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Naquele dia Íris me mandou uma mensagem incomum, em um horário aleatório e com seu tom dramático rotineiro. Como sempre. Mas tudo naquela vez estava mais amplificado.
Simplesmente pude obedecer sua ordem e ir até sua casa — onde agradeço todos os dias por não levar mais do que sete minutos de distância — Passo primeiro na floricultura e aceno para sua mãe, que sempre me recebe como se eu já fosse da casa — bom, aquela altura eu já era mesmo —, me disse para subir e que Íris esperava no quarto.
Já conhecia a rota então subi sem problemas. Porém, quando reparei em todos os móveis do seu quarto espalhados pela sala e cozinha um calafrio me subiu a espinha e só consegui pensar que me aproximava de um problema, abri a porta de seu quarto esperando ser recebido com o mesmo aroma de antes, aquele que parecia uma extensão do seu corpo, mas o que me chegou às narinas era um cheiro entorpecente de tinta.
— Boa tarde, Ta-ka-shi! — falou alegremente entre pulinhos até chegar à porta, onde eu permanecia estático, e me entregou um pincel.
Segurei o objeto a mirando dos pés a cabeça, com roupas de algodão largas e nem tão novas, o cabelo preso em um coque que já ameaçava cair e pequenos respingos de tinta por seu braço. Então senti o que estava sob meus pés: Jornal. Por todo o chão.
Seu quarto realmente ficava grande sem os móveis e as extremidades de madeiras estavam envoltas por fita assim como os suportes de estantes em uma das paredes.
Olhei para baixo e contei sete potes de tinta abertos e cheios.
Comecei a ligar os pontos e ficar com medo.
— Vamos pintar o meu quarto!
— Ieee — digo tentando imitar sua animação. — Decidiu assim do nada?
— Você sabe que quero pintar logo isso desde que me mudei, só decidi deixar a preguiça de lado — fala dando de ombros.
— Íris, a última coisa que você sentiria nessa vida é preguiça — ela ri com meu comentário, sabia o quão energética e hiperativa era. — Por acaso isso tem a ver com o que conversamos ontem? Porque não quero que você se obrigue a mudar seu quarto por mim ou fazer qualquer coisa que...
Sinto algo gelado tocar meu rosto e percebo seu dedo passeando da minha bochecha esquerda para a direita, traçando uma linha com a tinta.
— Índio Taka — termina observando sua criação — Eu não estou me obrigando a nada, ok? E você também não precisa se sentir pressionado a conseguir ver alguma coisa hoje. Só... Relaxa, e curte, tá bom? Somos só dois amigos pintando um quarto e — ela aperta o play em uma caixinha de som que estava no canto do quarto, a música alta e alegre chega até nossos ouvidos — se divertindo.
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cαвєlσѕ αrcσ-íríѕ
Ficção AdolescenteᏗᏰᏒᎧ os olhos e mais uma vez o céu está cinza, mas não é que esteja chovendo. Já faz alguns anos que todo o meu mundo é pintado apenas por cores neutras. Preto, branco e cinza. O círculo monocromático mais depressivo que você poderia enxergar. Tento...