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Namjoon agradece mentalmente a Hayun. Sem dúvida, aquele papel tinha a escrita dela; até a estampa das folhas correspondia ao caderno que ela usava nas aulas.

Uma vez, caiu um aviãozinho de papel no quintal de sua casa, e ele ficou preocupado quando leu. Outra vez, achou outro aviãozinho no Lake Park, logo se apressando para ver o que tinha escrito; era o fechamento da história.

Hayun havia saído de um relacionamento abusivo, mesmo com a dependência emocional evidente. Apesar das dificuldades, ela conseguiu seguir em frente. Isso inspirou Namjoon a encerrar seu próprio casamento abusivo. Sua esposa o humilhava constantemente, e a única coisa que o mantinha preso era o filho. No entanto, ele percebeu que, para o bem de todos, era melhor se separar do que deixar o pequeno Kim crescer em meio às brigas.

Felizmente, o juiz determinou que ele poderia ver o filho pelo menos duas vezes por semana. Mas Namjoon sabia que a ex-esposa, Wheein, poderia manipular o menino contra ele. Não seria surpreendente se, com o tempo, o filho começasse a rejeitá-lo. Essa possibilidade o enchia de tristeza.

Era difícil seguir em frente, mas Namjoon sabia que precisava aplicar em sua vida as lições que dava aos alunos. No fim, tudo acaba se resolvendo – ainda que só seja possível perceber isso quando os momentos ruins passam. 

(๑>◡<๑)

Os dias demoravam a passar, mas de repente, Namjoon se lembrou da data que Hayun havia marcado para tirar a própria vida. Faltavam apenas três dias, e ele esperava profundamente que nada de mal acontecesse.

Namjoon passou a dar carona para Hayun quase todos os dias, preocupado sempre que ela faltava. Naquela sexta-feira, ela chegou à aula parecendo emocionalmente abalada.

— Você está bem, Hayun? — Namjoon perguntou, aproximando-se com visível preocupação.

— Sim... — Ela suspirou, mas sua voz traiu a tristeza que tentava esconder.

— Vamos tomar um sorvete depois da aula? Eu pago. — Ele sugeriu por impulso. A turma começou a assoviar e gritar, envergonhando os dois. Namjoon percebeu que deveria ter feito o convite em particular, no final da aula.

— Claro. — Hayun forçou um sorriso, mas seus olhos ainda refletiam a tristeza profunda que a consumia. Namjoon retribuiu com um sorriso genuíno, tentando passar segurança emocional antes de iniciar a aula.

Era a aula de Inglês VIII, uma matéria que Hayun costumava adorar, mas, naquele dia, ela mal conseguia se concentrar. O peso em seu peito parecia sufocá-la. Ela se sentia inútil por não entender um conteúdo da área que mais amava, e o sofrimento parecia insuportável. No entanto, pensava que o fim estava próximo. Segunda-feira seria seu último dia, e a ansiedade a devorava por dentro.

— Quem precisar de ajuda, pode me chamar depois da aula. — Namjoon anunciou, encerrando a explicação o mais objetivamente possível. As quatro horas de aula demoraram a passar, mas, enfim, terminaram.

O sinal das onze da manhã tocou, e Hayun guardou seu material, suspirando ao ver Namjoon se aproximar.

— Parece que ninguém teve dúvidas hoje. Podemos ir agora. — Ele sorriu, mesmo sabendo que estava deixando suas responsabilidades de lado para atender às necessidades emocionais de sua aluna.

— Agradeço. — Hayun respondeu com hesitação. Namjoon sorriu sem jeito, incerto se estava fazendo a coisa certa.

Eles saíram juntos da sala em silêncio, se dirigindo ao estacionamento. O clima entre eles estava mais desconfortável do que nunca.

— Você vai mesmo aceitar ir à sorveteria comigo? — Namjoon perguntou enquanto ligava o carro.

— Estou de dieta... — Hayun disse, sua ansiedade evidente ao pensar em comer besteiras.

Paper airplanes - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora