Estava eu, na minha cama, dormindo completamente feito uma pedra quando sinto algo gelado encima de mim. No começo era algo agradável, até se tornar algo quase insuportável. Quando eu finalmente acordo, vejo o pestinha do meu irmão com um balde vazio nas mãos. Eu não podia estar vendo o que estou vendo, o filho de uma mãe chegou de viagem e já chegou me dando um banho de água fria. Eu gritei e ele saiu correndo para a sala, com certeza para perto da nossa mãe.
— Yuuuuriiiiii. – gritei – Eu te mato seu peste.
Levantei da cama correndo como uma lebre desesperada, quando chego na sala de estar, o garoto esta em pé, sobre o tapete, sem pensar duas vezes me jogo sobre ele, caímos os dois no chão, rolando para lá e para cá. Até que paro sobre ele.
— Que saudades de você sua peste. – falo abraçando meu irmãozinho, o meu bebezinho.
Bom, ele não é tão bebezinho assim. O Yuri tem 14 anos, ou seria 15? Bom, uma das duas. Ele passou dois anos morando com o papai na Austrália e tinha voltado para o Brasil porque nosso pai tinha falecido num acidente de trabalho a duas semanas atrás. E agora estava ele, ali, juntinho a mim.
— Dá pra sair de cima de mim, Pietro. – falou ele sorridente – Os vizinhos vão achar que isso é incesto.
— Que pensem, quero mais que eles se fodam.
— Tá, mas eu sou seu irmão e não seu namorado.
Por mais que eu gostasse dele e quisesse ficar o dia inteirinho abraçado com ele, eu tinha que deixar ele solto, por que além do mais ele não é meu namorado. E eu teria que me arrumar para ir para a escola.
Escola.
Palavra que me dar arrepios. Só de imaginar que hoje se inicia mais um semestre e que talvez entre só algumas pessoas novas, isso me enoja. Posso parecer um pouco esnobe, mas as circunstâncias me tornaram assim. Desde pequeno aprendi a conviver sozinho, eu com os meus segredos. Agora tenho 16 anos e pra ser sincero não confio mais em ninguém, já fui traído por vários amigos, tanto que decidi não ser mais amigo de nenhuma pessoa que chegue para mim e me chame de amigo, mesmo convivendo muito tempos junto.
Minha mãe sempre desconfiou do fato de eu ser um garoto solitário, mas acontece que ela nunca soube do que eu descobrir sobre eu mesmo a dois anos atrás, em uma noite no meu quarto quando eu quase quebrei tudo que tinha dentro dele. Foi então que eu me isolei, para não machucar ninguém, pois acho que sou uma aberração total. Por não querer machucar ninguém que eu não tenho mais amigos, dei um jeito de afastar os meus melhores amigos que já tive. A Beatriz é a minha melhor amiga, ou era, na verdade foi como uma irmã, sempre, porem tive que afasta-la de mim. Menti para poder fazer ela sentir raiva e ódio de mim, sem falar no Daniel, minha paixão de infância. Isso mesmo, paixão. As vezes acho que isso é uma fase minha, mas que fase duradoura né. Desde os meus 12 anos sou apaixonado por esse garoto. Ou era, porque agora só os vejo como simples colegas. Beatriz e Daniel, que falta vocês me fazem. Eu já namorei, mas nunca transei, nunca fiz nada nessa p*** de vida. Por medo de magoar as pessoas com minha maldição, ou dom. ainda não descobrir. As vezes eu tento usar para o bem, mas as coisas sempre saem do meu controle e acabo quebrando varias coisas, e então eu desisto.
Logo depois de tomar o meu café da manha, eu e o Yuri saímos de casa. Eu ia para escola e o Yuri para casa de uns amigos dele que ele sempre teve aqui, na verdade nunca vi esses amigos, mas o fato dele nunca ter se encrencado por causa deles, me diziam que eram boas pessoas. O Yuri é o irmão dos sonhos de qualquer adolescente problemático, o certinho da família, o que sempre queria o bem de todos, e espero que ele continue sempre assim.
Não demorou muito e logo eu cheguei na escola, porem, logo na estrada estavam o Daniel e a Bea. Acho que eles estavam se preparando para a vingança, por tudo que eu fiz contra eles, e agora eu iria pagar seriamente por isso. Meu coração acelerou, eu dei meia volta.
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Amor Selvagem: Guerra dos Clãs - Volume I
WerewolfPietro é um garoto com um senso de humor um pouco alto, em comparação a tudo que ele viveu, é de se estranhar o humor dele em certas situações. Mas as coisas começaram a mudar depois que ele descobriu não pertencer a raça humana comum, mas sim que e...