Entre a Vida e a Morte - Capitulo XII

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Eu nunca parei pra pensar em como morrer. Ou em como eu morreria. Só tinha na mente que deveria ser como um herói, ou quase isso. Tentei ir atrás da minha mãe, mas estraguei tudo, tudo mesmo. Sou um bruxo fajuto, mas convenhamos que as circunstâncias fossem muito mais prejudiciais do que eu esperava que fosse. Eram 4 lobos contra um bruxo inexperiente. Acho que meu erro foi ter feito todos dormirem. Poderia ter deixado o Mike ou o Henry acordado, um deles poderia me salvar.

A mordida foi dolorosa. Sentir as presas do lobo adentrando o meu pescoço e indo o mais fundo que pudesse. Era o começo do meu fim. Sentir a saliva dele entrando na minha carne, queimando como acido em uma placa de ferro. Eu estava entrando em agonia. Gritei, mas pareceu um sussurro. Eu não conseguia nem mais abrir a boca.

Ele soltou o meu pescoço, mas em seguida mordeu o outro lado. Sentir minha visão embranquecer, meu corpo amolecer, não sentia mais nada além de dor e arrependimento. Sim, arrependimento de não ter dito ao Maicon uma ultima vez um "eu te amo". De não ter olhado no fundo dos olhos do Yuri e dizer "cuida bem da mamãe", ou poder olhar para minha mãe e dizer, "sempre será minha heroína". Iria morrer sem ao menos vê-los pela ultima vez. Mas eu aceitava isso, eu fiz minha escolha, por mais errada que fosse. Quando pensei que seria meu ultimo suspiro, sentir os lobos que estavam me segurando, me soltaram. Saíram voando para tudo que era lugar. Vi uma flecha azul penetrar as costas do Jossi e ele se contorcer em dor. Cair no chão sem forças e em seguida vi os lobos que me seguravam tentando correr, dois conseguiram, mas um não teve muita sorte. Vi o corpo dele ser suspenso no ar, e em seguida  alguém recitar:

"Pasamayo incendios"

Vi o corpo do lobo pegando fogo, carbonizou ali mesmo na minha frente. Meu corpo ardia inteiro, eu não sabia o que estava acontecendo comigo, tudo ardia e doía, o sangue não saia com muito volume, algo impedia, enquanto o sangue tentava sair pelos ferimentos das mordidas algo tentava adentrar o meu corpo e essa batalha de substancias me fazia gemer e contorcer cada vez mais.

— Quem é você? – o lobo (Jossi) falou ainda transformado.

— O Seu maior pesadelo. – Henry falou.

Sacudiu a mão, mas antes do feitiço acontecer o Jossi conseguiu escapar e sair correndo entre a floresta. Eu já não conseguia me mover, a dor tomou conta do meu corpo, apenas estava ali, deitado no chão como se estivesse tranquilo e nada estivesse acontecendo ao meu corpo, porem não era verdade. Eu estava pouco a pouco, morrendo. Sabia disso.

— Temos que tirar o veneno do seu corpo. – falou Henry.

Ele sentou-se no chão e me puxou para ele, colocou-me no colo dele e começou a fazer carinho no meu cabelo.

— Aguenta firme.

— Eu não vou conseguir. – sussurrei.

Henry pegou a mochila que estava em suas costas e a abriu, de dentro dela retirou uma pena, grande e branca. Já era dia, o sol raiva lentamente no horizonte. Os primeiros raios de sol tocaram o meu corpo.

­— Male fieri, quod factum est. – falei revogando o feitiço que tinha lançado contra Maicon, Yuri e Mike. – Porque o feitiço não te atingiu? – perguntei para Henry.

— Historia longa. – ele olhou para a pena e falou com os olhos fechados – Lucas. Eu preciso de você.

— Quem é Lucas? – falei.

— Meu protetor, não demorara muito mais logo ele estará aqui. Isso estraga todo o meu plano e do Mike, mas sua vida esta em risco.

—O Gabriel vai saber? – perguntei preocupado.

— Sobre eu? – ele perguntou.

— Sim.

— Espero que não. – falou ele abaixando a cabeça – O mais importante e retirar o veneno do seu corpo.

— Que veneno?

— Quando um lobo morde um humano, ele esta fardado a se transformar em um, porem como você é uma soulmate o seu corpo rejeita, pois não podem existir soulmates da mesma espécies, Lobos. – explicou ele. – Mas o pior não é isso.

— O que?

— Como você e o Maicon já completaram a ligação, agora um não consegue mais viver sem o outro.

— Isso significa se eu morrer, ele também morre? – eu perguntei sem sentir mais o meu corpo.

— Sim.

— Pois então acho que já morri. Estou vendo coisas.

Falei para ele, pois tinha algo em pé atrás dele que não era desse mundo, algo que estava me transmitindo uma paz sem explicação.

— O que? – ele perguntou assustado.

— Um anjo – falei quase fechando os olhos.

Ele olhou para trás.

— Lucas. – ele falou.

— Henry? – o anjo falou assustado como se estivesse vendo um fantasma. Eu não consegui mais abrir a boca para falar mais nada. Estava morrendo, e não tinha como salvar o Maicon. Matei-o junto.

— Você precisa leva-lo para o Gabriel, ele me salvou uma vez, pode salvar o Pietro. – o Henry falou para o Lucas (anjo).

As asas dele eram brancas e brilhantes. Ótimo. Até na hora da morte descubro coisas no mundo que os seres humanos não sabem. Meu ultimo mês de vida foi assim. Descobri que meu irmão era um Lycan, minha mãe, meu namorado. Descobrir até que minha melhor amiga é uma espécie de vampira ou coisa assim, e agora segundos antes da minha morte descubro que anjos existem e são como se fosse humano. O que mais tenho que descobrir?

— Mas como você esta.... – o Lucas ia falando.

— Não me faça perguntas. Só prometa que vai leva-lo em segurança até o Gabriel, ele e o Mike. E não conte nada sobre mim para o Gabriel, o Mike te explica tudo. Você precisa salvar a vida dele.

Nesse momento ouvir passos e patadas no chão, tentei virar minha cabeça de lado, e ao longe pude ver, o Maicon e o Yuri transformados. E o Mike sobre o Maicon. Mas já era tarde demais eu não tinha mais forças. Fechei os olhos.

 "Maicon, te amei por mil anos e te amarei por mais mil" - falei em pensamento.

Eu morri.

Amor Selvagem: Guerra dos Clãs - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora