Por quê um absurdo?
- Uma princesa lutando? A herdeira do trono, preocupada com espadas, quando se tem ao seu dispor um exército? Me perdoe, alteza, mas essa ideia é um tanto ridícula.- o general argumenta.
- Não é não. Eu desejo aprender a defender-me, e me ver livre novamente. Isso também o beneficiará, acaso queres ficar de cão de guarda pelo resto da vida, enquanto outros travam batalhas épicas no seu lugar?
General Baruc fica pensativo, e nesse momento lembro o quanto ele é jovem, um pouco mais velho que eu, de certo, mas ainda sim jovem.
--Não... Meu lugar é nas batalhas- admite por fim.
Junto as mãos esperançosa e dou meu melhor sorriso. -Então me ajudará?
- Sim. No entanto o rei precisa ter ciência disso.
-Não! Meu pai não aprovaria. Não podemos deixar ninguém saber.
-Mas , princesa...
- Por favor, General! Se acaso ele descobrir, eu assumo toda a responsabilidade, mas não podemos contar. Por favor...- suplico convincentemente.
Ele suspira derrotado. -Está bem! Seu treino começará amanhã, antes do nascer do sol.