Em pouco mais de uma hora, Suze e eu estávamos tirando minhas roupas da mala. Ela se encantou com vários vestidos, nunca tinha visto tanta beleza, suas roupas eram básicas e não tinha contato com muitas mulheres da nobreza.
— Sabe, senhorita Johanna — falou enquanto tirava alguns lenços da mala. — Eu nunca tive que vestir nenhuma dama. É muito difícil ter visitas femininas no casarão. O duque nunca namorou, ou pelo menos, nunca soube. Portanto, conheço quase nada sobre a moda. Suponho que se um dia eu tivesse a oportunidade de ir a um baile desses que a senhorita está acostumada a ir, eu não saberia com qual vestido iria, com toda certeza, nenhum dos que eu tenho.
Saber que o duque nunca trouxera uma amante para sua casa, me fez perceber que talvez Pietro estivesse certo. Ele poderia estar esperando por mim. Isso me dava calafrios, entretanto, não deixei esse pensamento me conter.
— Olha só isso, Suze! — falei de um jeito animado. — Isso é um espartilho, acredito que você não tenha um desses.
— Não tenho dinheiro para me importar com beleza. Mas sei o que é e acredito que nunca usarei, esse negócio deve apertar as tripas. — Falou apertando os olhos. — Mas olhando para sua cintura, percebo que deve estar usando um desses nesse momento.
Sorri, segurando o espartilho e falei:
— Ele aperta mesmo, mas é algo que todas as mulheres estão usando. Você quer provar?
— Me desculpe, senhorita Johanna, acho que isso não é para mim.
— Vamos, vamos. Eu colocarei por cima das suas roupas. Trate isso como uma aula. Como você vai colocar um espartilho em mim se nunca fez isso antes? Vou ensiná-la. — Falei levando o espartilho ao seu encontro.
— Bom, se for assim está bem, mas se machucar saio correndo.
— Claro, senhorita! — Falei sorrindo.
Coloquei o espartilho em Suze, passei a fita pelas casas e dei a primeira apertada.
— Nossa, já está apertado, não? — Falou olhando para trás na direção onde eu estava.
— Calma, falta mais um pouco.
Terminei de passar a fita pelas casas que faltavam e puxei novamente.
— oh céus, senhorita, isso aperta bastante, se está me incomodando mesmo em cima dos meus trajes, imagina por baixo deles. Como que consegue respirar dessa forma?
— Simples, eu não o faço!
Entreolhamos e caímos na risada. Era a conversa mais sincera que tinha tido desde da hora que cheguei. Algo me dizia que Suze poderia ser a amiga que nunca tive. Mas certa vez Lorenzo me falara que a amizade é construída através da verdade. Entretanto, a minha e a de Suze já tinha começado em uma farsa. Não poderia lhe contar o meu plano. Mesmo que eu sentisse que iriamos se tornar amigas, eu a conhecia a poucas horas e sabia que ela e o duque tinham algo mais do que uma relação de patrão e empregado. Não poderia confiar.
— Suze, seja sincera comigo pode ser? — Perguntei olhando para ela enquanto tirava o espartilho de si.
— Claro. — Falou olhando para mim.
— Você parece conhecer bem o duque, mas não como patrão e sim como algo mais íntimo. Pode me falar, eu vou entender se vocês estiverem juntos. — Falei pegando suas mãos frias.
— Que? O que a faz pensar que eu e o duque Benjamin estamos juntos? Eca, não! — Falou puxando as mãos e levando a boca. — Milady, isso não a interessa, mas vou lhe contar pois sei que em pouco mais de um mês a senhorita vai passar a ser uma Van Edell.
VOCÊ ESTÁ LENDO
31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]
Romance31 dias são suficientes para amar alguém? O que você faria se morasse em um país de monarquia absolutista, regido por leis que separam as raças e tomam conta do futuro das mulheres? Você conseguiria suportar ser obrigada, por lei, a ter um prometid...