09 • Um pouco sobre seu interior

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A faxina de sexta-feira da minha avó fazia com quem a casa ficasse um péssimo ambiente para se estudar — pior que o som estridente do aspirador de pó doente eram suas cantorias — E foi esse imprevisto que nos fez ter uma tarde de revisões para a prova na casa de Íris, só para constar eu ainda não havia visto mais do que a floricultura que ficava abaixo.

E, diga-se de passagem, eu estava vergonhosamente ansioso.

Seria um pouco mais fácil se Íris não fizesse questão de primeiro passar na loja para me apresentar a sua mãe.

Descobri no instante que a vi duas coisas: Primeira, minhas mãos podem ficar ensopadas de suor mesmo no ar-condicionado e, segundo, que a mais nova era incrivelmente parecida com a mais velha.

Os traços do nariz, boca, olhos, e até mesmo o sorriso, iguais, apenas que Íris era uma versão mais nova.

A Sra. Salles não pode nos dar muita atenção por estar com clientes, mas jurou que assim que fechasse a loja subiria para conversarmos melhor sobre o desempenho de sua filha na escola segundo a minha opinião — o que fez a colorida sair murmurando coisas sem nexo sobre ser uma inteligência superior incompreendida.

Por fim entramos na casa que ficava acima da loja, e esta não era muito grande, mesmo que a decoração compensasse sendo belíssima e tudo soasse aconchegante.

— Por aqui. — indicou nos guiando por um corredor que entendi dar até seu quarto.

Foi quando li a placa de madeira colocada na porta onde se podia ler a exclamação "Bem-vindo, quarto da Íris!" em letras diversas com flores rabiscadas e um arco-íris no topo. Sorri, porque aquilo era muito a cara dela.

Quando ela rodou a maçaneta percebi que finalmente descobriria como é seu quarto.

"Dizem que o quarto reflete o dono, então eu devo ser uma bagunça completa.", acabei lembrando de quando ela disse isso. Seria hora de ver se era mesmo verdade, afinal, o quanto dela própria as paredes, móveis e decoração podiam denunciar?

Ela entrou primeiro e, assim que adentrei, o mesmo perfume que emanava de sua pele pode ser sentido no quarto todo. O mesmo sabonete, as mesmas flores.

Mas, assim que minha visão se ajustou a luminosidade que vinha da janela, pude perceber o grande vazio que era o cômodo.

O guarda-roupa, o criado mudo, a escrivaninha, desde as paredes até o teto, era tudo da mesma cor.

Poderia ser apenas rosa, poderia ser apenas amarelo, eu não tinha como saber, mas pela igualdade de intensidade podia jurar que tudo ali possuía a mesma tonalidade fora o cobertor e travesseiros na cama e alguns ursos de pelúcia e livros empilhados nas estantes.

cαвєlσѕ αrcσ-íríѕOnde histórias criam vida. Descubra agora