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Namjoon não apareceu quando Hayun mais precisou. Ele estava ausente das aulas por quase uma semana, correndo o risco de perder o emprego. O único motivo pelo qual continuou foi a lembrança de ter prometido apoio a Hayun. Ele temia que seu abandono pudesse quebrar a confiança dela nas pessoas.

Hayun foi a todas as aulas, procurando por Namjoon nas salas dos outros períodos, desapontada, mas tentando não julgar antes de entender o que realmente havia acontecido.

Na sexta-feira, quando Namjoon finalmente aparece, a turma fica em silêncio. Ele parecia exausto, com olheiras profundas e a camisa amassada, claramente abalado.

— Pessoal, peço desculpas por não ter vindo às aulas anteriores... — Ele começou, hesitando por um momento. — Mas vamos seguir em frente.

Ele se virou de costas para a classe, pegou o marcador e começou a escrever no quadro. Apesar de sua exaustão, Namjoon se manteve profissional, focado no trabalho. Mas, de relance, ele viu Hayun. Ela estava visivelmente preocupada, o que o fez suspirar, permitindo-se uma breve reflexão antes de voltar a se concentrar na aula.

As quatro horas pareceram uma eternidade. Quando finalmente acabou, algumas alunas se aproximaram, curiosas.

— Professor, o senhor está bem? — Uma delas perguntou, mais interessada em fofocas do que em sua saúde.

— Estou, sim. Até a próxima semana! — Namjoon respondeu, forçando um sorriso, antes de se levantar do birô e sair. Durante todo o dia, ele não conversou com Hayun, sua cabeça estava em outro lugar. No entanto, ao passar pela porta, o arrependimento o atingiu, e ele voltou.

— Hayun, preciso falar com você. — Ele a chamou, com um olhar mais sério.

Hayun, desconfiada, pegou sua mochila e o seguiu. Namjoon lançou um olhar exasperado para os alunos que ainda estavam na sala, desejando que fossem embora logo.

— Vou cumprir minha promessa mais cedo do que o planejado. — Ele disse, jogando os cabelos para trás, visivelmente estressado. — Preciso de um tempo longe de tudo. Quer ir à praia comigo hoje?

— Você parece exausto... Não prefere conversar? — Hayun sugeriu, embora ela mesma não estivesse em condições de dar conselhos sobre saúde mental.

— O que eu preciso é sumir por um tempo... e preciso de companhia. — Namjoon respondeu com sinceridade.

Hayun hesitou. Ela não esperava que seu professor realmente a levasse à praia, mas, vendo como isso também parecia ser uma tentativa de cura mútua, decidiu aceitar.

— Vamos. Faz anos que não vejo o mar. — Ela disse, e Namjoon sentiu um leve alívio com a resposta. — Obrigada, professor.

Eles seguiram até o carro. No caminho, passaram pelas árvores do Lake Park, até que Namjoon parou em frente ao apartamento de Hayun, prometendo voltar em breve, depois de fazer as malas.

De volta à sua casa, Namjoon colocou algumas roupas em uma mala, uma bola de vôlei murcha que ele planejava encher quando chegassem e sua prancha de surfe, que não usava há meses.

Enquanto ainda arrumava tudo, a campainha tocou. Seu coração disparou de esperança.

"Será que é meu filho?!" — Ele pensou, correndo até a porta, mas seu sorriso desfez-se ao ver que era Hayun.

— Oi... — Ele disse, tentando disfarçar sua decepção. — Entre, estou quase pronto.

Hayun entrou timidamente. Ela se sentou no sofá, olhando ao redor, visivelmente desconfortável por estar na casa de um homem... e, mais ainda, de seu professor.

— Fique à vontade. — Namjoon comentou enquanto continuava a arrumar suas coisas. — Não vou demorar.

Hayun observava em silêncio enquanto ele terminava, mas ele demorava... e muito! Finalmente, Namjoon apareceu na sala com uma mala cheia.

— Pronto. — Ele anunciou.

— Quantos dias vamos passar lá?! Você trouxe duas malas? — Hayun perguntou, exagerando um pouco na reação.

— Vamos hoje e voltamos amanhã. Eu só trouxe algumas coisas... tenho uns hobbies que talvez eu possa te ensinar. — Ele disse, coçando a nuca, se perguntando se havia exagerado.

— Hmm, pode ser. — Ela sorriu, ainda surpresa com a quantidade de bagagem.

— Vou colocar tudo no carro, vem comigo.

— A-ah, claro. — Hayun disse, pegando sua mochila e o acompanhando.

Namjoon abriu o porta-malas e começou a colocar suas coisas, em seguida guardou a mochila de Hayun quando ela lhe entregou.

Depois disso, os dois entraram no carro, e Namjoon soltou um suspiro profundo.

— Então, você está bem? — Desta vez, foi Hayun quem perguntou.

Ele colocou o cinto e ficou em silêncio por alguns segundos, tentando organizar os pensamentos antes de responder. Ao acelerar o carro, pigarreou.

— Eu me separei da minha esposa... e parece que ela disse algo para o meu filho que o fez não querer me ver mais. — Ele fez uma pausa, tentando manter a calma. — Além disso, ela está tentando conseguir a guarda total do Minsung. Se isso acontecer, pode demorar muito até que eu o veja novamente.

— Minsung... o seu filho, né? Aquele que você sempre mostra foto para a turma? — Hayun perguntou, lembrando do garotinho.

— Sim, ele mesmo.

— Nossa, professor... no meu lugar, eu já teria aberto um processo lindo contra ela.

— Não é tão simples assim. — Namjoon respondeu, suspirando. — E você, como está?

— Eu? Bem, estou me sentindo melhor depois que terminei o relacionamento. É até estranho dizer isso, mas é verdade. — Ela refletiu por um momento. — Só que, mesmo assim, parece que sempre estou preocupada com alguma coisa.

— Tenta focar no agora. Eu também vou tentar. — Ele sugeriu, e depois sorriu. — E fora da sala, pode me chamar de Namjoon. É meio estranho sair assim com alunos.

— Certo... Namjoon. — Hayun testou o nome, e ele percebeu que, embora tivesse pedido, ouvir aquilo soava um pouco esquisito. Mas ele decidiu deixar pra lá.

Namjoon percebeu que o silêncio no carro começava a se arrastar, então ligou o rádio. Quando a música começou a tocar, ambos perceberam algo em comum.

— Você gosta de Queen também? — Namjoon perguntou, surpreso.

Hayun balançou a cabeça várias vezes, animada.

— Adoro! Ouço todos os dias!

Eles riram juntos e começaram a cantar I Want to Break Free o mais alto que conseguiram. A música parecia trazer um alívio que ambos precisavam, e, de repente, a viagem ficou bem mais leve. Até parecia mais curta.

Paper airplanes - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora