2. Amigos

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Foi um alívio Noah ter dito que ficaria nessa comigo. Era a primeira vez em que alguém fez algo desse tipo por minha causa. Mas sinceramente, eu não sei como ou porque eu havia me descontrolado totalmente quando o Wolfhard disse aquilo. Eu nunca fui assim.

Quero dizer, eu nunca reagi quando Iris me provocava. Nunca. E ela fazia isso todos os dias. Todos. Pode parar, eu sei muito bem o que você deve estar pensando. Que eu sou uma covarde. Talvez eu realmente seja. Mas eu nunca briguei com ninguém. Nem verbalmente e muito menos fisicamente. Se eu perder o controle e ir pra cima de Iris, ela com toda certeza se sairá melhor.

Sem contar que eu não acredito que as coisas podem ser resolvidas desta maneira. Isso só irá piorar as coisas, que já não estão muito boas. Sinceramente, eu dei sorte que Noah estava bem ao meu lado quando eu me descontrolei, por que eu sei muito bem que eu quase dei o que Iris queria. Ela quer que eu perca o controle. Me testar. Me enlouquecer.

Mas não foi ela quem quase conseguiu. E eu não consigo entender como o Wolfhard conseguiu tão facilmente.

Os dias foram passando, e no decorrer deles Noah e eu ficávamos mais próximos, - não que eu estivesse gostando dele, o que eu quero dizer é que nossa amizade foi ficando cada vez mais forte.

E havíamos combinado dele vir aqui em casa hoje - no domingo. - para jogarmos no meu Xbox.

Meu pai não estava em casa, as vezes ele também ia trabalhar nos domingos quando ocorrem algumas emergências na delegacia. Mas de qualquer forma, ele acabaria sabendo, pois minha mãe conta absolutamente tudo pra ele, e eu nunca trouxe nenhum amigo aqui, muito menos um garoto.

Avisei pra minha mãe que um amigo da escola viria aqui em casa apenas dez minutos antes do horário em que havíamos combinado. E obviamente, que ela surtou. Claro, no bom sentido. Ela não é ciumenta como meu pai. Mas logicamente que não disse apenas um: "Ah, que legal filha. Que horas ele chega?", tenho certeza de que foi mais um:

- Um garoto?! - ela exclama. - Como assim, filha? Você está namorando?!

Reviro meus olhos diante de seu desespero sem absolutamente nenhuma necessidade.

- Mãe, acho que o termo correto é amizade. Amizade, sabe? Uma relação afetiva, sem características românticas ou sexuais entre duas pessoas e... - ela me interrompe.

- Eu sei o que é uma amizade, filha. - ela toca a minha mão e me puxa gentilmente para sentar no sofá com ela. Minha mãe já está acostumada com esse "meu jeito", e principalmente, com o fato de eu nunca ter trago algum amigo em casa, então provavelmente eu devo tê-la pego de surpresa. - Olha só, esse garoto... quando...quando foi que vocês se conheceram?

- No primeiro dia de aula. - respondo.

Ela parece confusa. Não a culpo.

- E porque nunca me contou nada?

Se ela soubesse todas as coisas que acontecem na escola que eu escondo dela...

- Porque eu suspeitei que você surtaria, e parece que eu estava certa. - respondo, mas vendo que ela não parece satisfeita, eu continuo. - Mãe, eu só o convidei pra gente jogar um pouco. Não é nada demais.

Estão vendo? Imaginem se eu tivesse comentado algo sobre os meus sentimentos em relação à Jake. Primeiramente que eu já não tenho a menor chance, então não tenho motivos para comentar isso com ela ainda.

- Ok. - ela se rende, suspirando. - Que horas ele chega?

A campainha toca um segundo depois de sua pergunta, ela me encara desesperada por não ter preparado nada em especial ou que talvez a casa não esteja 100% limpa - mães... - e eu apenas sorrio para a mesma e me levanto, para ir atender a porta. À caminho da mesma, olho para o relógio que está na parede e vejo que Noah havia chegado pontualmente.

You Belong With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora