136. Afecto

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Antes

  Roberto deu carona para mim e Alfonso, está chovendo e nesses dias, geralmente, vamos com ele. Roberto dirige um caminhão de frutas, são as melhores da redondeza e quando vamos para casa com ele, eu e Poncho temos que dividir o banco da frente - para minha felicidade - ficamos bem apertadinhos, gosto quando Alfonso me abraça de lado - a maioria das vezes ele o faz e, uau, além das carícias e que carícias.

  Tenho percebido, muitas vezes quando minha conexão com Herrera está forte e passamos por momentos, de certa forma, românticos, Roberto sempre faz o maior caminho, o mais longo, com trânsitos, onde sabe que o movimento das frutas é o maior. Fico tão agradecida, poder prolongar esses preciosos momentos é...não sei como dizer, a melhor palavra que define é 'maravilhoso', simplesmente uma preciosidade poder passar seja minutos ou até mesmo horas, passar esse momento com ele fazendo carinho em meu cabelo e me abraçando de forma graciosa, vira e mexe deita sua cabeça em meu ombro e eu aconchego a minha.

— Ei, dormiu acordada? - ele sorri e eu pisco várias vezes.

— Acho que sim - coço o nariz.

— Vou ter que parar por um tempo - Roberto estaciona o caminho em uma via - Movimento, ficaremos aqui por uns cinco ou dez minutos, tudo bem? - balançamos a cabeça e vejo ele descer.

  Literalmente, cinco minutos ou até mesmo dez, quem sabe mais? Sozinha com Alfonso Herrera, Deus é prova de tudo que acontecerá aqui e Deus é prova que mesmo não acontecendo nada, os sentimentos, o verdadeiro amor não será em vão, fajuto ou fraco, é real.

— Roberto vai se molhar todo - gargalho com ele - Trouxa - ele resmunga e eu gargalho mais ainda.

  Encosto na porta e fico encarando seu perfil, o formato do seu cabelo, seu nariz, os olhos delicados e a boca carnuda, Belinda é uma mulher de sorte...

— E Belinda? - resmungo e vejo seu olhar encontrar-se com o meu - Com-o vocês estão? - gaguejo um pouco e falo meio baixo.

— Anahí, você sabe que não existe um "a gente" - faz aspas com os dedos ao pronunciar a última parte - Mas ela está bem.

  "Não existe um a gente"? Faça mil favores, eu sei, todos sabem, você morre de amores por ela e a trouxa aqui? Apenas iludida por você...

— Enfim, e Maitê?

— Está adorando a faculdade - Alfonso começa a brincar com minha mão e no final da sua brincadeirinha segura delicadamente.

  Nossos momentos são assim, não temos algum assunto em específico, passamos boa parte realizando carinho um no outro.

AU - Tu Amor, I Will Always Be (AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora