31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]

Capítulo 10

O dia do baile chegou. Eu não estava muito animada, meu último contato com a nobreza cizariana foi um desastre. Não estava preparada para ser vista com o duque, os olhares que iríamos receber me incomodava bastante... as mulheres iriam olhar-nos como recém-casados e os homens como se Benjamin tivesse ganhado um grande torneio. Não éramos um casal feliz. Não estávamos apaixonados. Mas ninguém poderia saber disso, eu teria que atuar e Benjamin também. Seria a primeira vez que iria encontrar com meu pai e irmão depois da minha partida. Isso me deixava nervosa, porque eu sabia que o Duque Ossory iria fazer perguntas sobre meu comportamento a Benjamin, embora eu estivesse bastante curiosa para saber o que Benjamin iria falar, não estava disposta a ouvir meu pai empolgado — "vendendo meu peixe". —

Logo pela manhã recebi o vestido que Benjamin mandou fazer para mim. Tinha noção do modelo e da cor, mas não tive muita empolgação para ter certeza, ou para escolher o que iria usar. Deixei tudo por conta da senhora Marcelina que era costureira da família Van Edell a bastante tempo.

Sem tirar o vestido da caixa pedi para que Josembergue o levasse ao meu quarto.

Em pouco menos de uma hora, ouvi barulhos e berros vindo da sala, saí da biblioteca correndo para ver o que estava acontecendo. Me deparei ainda na escada com uma mulher alta, loira, bem vestida. Estava com um gato malhado nos braços e apontava para Suze em movimentos grotescos, enquanto Suze, ajoelhada no chão, limpava o que parecia ser chá.

— Olha o que você fez... Não sabe nem servir chá direito, não sei porque meu primo ainda insiste em ter serviçais como vocês trabalhando para ele. Eu só não denuncio porque prometi a Benjamin que não falaria nada em respeito ao seu falecido pai.

Eu fiquei paralisada na escada, vendo aquela mulher maltratar Suze tão horridamente.

Suze continuava a limpar o chão. Ao se levantar seus joelhos estavam sangrando, certamente os estilhaços da xícara haviam cortado.

— Margaret, você por aqui? Achei que estivesse em Londres. — Falou Benjamin ao se aproximar da sala.

Suze passou para a cozinha tão depressa que mal pude acompanhar seus passos. Me despertei do transe, sem motivo aparente, que eu estava. Desci as escadas e fui atrás de Suze.

— Suze... espera... o que aconteceu? Quem é aquela mulher? — Falei andando rápido atrás dela.

Suze se virou com o rosto esbravecido, aparentava querer bater em alguém e eu sabia quem.

— Aquela mulher é o diabo em pessoa. É prima do duque, sobrinha da mãe dele. Ela é uma das pessoas que sabem do segredinho do casarão. Ela mora em Paris, é viúva, não tem filhos e é responsável pela empresa do falecido marido na Inglaterra. Ela vem visitar o duque a cada 2 anos. Eu não sei o motivo pelo qual chegou de surpresa. Ela veio ano passado, portanto não era para estar aqui. É a mulher mais ambiciosa e perversa que já conheci. Quando está aqui, por trás do duque, nos trata como escravos, enquanto na sua presença, nos trata como pessoas normais.

— Vocês são pessoas normais, Suze. Merecem respeito. Você deveria falar com o duque sobre essa situação. Ela não pode tratar você dessa maneira.

— A senhorita realmente acha que ela não pode me tratar dessa maneira? — Suze deu um sorrisinho — Eu sou privilegiada por não ter que conviver diariamente com nobres feito a senhora Margaret. Existe impuros negros em situações piores que as minhas. E sim, senhorita... Ela tem todo o direito de me tratar dessa forma porque está escrito na constituição ziemiana. Nós negros, somos descartáveis para vocês... Se estou aqui hoje, servindo a senhorita é porque tive sorte. Não temos um futuro para ser trilhado, não podemos seguir nossos sonhos, e eu tenho que escutar calada tudo que aquela mulher fala. Tenho que ajoelhar em pedaços de vidro porque ela mandou. Porque eu não posso perder meu emprego, eu não tenho para onde ir, aqui é minha casa, meu trabalho. Servir é a única vida que eu tenho e vai ser assim para o resto dos meus dias. Eu querendo ou não!