O Meu Mundo

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Os encontros com o grupo seguiu em frente, e a cada dia eu estava mais empenhada em tirar a Faculdade da cabeça e realmente transformar em realidade. Era impressionante o apoio que o Peter estava me dando, ele sempre me dizia que era possível, bastava contactar com as pessoas certas. 

Você não pode perder a chance de recomeçar, é a sua chance. As pessoas precisam dessa faculdade Liv, elas precisam de todo esse apoio. — falou ele me incentivando. 

Mas Peter eu nunca construí nada na minha vida, nem sei por onde começar. Você falando até parece que é fácil! falei colocando a mão na cintura. 

—Mas é fácil Liv, basta você querer e acreditar!, Pensa só no tanto de pessoas que podem ser beneficiados , você não pode simplesmente ignorar Liv. Anda! Qual é! Vamos nessa! — falou ele, insistindo.

Está bem, está bem. Você já me convenceu faz tempo, só não faço a menor ideia por onde começar, não, sério. Não faço mesmo. falei na defensiva. 

Eu te ajudo e ele segurou a minha mão e eu senti um arrepio. 

—E aí? Ansiosa para sair daqui? — falou ele segurando ainda a minha mão. 

-Ah bem, sim. Mais ou menos. Tipo, o médico me deu mais 5 dias, e eu não vejo a hora de vestir outra roupa, sem que os meus fundilhos apareça - dei risada. 

Peter deu risada também.

—É bom que entra um arzinho. — ele deu risada e eu também.

—vem! Quero te mostrar um lugar. Você vai amar! — falou ele e me puxou.

Eu não sabia onde estava indo, mas eu podia sentir cada ambiente mudar conforme a porta que eu ia passando, alguns lugares eram quentes, outros frios, outros normais, alguns lugares eram apenas fedidos, outros cheiravam medicamentos e antibióticos, tudo isso acontecia no hospital, no hospital era como uma perfumaria, cada pedaço do lugar existia um aroma, e eu até que gostava disso. 

Vamos subir as escadas agora  falou Peter :Não precisa ter medo, vou te levar para um lugar incrível!  falou ele. 

Tudo bem. Mas escadas? falei ainda tensa. 

Você confia em mim? falou ele segurando a minha mão.

Confio.  falei decisiva. 

Então vem ele me puxou pelas mãos e com a outra empurrava a cadeira de rodas. 

—Com vamos subir com a cadeira? — perguntei, confusa.

—Tem uma rampa, pronto. Chegamos! — falou ele soltando minha mão e eu escutei a porta ranger.

Peter, onde estamos? perguntei curiosa. 

Eu senti um aroma incomum, de lugar fechado, ou quieto, não sabia exatamente como definir o lugar, eu só sabia que era um lugar que poucos chegavam a ir conhecer. 

Desde quando eu te conheci, e soube da sua história, eu andei me perguntando como seria não ver. Não enxergar, ter sensações, sentidos, ouvidos, nariz, olhos até, e simplesmente não ver. Quando eu estava internado, alguém me disse que minha vida mudaria, e que, mesmo mudando ou para melhor ou para pior, ninguém poderia imaginar a sensação de estar sentado o tempo todo, querendo correr, brincar, andar, sentir os Chão, sentir a grama, a água do mar. E eu queria, como eu queria, que as pessoas ficassem nem que fosse um minuto no meu lugar, mas ninguém ficou, ninguém quis, e aquilo me doeu. E quando eu te conheci, e soube da sua história, eu vi a oportunidade de se colocar o seu lugar. De não ver. E então, passeando por aí eu descobri essa sala. A antiga sala de Raio X, aqui, posso ver exatamente como é não poder ver, pelo menos, exatamente por alguns minutos.  falou ele, com simplicidade.

Conquistando o InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora