Capítulo 20

3.5K 403 53
                                    

Eu ainda estava triste por Suze ter mentido para mim. Mas por outro lado ela estava certa, eu iria desistir da viagem se soubesse que Benjamin iria comigo.

Eu não sabia o que esperar ao chegar em Londres, não sabia como iria ser esses dias com Benjamin na cidade que eu tanto admirava. O que me deixava feliz é o fato de reencontrar Lorenzo.

- Bom, assim que meu pai morreu, eu herdei todo seu patrimônio. Eu não poderia deixar que tudo que ele criou fosse por algo a baixo. Eu tinha sonhos, tinha metas, mas eu não poderia renegar o que meu pai lutou para conquistar. E foi a partir disso que eu abrir mão de muitas coisas para ser quem sou hoje.

Alguns meses depois da morte do meu pai, eu tive que fazer uma viagem para a África, eu um menino de 17 anos viajando a trabalho para um país desconhecido.

Eu estava apavorado, porém ocorreu tudo bem. No segundo dia de estadia, eu visitei uma aldeia africana, dancei suas danças, participei de alguns rituais religiosos e depois fui tomar um chá com a anciã da aldeia

Benjamin se levantou, fez uma pausa na fala, pegou a jarra de água, virou o copo que estava emborcado na mesa e colocou água. Bebeu tão rápido que parecia estar desidratado, ainda de pé, retornou a falar:

- Em uma das conversas ela olhou para mim e perguntou se eu queria saber a cor da minha áurea. Eu surpreso com o convite e curioso em saber algo tão profundo sobre mim, aceitei. Ela pediu para que eu tirasse toda minha roupa e subisse em um pequeno altar que lá continha.

Nesse momento fiquei vermelha e comecei a rir. Como eu pude imaginar Benjamin despido em um altar africano?

- Do que a senhorita está rindo? - Perguntou o duque

- O senhor deveria ser bem magrelo naquela época.

- Eu era um rapaz, mas tinha um físico impressionante.

- Não tanto quanto agora, eu creio.

- A senhorita acha mesmo? Perguntou Benjamin com um sorriso de canto e uma das sobrancelhas elevada.

- O que? Não me desculpe, não foi o que quis dizer. - Falei envergonhada.

As vezes falava o que estava pensando, isso já me deixou constrangida várias vezes perto das amigas da minha mãe.

- Tudo bem senhorita...

- Continue por favor. - Falei

- Ela começou a passar alguns objetos pelo meu corpo nu, e depois de alguns minutos. Ela falou: "Purpura, o roxo se faz presente na sua aura". Eu fiquei surpreso, pensei que seria um azul claro, verde acinzentado, eu sou bem reservado, nunca imaginei que uma cor tão vibrante como a purpura fosse ser a minha cor. Mas curioso e surpreso, perguntei o que isso significava. Ela falou: "púrpura simboliza respeito, dignidade, devoção, piedade, sinceridade, espiritualidade, purificação e transformação. Mas também pode significar tristeza e melancolia, você que decidirá o que ela representará em sua vida".

Aquelas palavras eram o que eu precisava ouvir.

Pensei: Existe uma cor viva em mim que pode significar coisas boas ou ruins, eu preciso escolher. Da mesma forma que é escolha minha decidi se irei me abater pela a morte do meu pai e por tudo que tive de abrir mão. Ou aceitar a mudança e escolher seguir em frente, sem olhar o que ficou para trás.

Eu escolhi a segunda opção, senhorita. Desde então a púrpura ganhou um significado bom na minha vida. Ela significava a mudança, a minha escolha pela minha melhor versão. E então coloquei a cor em tudo que era meu.

Eu estava vidrada em todas as palavras saídas da boca do duque, nunca imaginei que toda aquela cor presente no casarão, fosse ter um significado tão profundo e bonito para Benjamin, eu comecei a admira-lo.

O Navio já estava longe da costa, quando um homem com roupa de serviçal bateu na porta da cabine para avisarmos que nossos aposentos já estavam prontos.

Eu me assustei.

- Aposentos? então não vamos passar a noite aqui?

- Não senhorita, mandei você para cá para que não desconfiasse do plano de Suze. Iremos para nossos aposentos na parte superior do navio, onde estão os outros nobres. Quero que se sinta o mais confortável possível. - Falou Benjamin me dando a mão.

- Eu não estava achando ruim aqui, mas a ideia de me deitar em uma cama de verdade me deixa aliviada e minhas costas irão amar.

Peguei em sua mão e saímos.

Ao chegar no primeiro andar do navio, me deparei com um grande salão de espera, com vários sofás, mesas, e muitas famílias nobres, algumas com filhos e outras com animais de estimação. Em poucos minutos estava eu e Benjamin a sós de frente a um quarto de um navio enorme. Entramos no cômodo, Benjamin tranquilo e eu mais amedrontada.

A suíte era menor do que os quartos do casarão Van Edell, mas era igualmente bonita.

- Só tem uma cama, o senhor acha que sou tola? Irei dormir na cabine, com licença.

- Johanna, acalme-se e lembre-se que para todos aqui somos casados. Eu não poderia pedi um quarto para minha esposa em outra ala, poderia? Pensando em você e nesse gênio característico da sua pessoa, reservei um quarto duplo, ou seja, um quarto de casal. Venha comigo.

Ele pegou minha mão e me levou a uma porta que estava do lado da cômoda.

- Esta aqui é sua suíte senhorita.

Benjamin abriu a porta e lá estava outro quarto, igualmente decorado. Entrei e comecei a observar cada detalhe.

- Eu nunca iria me aproveitar de uma situação que iria comprometer sua honra. - Falou Benjamin, olhando para mim fixamente.

- Eu sei - Respondi desconfiada.

- Bom. Daqui a pouco irão trazer suas malas, não se preocupe. Contratei uma dama de companhia, não será igual a Suze, mas lhe ajudará nos afazeres diários. Descanse um pouco. Irei tomar um banho quente!

Benjamin fechou a porta e eu fiquei a observar o quarto, algum tempo depois, abri a cortina e me deparei com uma vista esplêndida de um mar imenso e acolhedor

31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora