05 • Beleza em descendência

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Era sábado de manhã e eu já precisava ir às compras. Mercado? Não. Padaria? Não.

Floricultura.

Na semana passada abriu uma aqui no final da rua e minha avó ficou horas e horas falando sobre como sempre quis plantar margaridas no jardim — e eu tenho certeza que esse sempre não passa de um consumismo desde que ela pôs os olhos na loja sendo inaugurada.

Mas fazer o que, né? Aqui estou eu, em pleno sol das dez da manhã, com o som saindo dos fones de ouvido pela esperança falha de que a música me distraia do calor — porém minha pele não quer obedecer já que o suor me banha como cascata.

Malditas margaridas.

Depois de duas canções eu cheguei ao lugar, pondo o celular no bolso e tirando os fones do ouvido pude escutar o ressoar de um sino tocando quando abri a porta e meu próprio murmúrio sonolento de um "Com licença".

O perfume — ou melhor, os perfumes — da loja me preencheram as narinas e perfuraram o pulmão com as mais variadas fragrâncias, desde o cheiro de terra molhada até essência de alguma flor que não saberia dizer com precisão — mas era incrivelmente bom.

O lugar era de tamanho médio, eu sabia, mas parecia menor com a quantidade quase absurda de flores, árvores, vasos e adornos para jardim que o lugar distribuía da forma mais organizada que conseguia.

E eu realmente ressenti não poder ver a diversidade de cores que aquele lugar possuía, tantas espécies únicas e de traços tão graciosos diminuídas pela cor opaca que eu lhes dava.

Eu pude escutar passos pelo chão de madeira e as curvas de uma figura que saia da porta aos fundos — provavelmente o depósito.

Ainda sem me virar ouvi a voz feminina perguntar um educado e feliz "Bom dia, posso ajudar?" e, agora assustado, virei-me por reconhecer aquele timbre fino.

— O que procura, Takashi? — indagou novamente, agora conseguindo ver seu rosto levemente inclinado e o sorriso aberto.

Que todas as flores do lugar me perdoem, mas a mais bela acabou de chegar.

E mais colorida de todas.

— Você não disse que trabalhava — comento me aproximando.

Ela da de ombros e alisa o avental que a cobria.

— E não trabalho — diz. — Minha mãe é a dona da loja, e eu só ajudo às vezes quando ela está ocupada, sabe, aqui é bem pequeno então não precisamos contratar alguém — explica e confirmo com a cabeça para mostrar que entendi. — Enfim, hoje sou eu quem vai lhe atender, então do que precisa?

cαвєlσѕ αrcσ-íríѕOnde histórias criam vida. Descubra agora