38. A armação

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Aquela uma hora de espera não demorou tanto a passar. Parte do tempo fiquei mexendo um pouco no celular, mas para que Megan não ficasse olhando para a parede o tempo todo, ficamos conversando sobre assuntos mais amenos em comparação com o pedido do qual ela havia me feito anteriormente.

Havia sido completamente pêga de surpresa, mas, apesar daquilo ainda estar fixado em minha mente, resolvi colocar de lado e pensar no assunto depois e com calma, se eu faria aquilo e como faria.

Megan me contou como havia ido trabalhar na mansão dos Wolfhard. Sendo a irmã mais velha de seis filhos, teve que trabalhar muito cedo para poder alimentar a boca de cinco irmãos, devido seu pai ter morrido na Guerra de Vietnã, que ocorrera entre 1973 e 1975, e sua mãe, que havia ficado completamente desolada, não tardou a morrer também após dois anos de depressão, o que obrigou a jovem de 16 anos a aprender a se virar desde muito cedo, mal tendo tempo direito para poder sofrer com o luto.

Megan passou a trabalhar em casas de família. O dinheiro que recebia, principalmente naquela época, era uma miséria, mas ela dava seu jeito para ele dar para os seis irmãos, dando prioridade para comprar comida e roupas. Ela sentia muito por eles não poderem ter o luxo de ir à escola, pois não podia comprar material. A própria teve que abandonar a escola com a morte dos pais.

Aos seus trinta anos, as coisas haviam ficado mais fáceis. A maioria dos outros irmãos trabalhavam para poderem se manter, o trabalho não era tão bom, mas o suficiente para se manterem em uma situação um pouco melhor.

Àquela altura, o irmão mais novo estava com quinze anos e, num momento de rebeldia, havia sido pêgo roubando em um supermercado.

Talvez por sorte ou obra do destino, ele havia pêgo das compras de Mary que, ao ser flagrado por um dos funcionários, quando o mesmo havia levantado a mão para agredi-lo como punição pela tentativa de roubo, havia sido ela quem o impedira de machucá-lo.

Ao perguntar o porquê do roubo, ela pediu para conhecer Megan e lhe ofereceu um emprego em sua casa. Megan trabalhara para a família de Mary muito antes da mesma conhecer o Sr. Wolfhard. Antes do nascimento de Finn, ela havia lhe pedido para ser babá dele, pois afirmava que confiava apenas na mesma para cuidar de seu filho.

Ela terminou a história comentando que seus outros irmãos agora moram em Manhattan, suas vidas não são exatamente ótimas, mas estão muito melhores do que antes e garantiu que não passam mais por necessidades.

E, por último, comentou como a Sra. Wolfhard era uma mulher generosa e boa, e no quão sentia por Finn não ter tido a chance de conhecê-la.

Fiquei mais do que tocada com a história, pensando no quanto a vida da mesma deve ter sido difícil e chorei principalmente no começo. Vendo a mulher alegre e amável à minha frente, era difícil de imaginar que a mesma passara por tanta coisa, como a dor de perder os pais tão jovem.

A mesma falara tudo com um sorriso triste nos lábios, me confortando às vezes quando percebia que eu ficara realmente afetada.

Quando Finn saiu da sala após uma hora, precisei de um segundo para me recompor do que havia acabado de ouvir.

Sentia que meu rosto já estava seco, mas passei as mãos por minha bochecha rapidamente para me certificar disso.

E ambas nos levantamos. Fitei o cacheado que estava com uma expressão um pouco estranha, do qual eu não sabia descrever.

Havia imaginado em como ele sairia de lá quando entrara. Provavelmente irritado pelas perguntas, devido seu pávio curto e falta de paciência, estava até surpresa por ele não ter saído de lá antes do horário estimulado.

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