Capítulo 9

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No dia seguinte, acordei mais cedo do que de costume. O sol ainda estava nascendo e o céu estava azul de tal forma que nunca vira, ele estava lindo e por um momento agradeci por ter me levantado àquela hora.

Vesti meu roupão, fui para o estábulo visitar Anastácia. A égua estava na mesma cabine, por um momento pensei que ela tinha me reconhecido. Anastácia olhou para mim e rinchou, não pude conter um sorriso bobo. Parecia que ela sabia o motivo de eu estar ali, ela provavelmente estaria feliz por sair daquele lugar e ir dar um passeio. Eu retirei a égua da baia e preparei a cela, fiz tudo com muita calma para ela não ficar estressada, mas parecia que gostava muito de mim, me deixou fazer tudo sem nem hesitar.

Subi com um pouco de dificuldade, segurei as rédeas e ela saiu cavalgando e me levando, por um momento, para longe daquela realidade. Eu sentia o sol aparecer e iluminar minha pele a cada segundo que se passava, meu cabelo soltou-se dos grampos do vento forte que batia em meu rosto. O roupão desceu pelos meus ombros deixando-os à mostra junto com minha camisola de seda. Eu me sentia livre, me sentia feliz... Eu sabia que teria muita dificuldade a partir de então e precisaria manter a sanidade para que tudo der certo.

Ao mesmo tempo, pensei na intensidade da voz do duque enquanto falava que eu valia a pena. Eu nunca tinha namorado, nunca tinha me apaixonado. Eu sabia o que era amor de filha para mãe, de irmã para irmão, leitor e livros, escritor e palavras.

Nunca experimentei amar alguém fora da minha bolha, nunca senti o amor entre um homem e uma mulher.

No entanto, eu acreditava que ele existia, mas o que era o amor? Muitas pessoas entendem como um sentimento que vem do coração. Mas, eu sei que sentimentos são gerados pelo sistema límbico do cérebro, o mesmo cérebro que me deixa lembrar das palavras do duque, o mesmo que me fez imaginar que eu poderia fazer com que o duque me rejeitasse.

As pessoas colocam a culpa no coração, mas a culpa de tudo é do cérebro. É ele que manda informações ao resto do corpo, sem ele, não seriamos nada e é por causa dele que passei a noite inteira sem dormir, pensando em Benjamin.

Cheguei à conclusão de que pensar em alguém que não se quer pensar causa insônia.

E o resultado disso está acontecendo bem agora. Eu, cavalgando de camisola, às seis horas da manhã com a égua favorita do homem que não me fez pregar o olho.

Voltei para o casarão com minhas energias renovadas. Quando cheguei percebi que tinha passado mais de uma hora fora e que Suze já deveria ter dado falta de mim. Não demorou muito para que ela descesse a escada quase correndo a minha procura.

— Calma Suze. Você pode cair e se machucar. — Falei parada perto da escada.

— Onde a senhorita estava? Eu tive que acionar o duque — Falou ofegante. — Não se sai assim sem deixar nenhum recado. Poderia ter me acordado para me dizer que iria dar uma volta, eu poderia ter acompanhado você, não é pra isso que estou aqui?

— Desculpe-me Suze. Não foi minha intenção causar tormento. Eu queria um minuto sozinha, fui espairecer a mente. Não precisava acionar o duque. Eu estou bem, fui apenas cavalgar.

— Mas ele precisava...

Suze foi interrompida com a chegada inesperada, como de costume, de Benjamin

— Olha você aí... Suze pensou que tivessem lhe sequestrado. Mas, falei-lhe que quando alguém quer roubar uma flor ele vai ao jardim e não ao casarão. — Falou sorrindo.

O duque estava apenas de calça, certamente Suze tinha lhe acordado. Benjamin naquele ângulo estava bem atraente.

Dava para ver todos os seus músculos, ele estava com o cabelo bagunçado e os olhos ainda mais pequenos por ter acabado de acordar. Ele era um homem bastante atraente e muito bonito, era inegável não perceber.

31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora