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— Sério que ele disse isso? Eu já te falei, você não precisa de aulas. Logo, logo vai estar ensinando no lugar dele. — Chanhyuk comenta, mas há algo em seu tom que parece levemente irritado... ou talvez Hayun estivesse sendo paranoica.

— Seria um sonho ensinar naquela universidade, mas ainda tem muito chão pela frente. — Ela sorri, mas o sorriso não alcança os olhos. Por dentro, sente o peso sufocante do relacionamento que a mantém presa.

— Você está sorrindo demais. Tá a fim do professor, é? — Chanhyuk pergunta, puxando-a para o seu colo de maneira brusca, seu comportamento controlador se manifestando de novo.

— O que você acha? — Ela responde com uma leve irritação, revirando os olhos. Ele a envolve com os braços, num abraço possessivo.

— Eu acho que ninguém é melhor que eu pra você. — Ele sussurra perto de seu ouvido, a voz suave mas carregada de intenção, o que a faz sentir uma mistura de excitação e desconforto. — Você tá a fim de mim, né? Mais do que tudo? — Ele provoca, suas mãos deslizando pelo corpo dela até apertar suas coxas. Hayun sente um arrepio involuntário.

— Chanhyuk... — Ela tenta desviar, mas ele ignora, passando a mão por dentro de sua blusa, causando mais arrepios.

— Eu sabia que você ia me ouvir quando falei pra você se alimentar... — Sua voz rouca, cheia de desejo, faz com que Hayun sinta uma repulsa escondida debaixo da submissão. E mesmo com o desconforto, ela se entrega a ele.

Os próximos trinta minutos foram, estranhamente, os melhores da semana.

Mas, mesmo assim, no fundo Hayun sabia: era hora de terminar.

Depois de semanas de dúvida, pesquisou o que significava um relacionamento tóxico na noite anterior e percebeu que o dela não era apenas tóxico... era muito pior.

Mais tarde, após ambos tomarem banho, Hayun chamou Chanhyuk para sentar-se ao seu lado no sofá.

— Você parece estranha. O que houve? — Ele pergunta, a voz um tanto tensa.

— Eu... eu quero terminar. — As palavras saem rápidas, e Hayun sente a garganta apertar. Ele ri, incrédulo.

— Tá brincando comigo, né? — Ele encara com seriedade, o riso desaparecendo.

— Não, é sério. Eu quero terminar o nosso namoro. — Hayun luta para não chorar, mas suas emoções estão à flor da pele.

— Hayun, eu sempre dou o meu melhor por você, e o que eu recebo em troca? Suas lamentações, sua pose de vítima! — Ele se exalta, as palavras como facas, tentando derrubá-la emocionalmente. — E eu, o idiota, sempre ouvindo!

— Podemos continuar amigos... como éramos antes. — Ela implora, segurando o choro.

— Amigos? — Ele se levanta bruscamente. — Eu vou estar ocupado demais encontrando alguém melhor do que você, o que não vai ser difícil. — Ele diz, mas sua voz treme de leve. Os olhos de Chanhyuk estão marejados, e por um segundo, ele parece prestes a dizer mais alguma coisa. No entanto, ele apenas se vira, caminhando em direção à porta. — Vou embora. — Ele sai, batendo a porta com força.

Quando o som da porta ecoa pela casa, é como se o chão desabasse sob Hayun. Ela se levanta, cambaleando até a escrivaninha, com lágrimas correndo pelo rosto. Com as mãos trêmulas, puxa uma folha do caderno e começa a escrever:

"Eu não sei se fiz o certo ou o errado ao terminar, mas eu sentia que tinha que fazer. Foram dois anos juntos, e nesses dois anos, ele me afastou de tudo e de todos, sempre dizendo que ninguém era melhor para mim do que ele. Faz três anos que estou na faculdade de letras, e há dois eu me distanciei dos meus amigos por causa do namoro. Agora vejo a besteira que fiz. Eu me sinto triste, mas eu preciso me amar mais, senão eu vou acabar morrendo. Ainda tenho vinte e sete dias para mudar minha vida. Se não melhorar, vou manter minha promessa e acabar com tudo."

Paper airplanes - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora