Parabéns - Capitulo XIX

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Depois de ficarmos ali, conversando sobre o fato de nós nunca fossemos poder ter filhos, eu e o Maicon saímos em direção a nossa casa. Sim. Nossa casa, por mais que ele não seja da nossa família. Oficialmente, ele para mim já era sim. Eu sempre o teria. Por longos tempos. E ele sempre estaria comigo. Não teria nada que pudesse nos separar. Nem mesmo a morte. Porque, será lá pra onde for que a gente vá depois do final, nós ainda continuaremos juntos, isso eu posso dizer que sim.

— Até parece que tudo sempre será tão calmo assim. – eu falei enquanto andávamos.

— Do que você esta falando? – ele perguntou.

— Quando o Jossi ficar sabendo que eu não morri, ele virá atrás de mim novamente.

— Eu não deixarei ele te ferir, nem que eu precise matá-lo, eu farei, eu pararei ele. – ele falou beijando minha testa.

— O que você sentiu quando viu que eu estava morto? Quer dizer, quando eu estava morrendo? – eu perguntei curioso.

— Não sei explicar, amor. Foi algo muito ruim de sentir. Como se meu coração fosse parar, como se meus pulmões não achasse ar suficiente para eu respirar. Tanto que teve um momento que o lobo dentro de mim se manifestou e quase atacou o Gabriel por estar segurando você, momentos antes dele te trazer de volta.

— Pelo jeito ele me ama também. – eu falei convencido.

— Tenho certeza que não mais do que eu. – ele falou me beijando.

— Ai. -  Eu sentir uma pontada enorme em minha barriga.

Cair no chão e ele me abraçou e me puxou de repente para o abraço dele. A dor era insuportável, parecia que algo vinha resgando toda a minha barriga pela parte de dentro. Como se tinha colocado algo dentro de mim que estava rasgando todo o meu tecido muscular. Eu sentia mexer por dentro.

— Minha barriga.

Ele colocou a mão nela, pouco abaixo do meu umbigo e não sentiu nada, para mim parecia conter algo dentro. Ele me colocou no colo dele e começou a andar comigo. Ele foi me carregando até estar perto de casa.

— Amor, pode me por no chão. – falei já sem dor alguma – Dever ser algum efeito colateral de ter voltado dos mortos.

— Fiquei preocupado, sua cara era de uma completa agonia. – falou ele me abraçando.

— Para, foi só uma dorzinha boba. – eu falei.

— Não era isso que seus olhos diziam. – ele falou.

— Tá, digamos que eu exagerei no meu teatro e aproveitei para que você me carregasse no colo.

Falei e sair correndo rindo com ele atrás de mim. Entrei pela porta dos fundos e fechei a porta para que ele não me alcançasse, quando chego na sala ele desce as escadas e me abraça fazendo nós dois cair no chão.

— Já falei que janela não vale. – falei protestando.

Foi então que percebi que todos estavam na sala, nos olhando. Foi vergonhoso ele sobre mim e todos olhando para nossa cara. Todos com olhares maliciosamente. Estavam ali, a Amanda, o Henry, o Daniel, a Bea, o Yuri e minha mãe.

— Ops. – falei.

— Que fofo vocês dois. – falou minha mãe com cara maliciosa,

— Melhor parar Srtª Fernanda. – falei enquanto o Maicon saia de cima de mim.

— Então filho – minha mãe começou a falar – O que você pretende fazer para trazer a humanidade do Yuri de volta?

Eu sentei no sofá ao lado de todos e o Maicon fez o mesmo, sentou no sofá que ficava de frente para mim. E então eu comecei a explicar de acordo com o que o feitiço dizia.

— Eu não sei se tenho poder suficiente, sozinho não. – falei.

— Por isso que eu estou aqui? – falou a Amanda.

— Sim, por isso mesmo. – falei.

— Mas explique o que teremos que fazer. – falou a Bea.

— Detalhe por detalhe. – falou o Henry.

— Será da seguinte forma. – comecei a explicar – Com a ajuda da magia da Amanda e do Henry, se ele quiser participar, eu começarei o feitiço, depois que o feitiço estiver quase concluído o Yuri terá que tentar uma transformação entre o humano e o lobo, digamos que uma semi-transformação, é ai então que o sangue da Bea entra. Por tratar de um ser sobrenatural e ela também, na verdade o sangue dela é curativo, e o feitiço vai elevar esse nível de curativo, capaz de curar o Yuri da maldição do lobo. Por ele ainda estar em fase de desenvolvimento essa maldição será quebrada. Mas tem um perigo, pode dar certo, mas pode ser que falhe, porque depois que ele beber o sangue da Bea, a transformação será completa. É ai que entra nós, os garotos, teremos que certificar que o lobo do Yuri não morderá ninguém enquanto estiver transformado. Termos que o acorrentar, por isso teremos que fazer o feitiço na floresta. A transformação dura em media 2 horas. Então teremos que o vigiar durante essas 2 horas, se ele não morder ninguém, por estar em completo domínio do lobo, depois que ele voltar a ser humano, o lobo irá de vez e nunca mais voltará.

— E se eu morder alguém? – perguntou ele.

— A maldição atingira o auge da transformação e a partir desse dia você será igual ao Maicon, um lobo completo. – falei.

­— É um rosco que você quer correr? – perguntou nossa mãe.

— Pensando bem, não tenho nada a perder, não é? – ele falou.

—  Mas esse é aquele feitiço que deu origem a briga entre Lobos e Bruxas? – perguntou a Bea – Poderia tentar com o Maicon.

— Não – se manifestou a Amanda – Por mais que o Maicon seja um lobo ainda jovem, se ele tentar fazer esse feitiço, que não é aquele que deu origem a briga entre lobos e bruxas, o risco de dar errado é muito maior que a do Yuri se ele morder alguém.

— O que acontece se eu tentar esse feitiço e morder alguém? – perguntou Maicon.

— Seu lado humano desaparecerá. Para sempre. – Amanda concluiu.

O medo nos olhos do Maicon foi visível para todos.

— Por isso não irei tentar com ele. – falei – Eu encontrarei outro jeito de trazer ele para a forma humana definitiva. – falei.

— Eu confio em você. – falou ele me lançando um sorriso apaixonante.

— Volto já. Estou com sede. – falei.

Levantei-me e fui até a cozinha, peguei um pouco de suco de uva que tinha na geladeira e comecei a encher um copo. Era mais do que satisfatório saber que o Maicon confiava em mim completamente. Eu fico me imaginando se realmente ele morreria se eu morresse. Essa coisa de Soulmate é muito ao pé da letra quando dizem que um não vive sem o outro. Enquanto eu enchia o copo recebi mais uma pontada na barriga. Agora eu tinha certeza, acho que alguém estava praticando vodu contra eu. Só pode. Aquilo parecia agulha na minha barriga. Pelo menos essa foi lenta e já passou. Peguei o copo com suco e fui ate a sala, me encostei-me à quina da porta e fiquei olhando todos conversarem empolgados com o feitiço. Eu tinha certeza que o Yuri não morderia alguém. Por isso já estava dando como solucionado aquela situação.

Foi então que de repente a dor veio mais forte do que eu esperava e o copo caiu da minha mão se estilhaçando no chão, derramando metade do suco que eu tinha deixado depois que bebi. Todos olharam para mim enquanto eu colocava a mão na barriga e gritava de dor.

— Acho que alguém esta praticando vodu contra mim. – falei.

Minha mãe me olhou, franziu a testa e depois relaxou a expressão novamente. Maicon deu um pulo e logo estava ao meu lado.

— É aquela dor novamente? – perguntou ele.

Eu apenas assenti.

— Calma, não se preocupe, isso logo passa. – falou minha mãe passando a mão pelos cabelos.

— Como você sabe mãe? – perguntei para ela.

— Sentir as mesmas coisas quando fiquei gravida pela primeira vez.

— O QUÊ? – eu e o Maicon gritamos juntos.

Amor Selvagem: Guerra dos Clãs - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora