31. O Rascunho

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Ficamos assim por vários minutos, até que ele confessou com certa ironia, da qual, eu já estava sentindo falta:

- Acho que não tô nem um pouco a fim de estudar agora.

Eu ri, fazendo carinho em seu cabelo.

- Eu também não...

Ele levantou o rosto, me encarando ainda um pouco preocupado.

- Ainda está brava comigo?

- Não - respondi com sinceridade, me afastando um pouco, fitando-o nos olhos. -, não é bem isso. Também gostaria de saber com quem você brigou antes de voltar para casa, não entendi isso ainda. - sua expressão se tornou apreensiva, até que eu complementei: - Mas não precisa ser hoje.

- Certo. - ele assentiu, e me esforcei para deixar sua preocupação exagerada com aquele assunto pra lá. Não aguentaria outra discussão, pelo menos, não agora. - Você quer ir pra casa?

- Quero. - confessei. Finn assentiu. - Você pode ir comigo...

Ele deu um risinho.

- Está pensando em assistir aquele filme, é?

Assenti com a cabeça, abrindo um pequeno sorriso de lado.

- Acho que você me deve essa.

Saímos da escola, a rua estava praticamente deserta. Chequei as horas no celular. 13h00. Guardei o aparelho novamente no bolso. Senti Finn pegar minha mão, parecendo hesitante por termos acabado de fazer as pazes. Mas entrelacei nossos dedos, como um sinal de que estava tudo bem. De canto de olho percebi seu pequeno sorriso satisfeito.

Mal sabia Finn, que eu também precisava de seu toque tanto quanto ele. Poderíamos discutir sobre o que ele havia feito quando foi se encontrar com seus amigos amanhã, agora eu só precisava ficar com ele. Sem discussões ou brigas.

Destranquei a porta da frente, dando espaço para o cacheado entrar. Fechei a porta e fui até a cozinha, para fazer algo para nós comermos, deixando minha mochila sobre o sofá.

Sentindo Finn me seguindo até o outro cômodo, abri o armário, retirando dali um saco de pipoca.

Peguei uma panela, colocando sobre o fogão.

- No que está pensando? - perguntei, despejando o milho na panela, estranhando o silêncio do cacheado.

- No dia em que conheci seus pais. Sua expressão quando cheguei foi ilária. - provocou, e, em seguida, me abraçou por trás, me deixando arrepiada.

Lembrei do momento em que abri a porta e o vi usando suas roupas. Eu não deveria tê-lo obrigado a usar as roupas do Noah. Além do mais, gostava de Finn do jeitinho que ele era. Poderia ter pavio curto e não ser nada fácil, mas, ainda assim, eu não me importava.

- Não tem graça. - respondi, apesar de estar rindo. - Minha mãe quase me fez ter um treco.

- Eu adoro a sua mãe. - sussurrou em meu ouvido, colocando meu cabelo sobre o outro ombro. - Tenho certeza que nunca teria ficado sabendo do sonho se ela não tivesse me dito.

- Não mesmo. - concordei, sentindo os pelos do meu pescoço completamente eriçados. Assim que o milho começou a estourar, me afastei do fogão, trazendo Finn até a mesa pela mão, nos sentando.

Apoiei meu cotovelo na mesa, deixando o queixo descansar sobre minha mão. Enquanto também esperava, Finn se distraía colocando uma pequena mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Me desculpa também. - falei subitamente.

Finn pareceu sair de um transe, seus olhos focaram meu rosto e ele franziu a testa:

You Belong With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora