🐯 Tefari 🐯

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Quem faz perguntas, não pode evitar as respostas.

Provérbio africano

Chad me recebe ansioso na área de treinamento, tudo transcorre normalmente, o príncipe já consegue manejar a espada com maestria e seus reflexos estão evoluindo

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Chad me recebe ansioso na área de treinamento, tudo transcorre normalmente, o príncipe já consegue manejar a espada com maestria e seus reflexos estão evoluindo.
As vezes fico tentada a perguntá-lo sobre o que ele viu quando foi atacado pelo likho, se ele lembra da manifestação do meu poder, entretanto ele nunca tocou no assunto, então é melhor deixar como está.
— Hoje iremos voar.– Príncipe anuncia ao término da aula.

O encaro curiosa.
— Voar? Vamos montar em dragões?

Ele sorrir satisfeito.
— Exatamente. Vamos!

Sigo-o até o estábulo de dragões, assim que chegamos nos deparamos com sua irmã, Jade acariciando um dragão amarelo.

— Ah, olá... não notei a chegada de vocês.– Jade admite de um jeito vago.

Ela é o oposto do irmão, volumosos cabelos castanhos descem pelos ombros, seus olhos verdes intensos e   suas maçãs do rosto profundas a deixam com uma aparência severa, mas com certa beleza, ela está trajando um longo vestido vermelho com a bainha  escura, típico da realeza triveniana.
— Jade esta é Tefari de quem já falei pra você.– o príncipe me apresenta.

Jade se aproxima e me preparo para a expressão de desdém da princesa, mas não vem.
— Sim, sim. É um prazer conhecê-la.

Um sorriso involuntário surge em meus lábios. Essa família está me surpreendendo, se minha minha mãe estivesse aqui  diria que estava certa o tempo todo.
— O prazer é meu alteza.– isso é uma meia verdade.

— Jade, apenas Jade, por favor.– ela lança um olhar amigável.

— Já que está aqui, porquê não voa conosco?– o príncipe convida a irmã.

Ela olha de relance para o dragão amarelo e assente.
— Talvez não seja uma má ideia. Estou precisando distrair-me.
Observo seu olhar um tanto apagado.
Um servo aparece e começa a selar os dragões enquanto nos pede para sermos cuidadosos no vôo e não nos aproximarmos da Floresta de Escama onde vivem os dragões selvagens, pois eles estão em fase de aluamento e como temos dragões fêmeas, elas podem atrair os machos selvagens causando um infortúnio para nós.

Enquanto eles conversam me aproximo da cela mais protegida do estábulo, a morada de Indomunus.
Assim que chego perto vejo as narinas da criatura se dilatarem levemente notando minha presença, Indomunus abre os olhos e me observa preguiçosamente sem nenhum interesse em mim.
É uma criatura tão bela que exala poder. Contenho-me para não tocar nas barras de ferro encantadas, queria acariciá-lo, desejo de alguma forma ser estimada por ele.

Chad me chama e retorno até eles, o dragão que vou montar se chama Astro, ele é pequeno e largo, sua pele verde é grossa e enrugada, ele possui um arco de chifres pequenos em volta da cabeça até o pescoço e além de asas extensas.
Jade sobe no seu dragão fêmea, Hisy e Chad levanta vôo com Sunny, sua fiel companheira.

Assim que levantamos vôo sinto meu estômago afundar, devido a altitude e adrenalina ,mas logo meu semblante de surpresa é substituído por fascínio.
É fantástico como uma criatura tão grande pode voar com tanta facilidade e maestria, parece leve como pluma!

Me acomodo na sela de couro de hanu, um animal medonho de cor azulada, parecido com um elefante, porém não possui tromba e sim  um fucinho achatado, pequenos chifres brancos acima das orelhas curtas, as pernas dianteiras são maiores que as traseiras e dotadas de afiadas garras capazes de destrinchar um homem em só golpe. O couro é melhor material para sela pois é resistente e macio, além de não ferir as costas do dragão.

De cima vejo Trivena em vários tons de vermelho, com seus jardins avermelhados, combinando com as casas de pedras no mesmo tom, praças com enorme estátuas de dragões, pequeninas pessoas circulando nas ruas pavimentadas preocupadas com suas vidas e ao longe o Rio Sal, vislumbro até parte da pobre Zofa. O vermelho também se destaca no telhado e nas vidraças do grandioso Castelo de Fogo, com suas inúmeras torres e janelas, parecendo um enorme diamante vermelho no meio das pequeninas construções.

Me sinto tão livre voando que sem perceber tomo a liderança do trio e ganho velocidade, só puxo as rédeas quando ouço Chad me chamando aos gritos.
— Desculpe, alteza. Não percebi que estava me distanciando.– peço, mas sem nenhum vestígio de culpa no rosto.

Chad olha em volta.
— Estamos na divisa entre Trivena e a Floresta de Escamas.

Examino o local curiosa,  uma imponente muralha separa o reino de uma densa floresta de árvores pontudas, é impossível ver o que tem além das copas das árvores.

— Exatamente o lugar que Hiva nos disse para evitar.– Jade lembra.

Encaro o horizonte, logo depois do mar verde da vegetação há montanhas com seus picos tocando os céus.

— É verdade que além das montanhas fica a Ilha Sem Lei?– pergunto ainda observando a paisagem.

— É o que dizem, mas ninguém nunca foi lá para ter certeza.– Jad responde.

— Você sabe que sim minha irmã.– Chad rebate com um sorriso provocador.

— Ah! Quem vai acreditar em um bando de charlatões? Pessoas de má índole.– Jad devolve o sorriso.

Me viro para entrar na conversa.
— Que tipo de pessoas são essas?

— Piratas, ciganos e velhos viajantes que se divertem enchendo a mente do povo com idéias absurdas.– Jade responde com um tom de reprovação.

—Achei que era o governo que fazia isso.

Digo brincando e logo me arrependo pois não é com Bomani que estou falando e sim com os filhos do rei.
Eu e minha sutil arte de enrolar a corda no próprio pescoço.
Os irmãos me encaram e estou prestes a pedir desculpas de algum jeito humilhante quando escuto um som às minhas costas e logo sei do que se trata.

Viro-me e dou de cara com um dragão enorme sobrevoando nossas cabeças.
Sim, um dragão enorme, porque eu não dou a sorte de cruzar com um dragão bebê. Não, isso é tedioso demais para o meu destino! Tem que ser um dragão macho enorme, cheio de feracidade voando em direção de Hisy.

Astro rosna  e sem minha permissão voa em direção do oponente. O dragão selvagem percebe e ataca-nos, inutilmente saco minha espada na tentativa de perfurar aquela armadura natural dele, só que aquela coisa é impenetrável.

— Eu acho que está na hora de você cuspir fogo, Astro...– sugiro encarando o monstro vindo em nossa direção com suas garras mortíferas.

Astro parece entender pois expele fogo na cara do selvagem que fica desorientado por um segundo. Aproveito a deixa pra sair do campo de visão do dragão, só que Astro não deseja isso, ele permanece no lugar pronto para investir.
— VAMOS SAIR DAQUI, ASTRO!

Astro não me dá atenção alguma, isso é uma disputa de territórios, eles estão mostrando sua força para terem o direito sobre as fêmeas e Astro não vai ceder.

Bolas de fogo atingem o monstro inrritando-o, só que não vêm de Astro, viro-me na direção de onde o fogo veio e vejo Chad sorrindo para mim com suas mãos flamejantes.
Nesse meio tempo o dragão se desinteressou por nós e voou até Jade e Hisy.
Ele avança tão rápido até as duas que Chad e eu não temos a chance de reagir, mas Jade reage.
A Princesa ergue as mãos e delas saem algo parecido com raios de cor arroxeada, o dragão selvagem é atingido na barriga, e uivando de dor, ele se afasta de nós na direção dos montes.

Fico parada um instante tentando assimilar o que acabou de acontecer.
Que poder é esse?
Como uma filha de Focus pode manipular raios?

Filha Do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora