Um Projeto Novo

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A vida nem sempre é do modo como achamos que ela tem que ser, nem sempre ela nos presenteia com aquilo que pedimos,mas aquilo que precisamos.

O Doutor veio no meu quarto, me informando que os pontos tanto da costela,quanto das pernas seriam removidos, e que, era questão de tempo para mim estar de volta em casa, e me recuperando. O problema era,eu cheguei em uma fase de recuperação que não quero sair do hospital e enfrentar o mundo lá fora, eu só queria simplesmente ficar e estar aqui, aqui me sentia protegida do mundo grotesco e bizarro que existia por trás das portas do hospital e eu realmente não estava pronta para aquilo. 

-Vai sexta feira para o Grupo? - perguntou o Doutor verificando os meus pontos.

-Sim. Eu realmente gostei muito de lá, é um lugar maravilhoso e muito acolhedor. - falei sorrindo, mas em um tom não muito animado.

-Que bom que você gostou Olívia, é um grupo muito importante para nós do hospital. Fez amigos? - Perguntou ele.

-Ah sim, um. Peter. - falei rapidamente e com vergonha.

-Peter…...hmm…. Peter While? - Perguntou o Doutor.

-Acredito que sim, não perguntei o sobrenome dele. - falei, e ele disse:

-Peter While é um grande fenômeno,não está internado no hospital,porém, não perde um encontro do grupo, fez uma boa amizade Olívia. Ele sim é sinal de força e superação. - falou ele.

-Obrigada Doutor. O Sr também é. - sorri para ele e ele deu risada e escutei os passos, e a porta rangendo.

Os dias passaram-se rapidamente, eu já estava com os sentidos aguçados,a cada dia ouvia melhor, sentia melhor, tocava melhor, e eu realmente conseguia reproduzir na minha mente cada coisa que eu tocava, cheirava, e provava. Era incrível a forma como o Ser Humano se porta quando perde um membro ou uma função do corpo, ele não paralisa, ele simplesmente regenera,e foi assim que o meu corpo agiu perante aquilo, ele simplesmente me ajudou.

Sexta feira chegou voando, linda, com um belo dia ensolarado e quente, ao ponto que o hospital ligou os ar condicionados para nos ajudar, e que baita ajuda!, então, minha mãe chegou no horário da visita, e ficou surpresa com a cena que ela tinha acabado de ver, eu estava sentada na cama, sem a cadeira de rodas, e quando ela chegou, eu abri os braços para recebê-la, aquilo fez a minha mãe chorar, descambar de chorar, e quase chorei também.

Havia feito para ela uma pintura que eu havia feito no grupo de apoio, era um Céu azul,com um campo verde. Eu achava que estava tudo igual o que tinha na minha cabeça, mas Lisa e Peter afirmaram que estava perfeito: 

-O céu representa o infinito, coisas que são grandes demais para nós,mas que, se tornou uma missão. E os campos, representam paz e equilíbrio o que devemos ter. Fiz essa pintura para a Senhora mãe, quero que a leve com você. - e apontei para frente e minha mãe chorou mais um pouco e pegou a pintura e disse:

-Filha! Essa é o melhor quadro que eu já recebi. - e me abraçou e me beijou.

Bateram na porta, e a porta abriu, era o Doutor,  ele dando risada comentou:

-fez sua mãe chorar né?, Agora, farei você chorar um pouco. - sorriu ele e logo atrás dele, senti que tinha alguma presença.

-Quem está aí? - perguntei, curiosa.

-A Enfermeira Cláudia, viemos tirar o seu ponto. - brincou o doutor e falou calmamente.

-Ah Não….. - e minha mãe, deu uma risada junto com o médico e a enfermeira.

Deitei na cama fiquei ali,parada esperando, esperando para o pior acontecer, para variar, não tinha opção, não tinha outra a não ser ficar ali e aguardar a coisa toda acontecer. Foi quando, o doutor passou um líquido frio no meu curativo, e puxou o esparadrapo,eu gritei,chorei mas permaneci ali, quietinha.

Conquistando o InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora