5. Estudos

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Eu permaneço lá. Digerindo o que acabou de acontecer desde o intervalo e tentando desvendar a bipolaridade do garoto revoltado. E sinceramente, estou quase desistindo. Não faz sentido. Simplesmente não faz. Não depois do que ele havia me dito. Sinceramente é mais fácil resolver a fórmula de baskára do que entender o que se passa na cabeça do Wolfhard.

- Você vem ou não? - ele aparece na porta, irritado pela minha demora. Saio de meus pensamentos e tento afastá-los enquanto caminho em sua direção.

Saio da sala e ando pelo corredor ao lado dele em silêncio. Ele anda numa rapidez como se estivesse com pressa e eu acelero meus passos para acompanhá-lo lado a lado, para não dar-lhe nem um gostinho de superioridade ao qual ele está acostumado por se gabar. Percebo um sorriso divertido surgir em seus lábios mas ignoro, mesmo sem entender o motivo dele ter surgido.

Entramos novamente na biblioteca e eu vou até a bibliotecária - uma senhora gordinha de aparentemente 60 anos que trabalha aqui na escola há anos - para explicar o motivo de estarmos ali e que foi um pedido de um professor. Rezo aos céus para que ela diga que não poderíamos ficar aqui já que o professor não havia me entregado nenhum tipo de autorização, mas me decepciono quando ela afirma que ele já havia a comunicado.

Vou em direção à mesa mais próxima mas me surpreendo quando o cacheado segura meu braço sem usar força. Sentir seu toque foi a coisa mais estranha que já me aconteceu. Posso jurar que senti uma espécie de descarga elétrica, pondo todas as minhas terminações nervosas em turbilhão principalmente no local onde ele me segurou e também - por mais que isso pareça estranho - pude sentir meu sangue correr em minhas próprias veias. Ele me solta apenas depois de andarmos até uma mesa atrás de uma prateleira, onde não é possível ver a bibliotecária. Quando ele solta meu braço, a sensação eletrizante é interrompida imediatamente no mesmo segundo junto com a sensação boa e eu me sinto a garota mais estranha do mundo por ficar triste por isso.

O encaro confusa por ter literalmente me afastado para o outro lado da biblioteca.

- Eu não gosto dela. - ele diz apenas.

Bom, ninguém gosta. Aquela mulher vive de cara feia, e nunca descarta a oportunidade de chamar a atenção dos alunos sem motivo algum. É algum tipo de diversão pra ela por que sinceramente parece que ela adora fazer isso, não importa se estamos em total silêncio ou não. Por esse motivo, muitos alunos evitam ficar estudando ou lendo perto de sua mesa.

Sinceramente, eu sei que eu prometi que iria ajudá-lo, mas as palavras do Wolfhard quando jogou meu moletom em cima da minha mesa ainda estão se repetindo várias e várias vezes na minha mente e consequentemente, tirando totalmente a minha vontade de ajudar o garoto que disse aquelas coisas pra mim.

- Para de drama, eu sei que você não estava me assistindo comer aquela garota de propósito. - ele afirma, revirando os olhos.

O fito surpresa. Totalmente horrorizada com a sua escolha de palavras e ao mesmo tempo aliviada por ele saber que eu apenas estava no lugar errado e, literalmente, na hora errada.

- Como você sabe? - pergunto.

- Está estampado em seu rosto, e você estava mais branca que um fantasma. Esqueça logo o que viu. - ele pede, impaciente.

Suspiro aliviada, fazendo o mesmo rir baixo - não de forma maldosa ou sarcástica como sempre, mas de uma forma inofensiva.

- A visão de mim fodendo alguém é tão horrível assim ? - ele pergunta.

... O quê?!

- Aaahn, claro que não. Q-quero dizer... - gaguejo nervosa, com medo de passar a percepção errada mas com aqueles olhos castanhos me fitando de forma tão intensa como se estivesse conseguindo enxergar minha alma, fica difícil. Na verdade, para ser franca, devo admitir que não havia nada de horrível no Wolfhard naquele momento e na verdade aquela visão foi... ok, Millie pare de pensar besteiras. - E-eu só... Só fui pêga de surpresa... Só... Só isso.

You Belong With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora