— Vocês precisam sair daqui agora. – falei para Dani e Bea.
Os dois subiram para o meu quarto e se trancaram lá.
— Caramba. Como isso dói. – Yuri choramingou indo para meu colo.
— Vem comigo? – falei puxando ele para meu colo – Os vizinhos não podem ver isso.
Sair carregando o Yuri até a parte de trás da nossa casa, sair pelo quintal e fui levando ele até o começo da floresta, para o lugar onde os xeretas dos vizinhos não pudessem vê-lo se transformando em um lobo, ou lobisomem, não sei como chamar isso. Vi vários filmes sobre essas coisas, Lycan, lobisomem, para mim eram as mesmas coisas e eu, até o momento, não sabia como lidar com isso. Eu estava a pronto de sair gritando como uma menininha louca. Mas eu não iria fazer isso. Iria ajudar meu irmão a passar por uma noite de mais dor. Acho que um dia o corpo dele acostumaria com a transformação e não doeria tanto quanto ele demonstrava. Acho que talvez um dia ele pudesse controlar a transformação e se transformaria no momento que bem quisesse e entendesse. Ou não. São apenas minhas especulações.
Mas de uma coisa eu sei. Já que sou um bruxo, tentarei fazer o que a garota do livro fez, nem que para isso eu tenha que ficar entre a vida e a morte, mas pelo meu irmão, como eu já disse centenas de vezes, eu faria qualquer coisa.
Quando eu já estava a uma distancia bastante segura da civilização, coloquei o Yuri deitado no chão, e tudo foi mais rápido do que eu imaginava. Logo ali estava ele, novamente transformado e com as patas escondendo o rosto.
— Yuri?
Ele me olhou e por mais difícil que pudesse parecer eu vi os olhos dele, não olhos de lobo, mas sim os olhos verdes do meu irmão. Ele pareceu me reconhecer. Não sei se lobos tem expressões felizes. Ele chegou perto de mim e se colocou na minha frente em posição de defesa, olhando para o nada. Fiquei confuso, sem entender o que estava acontecendo. Foi que de repente eu vi, o mesmo lobo negro que da noite anterior vindo lentamente em nossa direção. Mas diferente da outra vez, agora o Yuri ainda estava transformado, e isso me deixava ainda mais preocupado. O lobo era duas vezes maior que meu irmão. E eu não poderia fazer nada para ajudar.
— Yuri, vamos correr. – falei.
Mas ele nem me ouviu. Ficou grunhindo para o lobo que correspondia com rosnados assustadores. Foi que de repente, sem esperar, o outro lobo cinza chegou novamente e tomou a frente de Yuri, como se quisesse defender nos dois. Esta virando rotina essa merda toda. Mas meu irmão, como sempre não conseguia entender nada, avançou com a boca na mão do lobo cinza que não esboçou nenhum tipo de dor com a mordida. Apenas sacudiu a mão e o Yuri caiu nos meus pés, enquanto isso eu ficava parado, em choque.
— Que diabos você fez? Ele está tentando nos ajudar.
Percebi que o Yuri abaixou a cabeça e choramingou baixinho como um cão dengoso que acabara de receber uma advertência muito mais muito cruel. Mas ele sabe que não foi isso.
— Sr. Lobo, obrigado por nos ajudar mais...
Ele me encarou com os olhos dele... aqueles olhos... por um segundo imaginei ter visto em algum lugar, mas onde? O que ele simplesmente fez foi, meio que dar uma ordem para o outro lobo negro, onde os olhos transbordavam raiva. Parecia que ele queria meu irmão, queria o matar, ou coisa semelhante, mas antes teria que me devorar inteirinho. Ai ai. O lobo negro partiu correndo no meio da floresta escura. E quando o outro iria fazer a mesma coisa, eu fiz uma estupidez que deu certo.
— Espera. – falei.
Ele parou e virou-se para mim, com um pouco mais de tranquilidade. Caminhei até ele e sem pensar, o abracei. Caramba. Eles tem um cheiro muito forte, mas não um mal cheiro, e sim um cheiro forte. Acho que deu pra entender. Sentir no começo o corpo dele tremer, e em seguida foi relaxando.
— Obrigado por estar sempre protegendo meu irmão.
Ele de repente se soltou de mim e saiu correndo rapidamente. Em menos de segundos desapareceu na escuridão. Eu virei para meu irmão que ainda estava transformado. Irei tentar fazer algo.
— Yuri. – falei pegando na cabeça de lobo dele – Olha nos meus olhos, relaxa, imagina você voltando ao normal. Olha somente para mim.
Ele balançou a cabeça freneticamente tentando se soltar. Mas eu não deixei.
— Caramba. Presta atenção em mim. Ou isso é pedir muito?
Ele parou e olhou pra mim, tentei fazer ele relaxar, olhando fixamente para aqueles verdes hipnotizante. Quando percebi ele estava adormecendo e voltando ao normal. Depois de tudo ter ocorrido como eu imaginei, peguei ele no meu colo e o levei para casa. Fui direto para o quarto. Cheguei na porta e estava trancada.
— Bea? Dani? – chamei.
— Sim? – responderam juntos.
— Abram.
Eles abriram a porta e eu fui direto para a cama do Yuri e o coloquei lá. Ele estava adormecido completamente.
— Não quero essa vida para o meu irmão. – falei com os olhos lagrimejando.
— Sabemos. – respondeu Daniel.
— Mas você sabe que isso é perigoso. – respondeu Bea.
— Sei sim, mas preciso fazer, e vocês terão que me ajudar. Acho mais fácil fazer enquanto ele ainda esta menor, pois logo eu acho que ele pode crescer e ficar mais forte.
— Acho que entendi o seu raciocínio. – falou Daniel – Agora que ele esta pequeno ainda, podemos meio que doma-lo enquanto você executa o feitiço.
— Caramba. As vezes vocês pensam não é? – falou Bea com tom brincalhão.
— Só tem um problema. – falei.
— Qual? – perguntaram ao mesmo tempo.
— Não sei controlar isso, e muito menos por onde começar.
Na manhã seguinte o Yuri acordou e eu estava o olhando da minha cama.
— Como foi a noite? – perguntei.
— Só queria que aquilo tudo tivesse sido apenas um sonho. – ele respondeu revirando a cabeça.
— Eu também, mas pena que não é.
— Eu sei o que você quer fazer.
— E vai ficar quietinho sem se intrometer.
— Mas...
— Nem mais nem menos. – concluir.
Á ida para a escola foi rápida e tranquila. Eu ia imaginando como eu poderia ser capaz de ajudar meu irmão. O que eu poderia fazer para ajuda-lo? Passei a noite inteira lendo aquele feitiço, as instruções de como ser executado. Só que eu não tinha parado ainda para imaginar, e se tudo isso fosse enganação? Se não houvesse feitiço nenhum? À, só acho que eu vou matar o responsável por aquele livro. Quando percebi já estava adentrando a minha sala, e algo que eu vi me fez gelar o coração. Lembram do garoto do primeiro dia de aula, o tal Maicon? Então, ele estava com a mão esquerda enfaixada. Tirem suas próprias conclusões, assim como eu tirei as minhas.
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Amor Selvagem: Guerra dos Clãs - Volume I
WerewolfPietro é um garoto com um senso de humor um pouco alto, em comparação a tudo que ele viveu, é de se estranhar o humor dele em certas situações. Mas as coisas começaram a mudar depois que ele descobriu não pertencer a raça humana comum, mas sim que e...