Um Convite Especial

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Tudo estava escuro, eu só ouvia o meu coração, calmo,tranquilo, sereno, fazia pouco tempo que não via o meu coração assim, calmo, sem agitação, e o mais engraçado, sem dor.

Era incrível, ficar um minuto sem dor, e sem pensamentos atordoados era mágico, eu podia ficar assim para sempre, e não estou totalmente morta,ainda estou viva, mas não vou sentir dor, não vou ter que resolver problemas, não serem cega e um verdadeiro fardo para muitos ou para todos.

Eu nunca estive em conflito antes, nunca tive esses pensamentos antes, sempre fui uma garota controlada, forte, inteligente, nunca hesitei em responder e em ser eu mesma, nunca pensei que com os meus 26 anos eu teria conflitos tão intensos e tão angustiantes como estou tendo agora, parece que eu não sei de nada, parece que eu nunca vi nada, parece que eu nunca vivi, passei a viver somente agora.

Como se eu estivesse acordando de um sono profundo, eu abri os olhos, nada, escuridão, havia esquecido que eu estava cega, mas senti as emoções voltarem, e isso me fez ter a certeza de que, eu estava acordada. 

-Querida Está acordada? - falou minha mãe, e senti ela segurando a minha mão.

-Mãe? Estou. Como foi a cirurgia? tudo está de volta no lugar? - perguntei.

Minha mãe  deu uma risada e disse:

-Sim minha princesa, tudo está de volta no lugar. Colocaram as suas costelas de volta, e a sua perna também. Vai ter que colocar o gesso, e aí, poderá voltar para casa. Não é incrível filha? - ela sorriu com esperança.

-É sim mãe, é sim. - eu sorri tentando manter a calma e fingir que aquelas palavras me  confortavam.

-a enfermeira vai subir aqui pra te trazer o almoço, e você  vai melhorar,em breve. Trocaram o seu curativo dos olhos, disseram que está cicatrizando. - falou ela, com calma.

-Demorou muito a minha cirurgia? - perguntei curiosa.

-não, somente 2 horas e meia. Achei que iria demorar mais. Você se saiu muito bem minha querida, se comportou direitinho lá. E ainda por cima, sua costela está novinha em folha, nem vai precisar fazer muita coisa. Agora, descansa, e relaxa, em breve, estaremos em casa. - Falou ela fazendo carinho no meu cabelo.

Eu sorri, mas eu não estava feliz.

Alguém bateu na porta, os passos novamente vieram, era o doutor, senti o perfume dele, masculino. Que  irradiou a sala, incrível como os meus sentidos estavam aguçados. Eu já havia percebido isso.

-E então? Como vai a nossa paciente preferida? - falou o Dr com um tom de voz animado.

-Ah eu estou bem, acho que boa. Quando poderei ir para casa? - perguntei querendo que a resposta fosse "Hoje mesmo." Mas ele não respondeu isso.

-Calma, calma. Parece que você acordou animada hein?!.  - ele riu e eu sorri - veja bem, voltará para casa em breve, inclusive - senti sons de papéis passando, e ele disse: - Nós aqui do hospital, temos um grupo de apoio a deficientes, e se, um dia quiser aparecer. Poderá ir. É a nossa convidada de honra. - ele falou sendo totalmente honesto e verdadeiro.

-Filha, isso é maravilhoso! Viu?! Um grupo de apoio, vai te ajudar muito. E como! - falou minha mãe colocando as mãos no meu cabelo, e segurando minhas mãos.

-Sim. E o melhor, temos projetos que vão incluir você no mercado de trabalho Olívia, e, em faculdades, e até mesmo na sua carreira. O Estado simplesmente te apoia, e cobre todos os gastos. Você só precisa ir. É no final do meu turno, mas no primeiro dia, posso te acompanhar. Olhe, é as 22:00 horas, se você quiser ir, toca no telefone e eu te acompanho. - falou o Dr, cordial.

Conquistando o InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora