A Reunião

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O Doutor bateu na minha porta era 22:00 horas como havíamos planejado, eu estava com a roupa do hospital ( não podia usar outra), e o Doutor veio caminhando lentamente,  sabia que era ele, devido ao seu perfume típico, e quando eu ergui a cabeça, eu sorri e disse:

-O senhor está cheiroso, esta manhã. -Comentei, e ele limpou a garganta.

E o doutor sorriu e retrucou:

-Você ainda não viu o estoque de perfumes nos armários do hospital. - e eu sorri e o Doutor também.

Após o momento de risadas, escutei ele limpando  a garganta e disse:

- E então? Como você está diferente hoje, passou maquiagem?,essa roupa é nova? - falou ele brincando, e eu sorri.

-Sim,a minha stylist enfermeira que me encomendou, veio lá da lavanderia do hospital. Achei um charme. Mesmo, não tendo visto como eu estou. - e eu sorri e ele também

-Muito bem madame, vou te ajudar a se livrar daí, está certo? - ele falou ainda com um tom divertido, e eu senti ele se aproximando.

-Existem pessoas que estão participando e que estão internadas? - perguntei, e ele me auxiliou a colocar a perna boa no chão e senti o frio.

-Olha, existem sim, a maioria. Porém, cada um tem a sua deficiência, não vai se sentir um peixinho fora d'água,isso eu te prometo. - falou ele segurando  a minha mão,  e me ajudando a fazer  força para levantar.

-Muito bem, porque eu não quero me sentir assim,e demora muito? Como farei para retornar ao meu quarto? - perguntei curiosa.

-A sua stylist ja foi chamada, não se preocupe ela vai te ajudar. - falou ele, brincando e travando a cadeira de rodas. 

-Certo. - falei, acomodando as mãos no colo.

A porta rangeu, e a enfermeira Cláudia se apresentou, e com a mão sob os meus ombros disse:

-Vamos? -E eu assenti. 

-Encontro vocês lá. -Disse o doutor.

A sensação de estar "indo embora", do quarto, era maravilhosa, eu conseguia respirar um ar diferente do meu quarto, toquei nas paredes por diversas vezes, e estava totalmente confortável na cadeira de rodas, mas uma coisa eu te digo: passar uns dias no hospital, não era como passar férias em resorts, ou sei lá, a casa da sua tia, era terrível, conseguia ser mais terrível do que a piada do "Pavê ou pra Cumê.",

Mas para mim, só o fato de estar fora do meu quarto, daquela cama, para mim já era o máximo, um verdadeiro passeio. Fomos então, eu acredito que seja, no elevador, pude ouvir o barulho do elevador subindo a cada andar, e quando tocou o mesmo barulho duas vezes, eu sabia que a porta estava abrindo e que eu iria se levada para lá, o mais incrível que eu estava vendo com estar cega, era a minha audição, o meu paladar,o meu fato, o meu tato, tudo estava perfeitamente aumentado acho que umas 5 vezes, eu conseguia ouvir, sentir, e cheirar e provar que eu sabia exatamente o que era, o meu cérebro também estava mais ligeiro ( eu diria),prestava atenção em cada informação que ele recebia. 

E tudo isso, era pra suprir a necessidade dos olhos,que agora, estavam descansando.

Descansando, assim que eu gosto de chamar o meu problema de agora, eles estavam descansando, estavam cansados,e merecem o devido descanso. Eu confesso que estava tensa, um grupo de pessoas continham bem….pessoas. e eu sempre fui meia que na minha, e apesar da dificuldade de aceitar de que, agora, eu era uma cega,eu não conseguia ver o ruim em participar desse grupo,achava que até seria aturavel, e me ajudaria a passar o tempo neste hospital, até os meus pontos secarem, e eu ir para casa finalmente. 

Conquistando o InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora