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"Minha vida, para variar, só vai de mal a pior. Se nada melhorar em um mês, eu desisto de tudo, não aguento mais" — Hayun escreve isso aos prantos, sua depressão está matando-a aos poucos, e ela sabe disso.

Fazendo um aviãozinho de papel com o bilhete, ela o lança pela janela do seu apartamento, acreditando que irá se sentir melhor se jogar esses sentimentos fora. Essa é sua única forma de enfrentar os momentos difíceis, uma tentativa de aliviar um pouco do peso que carrega.

Embora deseje desabafar com alguém, Hayun tem medo de acabar sendo um pé no saco na vida dos outros, mas mesmo assim quer jogar esses sentimentos fora, precisa desabafar de alguma forma.

Na verdade, Hayun não tem alguém disposto a ouví-la.

Hoje, deveria estar na faculdade, mas seu corpo, afundado na cama em uma tristeza profunda, simplesmente não permitiu. Se revirando para lá e para cá, uma enxurrada de pensamentos enchiam sua mente, especialmente sobre seu relacionamento tóxico. Ela sabe que precisa terminar essa relação, reconhece que é prejudicial, mas a força para fazê-lo parece impossível. Hayun sente que, sem seu namorado, ela não é nada, mas que talvez esteja exagerando.

Seu namorado, Chanhyuk, avisou que viria hoje, apesar de ela ter dito que não estava se sentindo bem. "A vida é uma filha da puta," pensa, amargamente.

O toque do celular a arranca dos pensamentos, e com um suspiro pesado, ela atende.

— Alô.

— Onde você está? Liguei três vezes, toquei a campainha e nada.

— Eu estava dormindo... — Antes que pudesse terminar, a ligação é cortada. Hayun se levanta, arrastando os pés até a porta. Lá está Chanhyuk, de braços cruzados.

— Que cara de choro é essa? Você não disse que estava dormindo?

— Estava... acabei de acordar. — Hayun sente as lágrimas voltando, mas ela consegue evitar, dando duas batidinhas em sua bochecha, um convite silencioso para que ele entre.

De fato, ela não estava exatamente dormindo, mas sim perdida em pensamentos profundos que a prenderam em sua própria mente por pelo menos meia hora.

Chanhyuk a observa de cima a baixo, o olhar crítico de sempre.

— Sinto falta de te ver maquiada... bem arrumada — comenta, seu tom levemente reprovador. Ao notar a expressão abatida dela, coça a nuca e murmura: — Senti sua falta. — Ele se aproxima para abraçá-la.

— Eu te disse que não estava bem. Não vou me arrumar para você assim. — Ela força um sorriso, mas a tontura a atinge, e ela se senta no sofá, com a cabeça pesada.

— Doente? — Chanhyuk solta com um leve sarcasmo.

— Eu acho que estou com depressão, e... também tenho comido muito pouco ultimamente — ela responde, tentando não parecer vulnerável.

"Eu sei que falar sobre meus problemas não adianta. Ele nunca foi bom ouvinte, e muito menos um bom conselheiro," pensa ela.

— Dieta? Aguenta mais um pouco, que aí você vai ficar com o corpo ideal, pelo que estou vendo. Não desiste, eu vou te apoiar sempre.

Hayun solta um suspiro longo, lutando contra a vontade de mandá-lo embora. Ela sabe que ele só disse aquilo porque acredita que, eventualmente, ela emagrecerá. E isso é exatamente o que ele quer.

— Sim, Chanhyuk.

"Um futuro médico que não percebe que está destruindo a namorada... incrível," ela pensa, cheia de amargura.

Paper airplanes - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora