🌻 Lisie 🌻

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O mundo não lhe fez promessas.

Provérbio africano

Ouço batidas na porta do meu quarto

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Ouço batidas na porta do meu quarto.

— DEIXE-ME!

Grito. Desde a minha discussão com meu pai não saí do meus apontamentos. Não tenho interesse algum em receber visitas.

— Sou eu, filha!— ouço a voz abafada da minha mãe.

— Entre.— digo sem emoção alguma na voz.

Mamãe atravessa o quarto e senta do meu lado na cama.
Ela acaricia meu emaranhado de cabelos.
—Faz dois dias que não sai. Aïcha disse que não está se alimentando direito.

Encaro o teto.
— Não sinto prazer em viver.

E realmente não sinto, sabendo a vida sem escolhas que terei. Meu destino está traçado, então a única coisa que farei agora é vegetar.

— Lisie, não seja tão dramática, não é o fim do mundo.

– É sim! O fim do meu mundo! Como meu pai foi fazer isso comigo mãe? Até um tomateiro tem  uma vida mais interessante que a minha!

Minha mãe se mexe na cama.
— É para seu bem e o bem do reino. Se casar com o herdeiro de Trivena só nos trás vantagens.

Ergo minha cabeça para encará-la.
—Vantagens? Então é isto que eu sou, um tratado político? Algum tipo de barganha ou moeda de troca?

— Não querida! Não pense assim...

– Então como pensarei, mãe? Se é que me é permitido pensar de hoje em diante. Me diga, por favor, porquê não consigo presumir outra coisa, senão, infortúnio. O único pensamento que me ocorre é o de injustiça. Como pode alguém matar a liberdade do outro, assim?

Minha mãe me lança um olhar repreenssivo.
—  Não pode pensar por esse ângulo. Não existe só o lado negativo neste acordo.

—Mas apenas vejo esse lado. Eu quero ser rainha de Salin com o rei que amo do lado.

— Não se pode ser livre pra escolher o que quiser, existem restrições. Essa é a ordem do universo, da vida.

Sento-me ereta
– Só que existe um outro universo em mim, aqui dentro. E só eu posso senti-lo, ninguém mais, por isso eu tenho que fazer minhas escolhas.

— Já foi decidido! Nós viajaremos para Trivena em alguns dias e depois do Festival dos Dragões será o casamento.

Ouvindo minha mãe falar assim do meu futuro, como algo irredutível, uma revolta nasce em meu peito. Minha vida não pode ser assim, simplesmente recuso-me a aceitar essa sina. Um ânimo desperta meu espírito e levanto-me da cama.
— Quando sair, mãe, peça para Aïcha vim até mim, preparar meu banho.

Filha Do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora