Uma lembrança dolorosa

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**Flashback**

Eu estava no balanço do parquinho, já havia escurecido, eu sempre gostei de observar as estrelas, e eu amava aquele lugar, era o meu lugar “secreto”, ninguém sabia onde eu estava, ninguém me encontraria, mas nessa noite o meu pai me encontrou, ele se sentou do meu lado e disse:

— Você deixou sua mãe e eu preocupados.

— Como você me achou?

— Sempre que você e sua mãe brigavam você saia de casa de cara feia e não aparecia por horas, um dia eu resolvi ir atrás de você, e você estava aqui, sentada nesse mesmo balanço.

— Por que não veio falar comigo antes?

— Resolvi fazer como você, apenas aproveitei em silêncio enquanto observava as estrelas.

**Fim do flashback**

Não lembro quantos anos eu tinha na época, mas um tempo depois meu pai morreu, e eu nunca mais fiz isso, sentar e observar as estrelas… pelo menos até… a noite em que Will e eu nos beijamos. Acho que estava tentando evitar lembrar dele, porquê doi não ter ele aqui comigo, eu falo sobre meu pai desde o funeral. Mas eu não posso esquecer, eu quero lembrar, lembrar do meu pai, eu preciso do meu pai. Comecei a chorar no carro.

— Morgui você ta bem? Ta machucada? O que foi? Pergunta Ben preocupado.

— Me leva de volta pra casa Benjamin! Digo em meio as lágrimas.

— Você não quer ir pra um hospital? O que você tem?

— Agora Benjamin!!!

Ele da meia volta e me traz pra casa, eu corri pro meu quarto e procurei a foto do meu pai que guardava em uma caixa no guarda-roupa, abracei a fotografia como se fosse a última coisa que eu tinha dele, e eu chorei, me derramei em lágrimas ali mesmo no chão do meu quarto. Acho que chorei por horas, nem percebi que tinha deixado a porta aberta e minha mãe estava lá na porta completamente paralisada, ela nunca tinha me visto chorar, nem mesmo quando meu pai morreu, eu tinha que ser forte, eu tinha que ajudar ela, mas agora… eu não consigo suportar, não aguento mais guardar tudo isso. Ela veio pra perto e me abraçou forte.

— Por que tinha que ser ele mãe? Por que o meu pai? Eu quero ele mamãe, eu quero vê-lo. Disse soluçando.

— Eu sei querida, eu sei. Disse ela me abraçando mais forte.

Acho que nunca tinha ido ver o túmulo do meu pai depois do funeral, mas naquele tarde Ben dirigiu 3 horas só pra que eu levasse flores pro túmulo do meu pai. Ben ficou esperando em um banco, ele disse que esse momento deveria ser particular, me aproximei do túmulo e deixei as flores.

— Oi papai, quanto tempo né? Faz um bom tempo que não venho aqui — Me sentei no gramado — Queria saber como você está, acho que deve estar bravo por eu ter faltado aula não é? Mas não se preocupe sua filha está se esforçado muito para tirar boas notas, não que eu seja o exemplo da turma, eu realmente não nasci pra ser a inteligênte da família como você achava, minha vida virou de cabeça pra baixo sabia disso?…

Falei sem parar, não sei por quanto tempo quando terminei eu chorei e me despedi do meu pai mais uma vez, mas antes de ir pra casa faltava mais uma coisa. Ben me levou até a pracinha da minha antiga cidade, me sentei no balanço, olhei pro lado, onde meu pai tinha sentado naquela noite, estava doendo…. Estava insuportável, então eu gritei de raiva e cai de joelhos no chão e chorei, Ben veio correndo e me abraçou forte.

— Você está bem? Perguntou ele.

— Não, mas vou ficar. Disse

— Tem certeza.

— Tenho — Dei um sorriso pra acalma-lo — Vamos pra casa ok?

— Tudo bem.

Fomos para o carro, eu dormi o caminho todo de volta pra casa, estava exausta e meus olhos estavam ardendo, chegamos em casa por volta das 23 horas.

— Oi filha, como você está? Está melhor? Perguntou minha mãe assim que entrei em casa.

— Estou bem mãe, só presivo respirar um pouco, posso sair um pouco?

— Já são 23 horas Morgana — Ela olha pra mim e respira fundo — Tudo bem, tente não chegar tarde ok?

— Ta bem.

Não é muito difícil imaginar pra onde eu queria ir, fui até a pracinha me sentei no balanço e observei as estrelas, o céu estava sem nuvens, as estrelas estavam mais brilhantes e isso me fez lembrar do livro do Pequeno Príncipe que meu pai lia pra mim, a parte em que o pequeno príncipe diz “À noite, tu olharás as estrelas. Aquela onde moro é muito pequena para que eu possa te mostrar. É melhor assim. Minha estrela será para ti qualquer uma das estrelas. Assim, gostaria de olhar todas elas… Serão todas suas amigas. E, também, eu lhe darei um presente…” “Quando olhares o céu à noite eu estarei habitante uma delas, e de lá estarei rindo; então será, para ti, como se todas as estrelas rissem! Dessa forma, tu, e somente tu, terás estrelas que sabem rir.”. E nesse momento eu sorri, por que sentia que meu pai estava sorrindo pra mim, junto com as estrelas, aquilo fez que eu me sentisse muito melhor, era como se de alguma forma ele estivesse comigo.

— Morgana? Tomei um pequeno susto com uma voz conhecida me chamando.

— Oi Will, o que faz aqui? Pergunto

— Resolvi dar uma volta e você? Por que sumiu o dia todo? Te liguei e mandei varias mensagens, fiquei preocupado, acho que deixei uns 10 recados, fui na sua casa sua mãe disse que você estava ocupada.

— Não estava me sentindo bem para ir à escola. Disse

— Você ta bem? Perguntou ele e meus olhos se encheram de lágrimas.

— Não, mas estou melhor.

— Quer conversar?

— Não acho que já conversei demais por hoje… só… me abraça.

E foi o que ele fez, me abraçou como se eu fosse escapar se ele deixasse, acho que ele também teve um dia ruim, é incrível como a sua vida pode mudar em segundos e o seu dia pode ficar ruim do nada, hoje o dia começou tão lindo e alegre, mas acho que aconteceu o que tinha que acontecer, como diz o ditado… dias melhores estão por vir. Will me acompanhou até em casa como de costume.

— Você vai ficar bem? Perguntou ele.

— Vou sim e você? Notei que tem algo te chateado. Disse

— Não se preocupe, vou sobreviver, acho que só precisava esfriar a cabeça.

— Tudo bem, acho que vou entrar agora, foi um dia longo e cansativo.

— Eu concordo.

Ele se aproximou do meu rosto e beijou suavemente os meus lábios, depois me olhou nos olhos e disse;

— Eu preciso de você.

E me abraçou forte, achei que ele não fosse me soltar nunca mais. Mas enfim ele me soltou me senti um pouco desnorteada, não sei se pelo abraço ou pelo o que ele disse antes.

— Você precisa entrar agora e descansar, já está tarde a gente se fala amanhã na escola. Diz ele.

— Ta bem, obrigada por ficar ao meu lado.

— Eu é que agradeço.

— Boa noite.

— Boa noite.

**Todos nós já perdemos alguém, o sentimento de perder alguém que amamos é horrível, mas no fim só nos resta a saudade, o que acharam do capítulo? Estão gostando do livro? Comentem, votem, compartilhem e me sigam, bjs da Juuh**

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