You Belong With Me

24. Bônus - Soah

Noah

Para algumas pessoas, o primeiro dia de aula pode ser algo bom e cheio de espectativas. Geralmente positivas. Bem, este não é o meu caso. Na verdade, pode chegar a ser algo assustador.

A ideia de novos professores, novos colegas, talvez até novos amigos, nunca me atraiu. Provavelmente minha timidez habitual tenha certa culpa por isso.

Estava super nervoso. Em minha cabeça, eu nunca iria conseguir algum amigo, dificilmente logo no primeiro dia.

Mas isso não me impediu de tentar. A garota bem ao meu lado. Millie. Percebi que ao contrário de muitos dos outros alunos, ela não conversava com absolutamente ninguém e estava bem quieta e concentrada apenas nos professores e em seu caderno.

Acho que, por este motivo, tive certo receio de me apresentar. Não queria, de jeito algum, atrapalhá-la. Fiquei imensamente aliviado quando ela sorriu e também se apresentou. Quando vi, já estávamos conversando.

Antes de eu me mudar para cá com meus pais, eu não tive muitos amigos. Mas quando conheci Millie, percebi que não me importaria em apenas tê-la como única amiga. Ela mal me conhecia e, mesmo assim, me defendeu.

Quando voltamos do intervalo e cinco alunos se aproximaram de nós lançando provocações típicas daqueles alunos que existem em todo tipo de escola — que praticam bullying —, Millie havia ficado tão nervosa naquele momento que eu tive que acalmá-la. Não poderia deixá-la se meter em encrenca por minha causa. Mas ela não conseguiu reparar em uma coisa que, por algum motivo, me deixou intrigado por dias.

– Olha só, o novo casal de nerds da sala! – Clamou a loira, que havia se aproximado de Millie silenciosamente. Sua fala é seguida de várias risadas de seu grupo. Um garoto de cabelos escuros e cacheados, quase totalmente bagunçados, estava ao seu lado e os outros um pouco mais atrás, todos com sorrisos maldosos estampados em seus rostos.

– Apatow, por favor. Deixe a gente em paz. – Pediu Millie, sem elevar seu tom de voz.

– "Deixa a gente em paz!" – Repetiu o garoto com sardas em seu rosto, em um tom de voz fino, provavelmente no intuito de fazer seus amigos rirem ainda mais dela. O que havia dado super certo.

Foi quando ela perdeu o controle. Millie se levantou irada com o garoto, o que me forçou a agir mais rápido que ela antes que aquilo tomasse um rumo nada bom. A segurei sem aplicar força, tentando não machucá-la. 

– Nossa, ela ficou brava! – Um deles afirmou ainda rindo. Não pude identificar quem já que ainda estava concentrado em não deixá-la avançar.

– Ignora, Millie. Não vale a pena. – Sussurrei para que somente ela me escutasse. Suas mãos fechadas em punho aos poucos afrouxaram, sinal de que ela havia se acalmado.

Passei os olhos por todas as expressões de ódio, enquanto me perguntava o motivo de tudo aquilo. Até que a vi. A garota ruiva.

Ela estava mais afastada deles. Mas não nos encarava. Fitava o chão friamente, como se não quisesse ver e ouvir tudo aquilo. Como se reprovasse a atitude de seus amigos, mas não tivesse coragem de dizer.

Ela era bonita. Tinha que admitir. Mas logo tentei afastar esse pensamento para o fundo de minha mente, pois aquele estava longe de ser o momento de pensar nisso e ela era amiga de quem estava zombando da garota que havia acabado de se tornar minha amiga e de mim.

Bem, ao menos, eu comuniquei isso ao meu cérebro. Mas ele me ouviu? Não. Fiquei olhando para ela igual um idiota. Parecia que meu cérebro havia congelado. Devo ter ficado tanto tempo fitando-a que a garota notou.