Capítulo 2

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Passei todo aquele dia dentro do quarto. Meu pai estava certo do que fez e eu estava sem saída. Comecei a pensar o que Lore falaria se estivesse aqui. Pensei em mandar uma carta, mas eu não iria receber resposta a tempo de evitar minha partida. E foi aí que lembrei o que o próprio Lorenzo tinha me dito a respeito da lei da boa esposa. Ele falara que nos 31 dias era proibido a prática sexual, já que para Ziemia o sexo com a prometida só haveria sentido depois do casamento, tendo em vista a procriação e não o prazer carnal. Isso me deixou mais aliviada, pelo o que conhecia, o Duque Benjamin era certinho de mais para descumprir uma lei. Lembrei de algo que por algum momento me fez sorrir. A lei também dizia que se a prometida, desrespeitar, trair ou até mesmo não for do gosto do futuro marido, nesses 31 dias, ele poderá devolve-la à família.

Eu vi naquilo uma forma de escapar desse destino e conseguir a aprovação do meu pai. Me lembro do Lore falando sobre as prometidas que eram devolvidas as famílias. Elas tinham que conviver com a mancha na reputação que aquele ato causara. Muitas vezes eram mandadas para fora do país, os pais ficavam loucos e sabiam que nenhum homem casariam com elas, portanto faziam de tudo para que a sociedade esquecesse aquela tragédia. Isso significava que se eu não agradasse o duque ele me devolveria e meu pai ficaria louco. Tão louco que pela primeira vez poderia me ouvir e autorizar minha partida para Inglaterra.

Aquilo era no mínimo imprevisível. Mas era o único jeito de escapar, então, eu teria que arriscar. Minha mãe bateu na porta do quarto e logo voltei a realidade:

— Johanna, posso entrar? — perguntou. 

— Claro – Falei alto.

Ela entrou olhando para todo o quarto escuro. Tinha bandeja de comida por cima da cama, a roupa da noite passada estava jogada no chão pois tirei sozinha depois que a mamãe saiu do quarto para contar aquela mentirinha do bem ao meu pai. Fiquei com dor na coluna, isso me fez entender o porquê eu precisava tanto das criadas para me vestir e me despir.

— Filha, eu sei que não é hora de falarmos do que aconteceu ontem — Ela disse olhando para meus olhos —, mas fiquei receosa de você estar com raiva de mim, saiba que não falei aquilo por estar protegendo ou concordando com a atitude precoce do seu pai. Mas você o conhece.

— Sim mãe, está tudo bem de verdade — Falei segurando suas mãos — eu sei que tudo que vocês fazem é para meu bem. Portanto, esse tempo sozinha me fez entender que meu sonho de ser escritora é tolo. — Falei cabisbaixa para ela não identificar a mentira escancarada em minha face — Eu ainda acho que a atitude  do papai foi muito rápida, ele mal deixou que completasse 20 anos e já correu atrás do duque pra acertar o casamento — dei uma pausa olhei para seus olhos castanhos e conclui — Eu estou disposta a fazer tudo que for preciso para o meu bem.

Minha mãe não soltava minhas mãos enquanto em minha boca saia aquelas palavras. Ela de imediato sorriu e disse:

— Ó querida, você não sabe o quanto fico aliviada de ouvir falar isso. Tenho certeza que você será uma boa esposa, o duque Benjamin é um homem muito educado e sei que irá faze-la feliz — Falou empolgada — Agora tenho que ir, saia desse quarto um pouco, abra essa janela, deixa o ar entrar, filha, obrigada por ser compreensiva.

Ela saiu do quarto tão radiante que começou a cantarolar pelo corredor. Eu sabia que mentir não era bom, mas era minha única opção naquele momento.

Passaram-se os dias e chegou aquele que eu mais temia. Naquela tarde eu iria para o casarão do duque. Não sabia o que esperar, não o reconheceria de imediato se o visse. As únicas coisas que sabia sobre ele era o que Lore falava para mim. Meu pai levava meus irmãos quase sempre quando ia caçar com o duque Erick e o duque sempre levava Benjamin. Eles ficavam observando, não tinham idade para aquilo, mas sempre tinham boas conversas para passar o tempo. Lorenzo falava que Benjamin era um menino tímido, que gostava de galopar quase toda manhã. Eu só o vi uma vez, não lembro do seu rosto, mas espero muito que o duque não goste de mim, e que me devolva assim que perceber que nunca serei uma boa esposa. Desejo que isso não demore muito, estou disposta a mostrar que não nasci pra tal feito.

31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora