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No calendário existia um círculo vermelho marcando o dia de hoje. 24 de dezembro.
Na véspera de natal costumávamos ir ao Show das Luzes, era um espetáculo com teatro, danças e até coral que acontecia todo ano no centro da cidade. Era realmente muito bonito, talvez uma das minhas tradições preferidas — e só de pensar que vou conseguir ver esse ano, com uma linda festa de cores, só me deixa ainda mais empolgado.
Já estava pronto e o relógio dizia que deveríamos nos apressar para pegarmos bons lugares. Não que fosse longe, mas meus avós realmente não faziam questão de se arrumarem com antecedência — a mesma coisa, todo ano, essa era outra tradição.
Mantinha meus olhos atentos por todas as decorações que o carro passava, pisca-piscas adornando lojas e casas, vidraças pintadas dizendo "Feliz natal!" e muito, muitos sinos.
Eu realmente gostava dessa data, as pessoas se permitiam dar uma pausa na correria e agradecer pelo ano, eu pelo menos tinha muito o que agradecer. Felizmente a noite estava agradável, sem o típico calor ou uma ameaça de chuva.
As pessoas sorriam e se abraçavam, namorados de mãos dadas e muitos bebês de colo. A praça estava tão iluminada que mal podíamos lembrar que era noite, sob nossos pés flocos de isopor imitavam neve — eu só pude desejar que ela fosse mesmo real.
Guirlandas e fitas espalhadas pelas árvores, e muitas pessoas faziam fila para tirar uma foto no trenó do Papai Noel.
Conseguimos um bom acento no meio, vovó não sabia se suspirava de emoção ou se repetia pela milésima vez "Esse ano passou voando". Quando o ponteiro chegou ao oito o espetáculo começou, as cortinas pesadas subiram e uma explosão de dançarinos se apoderou do palco.
Era tudo tão... Bonito.
Todas aquelas pessoas sincronizadas, bem vestidas e felizes — nem parecia que estavam trabalhando na véspera de natal, mas quem sabe elas não viam isso como trabalho de qualquer forma. Porque elas transpiravam arte, então deve ser o mesmo que dizer "Que incrível, você é pago para viver!".
Quando o intervalo foi anunciado toda a multidão se dissipou, alguns foram comer, outros ter sua vez no trenó. E eu recebi uma vibração no celular, uma nova mensagem, era de Íris e dizia "Olhe pra trás".
Quando o fiz por instinto a percebi sentada três fileiras atrás acenando, sorri e a retribuí. Ela deu a volta e veio correndo em minha direção, pulando em meu pescoço.
— Feliz véspera de natal!
Talvez tenha me faltado um pouco de ar.
— Eu quero chegar respirando no Natal, Íris — brinco e a vejo afrouxar os braços — Feliz véspera de Natal.
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cαвєlσѕ αrcσ-íríѕ
Teen FictionᏗᏰᏒᎧ os olhos e mais uma vez o céu está cinza, mas não é que esteja chovendo. Já faz alguns anos que todo o meu mundo é pintado apenas por cores neutras. Preto, branco e cinza. O círculo monocromático mais depressivo que você poderia enxergar. Tento...