08 • Vida transbordando em fotografia

27 5 3
                                    

· · • • • ✤ • • • · ·

· · • • • ✤ • • • · ·

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

· · • • • ✤ • • • · ·

O som das folhas secas sob meus pés junto dos sons do vento era a cantiga daquela manhã.

O outono resolvia dar as caras para a felicidade dos apreciadores das estações mais gélidas — e, aquela altura, eu já sabia que uma certa colorida não gostaria nada disso, mesmo que ela tenha essa incrível habilidade de ver felicidade em tudo.

Naquela manhã a professora de artes me pediu um minuto de conversa, e eu já sabia sobre o que era.

Minha incrível irresponsabilidade de não ter entregado o trabalho de pintura até agora — quase um mês e meio já tendo passado desde que a tarefa fora dada — Sim, eu estava bem encurralado.

— Takashi — começou. — Eu sou sua professora há quanto tempo?

Eu realmente gostava da sala de artes, mas agora, eu só queria sair correndo dali.

— Incontáveis anos.

Ela sorriu, vendo um escape de diversão.

— É — falou assentindo — Por isso eu não estou entendendo o que tem acontecido com você. Nas minhas aulas você parece não prestar atenção, atrasa a maioria dos trabalhos, inclusive aquele sobre pintura você ainda não me entregou. — minha visão era a de meus tênis, não conseguia encará-la — Você sempre foi um ótimo aluno, e isso me preocupa. Na verdade, conversei com os seus outros professores e eles não reclamaram de nada, o que me faz pensar que o problema é a minha aula. — finalmente mirei-a — O que você não gosta, Takashi?

— Me desculpe, professora, eu prometo que vou melhorar a partir de agora — jurei.

— Eu não pedi desculpas, Takashi, e sim uma explicação — seu tom era firme, mesmo que não fosse severo.

Inspiro e levo alguns segundos para falar alguma coisa. Não sabia o que poderia dizer.

— Eu tenho alguns problemas pessoais que envolvem a sua matéria, professora. — faço meu melhor — Não sei se a senhora se lembra, mas a minha mãe faleceu há um pouco mais de seis anos, e ela era pintora — vejo minhas mãos agarrarem o tecido da calça no joelho — Sei que eu já deveria ter superado, mas ultimamente tem ficado mais difícil... — e estava mesmo, parecia que a cada dia um novo fardo era somado sobre minhas costas. A dor só ia ficando mais e mais sufocante, porque sempre que eu abria os olhos e via a falta da beleza do mundo, uma beleza que ela me ensinou a admirar, isso só me lembrava diariamente que eu nunca mais a teria comigo, e que junto dela morreu todo o meu círculo monocromático.

Escuto a professora suspirar.

— Takashi, eu não posso dizer que entendo exatamente como você se sente, porque mesmo também tendo perdido minha mãe quando era muito nova as pessoas sentem as coisas de maneiras diferentes. — eu a olhava no fundo das íris e podia me ver refletido ali, muito mais do que só espelhado — E eu entendo que a minha matéria deve lhe trazer recordações tristes, mas tente se lembrar das felizes. — eu tento professora, juro que tento — Você já me contou que aprendeu a pintar com ela, e eu podia ver seus olhos brilhando quando tocava a tinta e os pinceis, que amava quadros por você mesmo. E eu tenho certeza que ela não gostaria de te ver abandonar algo que ama tanto por causa dela — confirmei vagamente — Então vamos fazer assim, por agora você vai me fazer um trabalho escrito à mão sobre as diferenças da pintura em várias épocas, e com as suas palavras, viu? — assenti — Mas este novo trabalho que estamos iniciando eu quero que seja entregue em dia e que você dê o seu melhor, caso contrario eu vou precisar tomar medidas mais drásticas e conversar com seus avós, ok? — assenti novamente.

cαвєlσѕ αrcσ-íríѕOnde histórias criam vida. Descubra agora