Meus pais encheram o duque de perguntas, eu não conseguia olhar para ele quando meu pai perguntou se já tínhamos planos para o futuro, Benjamin era esperto, mas dessa vez parecia que não sabia o que dizer. Será que é porque nosso plano para o futuro era saber se eu iria passar na faculdade ou não?
Antes dele responder minha mãe interrompeu derrubando uma das xícaras no chão, eu fiquei aliviada, pelo menos meu pai tinha desviado um pouco da conversa para reclamar do estrago, vi que Benjamin relaxou um pouco, nos olhamos e percebi claramente como a presença dos meus pais causava incômodo, era um tormento ter que sorrir e manter a sanidade mental com o meu pai fazendo perguntas inconvenientes.
Depois de um tempo eles resolveram ir embora, percebi que Benjamin estava exausto, não fisicamente, mas emocionalmente, ele não poderia afirmar nem negar sobre suas intenções para comigo.
Foi difícil fazer isso em meio aos questionamentos do meu pai.
Acompanhei meus pais até a carruagem, minha mãe sempre carinhosa disse que estava orgulhosa de mim, aquilo me doía, mas eu tinha de ser forte.
Voltei para o casarão, mas o duque não estava mais lá. Eu sabia que a carta de Lorenzo com o resultado estava preste a chegar e pelo o jeito o duque também. Ainda teríamos que ter aquela conversa, mas não tinha coragem de encara-lo e admitir que eu errei várias vezes.
Eu tinha medo do resultado, não por talvez estar escrito reprovada, mas porque eu sabia que se tivesse uma aprovação eu nunca mais veria Benjamin, e aquilo me doía profundamente.
Suzy me chamou para um chá da tarde no jardim, eu estava morrendo de saudade das minhas camélias, do lago e de toda aquela paisagem que o casarão Van Edell possuía.
- Eu preciso falar com você. – Disse Suzy
- Eu também preciso falar com você, eu não sei como contar isso, mas eu preciso desabafar. O que você quer falar comigo? Aconteceu alguma coisa? - Perguntei
- Não é nada tão importante. Me diz você, o que está acontecendo?
- Me promete não abrir a boca de surpresa?
- Prometo senhorita – Falou Suzy sorrindo.
Fechei os olhos, respirei fundo e falei:
- Eu dormir com Benjamin em Londres.
Suzy me olhou de lado e perguntou:
- O que aconteceu? Ele esqueceu de reservar um quarto para você?
- Não Suzy, nós transamos.
Suzy paralisou seu olhar em mim e ficou assim por alguns segundos, então falou:
- Não...
- Sim!
Suzy colocou a mão sobre a boca e pela primeira vez a vi sem consegui falar nada.
- Eu sei que foi uma atitude precipitada, mas eu estava certa de que não iriamos ficar juntos, minha reputação ia ser arruinada de qualquer forma, eu quis me despedir dele, mas o duque não pensou dessa forma, ele achou que eu estava o escolhendo e mesmo depois de tudo que falei ele continuou a me querer. Mas eu não poderia saber a interpretação de Benjamin, portanto eu sair do quarto deixando uma carta onde eu falei que estava indo fazer a prova. Por isso ele chegou mais cedo, por isso ele não está falando comigo como antes. Isso está me atormentando.
Abaixei a cabeça com os olhos marejados.
- Meu Deus Johanna, vocês cometeram um crime. Eu não posso julgar você por isso, eu fiz o mesmo, mas não era o certo a ser feito. Você sabe que não.
- Eu sei. – falei baixinho.
- O que você fez com Ben foi muito errado. Mas ele também deveria ter a respeitado.
- Não o culpe Suzy, eu que tive a iniciativa.
- Johanna, se fosse para escolher agora, o que você escolheria? - perguntou Suzy
- Eu não sei, eu o amo Suzy, eu quero tê-lo por perto, quero ser a mulher dele, quero tudo isso, mas eu não posso deixar de lado todo meu sonho de ser uma escritora de verdade, de publicar um livro.
- E se você tiver a oportunidade de ter os dois?
- Seria um sonho, mas como eu posso ter os dois se por lei eu não posso publicar um livro? Isso seria impossível Suzy.
- Não tão impossível senhorita.
Não estava entendendo onde ela queria chegar com aquilo, como não seria tão impossível, como?
- Eu não sei como isso seria possível, já não importa mais, mas me diga, o que você quer falar comigo?
Suzy virou seu rosto para o outro lado do jardim, de olhos fechados, dava para perceber sua respiração acelerada, fiquei preocupada, algo de muito importante estava por vir.
- Quando vocês estavam em Londres, recebemos um comunicado de que o príncipe Joaquim estará realizando um Concurso no palácio. É um concurso de pintura, o melhor pintor terá suas obras expostas em uma galeria em Londres.
- ô céus, você pode participar Suzy, meu Deus, você precisa mostrar sua arte - Falei empolgada
- Tem um problema Johanna, eu sou uma impura e negra.
Suzy abaixou a cabeça e naquele momento eu sentir uma raiva absoluta.
Percebi o quanto privilégio eu tinha, eu poderia escolher entre dois destinos, mas Suzy não, Suzy era proibida de encontrar um futuro melhor.
- Você tem que mandar uma carta para o príncipe, ele é bom, não vai proibir você de participar.
- Ele não vai, mas o príncipe Jonas sim. É impossível Johanna, você não entende.
- Eu sei. – falei desmotivada
Ficamos caladas por alguns minutos, Eu não sabia o que dizer, como motiva-la? Eu entendia que era impossível, mas também acreditava ser possível, estava quase enlouquecendo quando Suzy por fim, quebrou aquele silêncio mortal.
- Eu vou tentar...
- Como você vai fazer isso? - Perguntei
- Eu não sei, eu estou disposta a encontrar um futuro, algo que não seja só minha sina. Você sempre me falou que eu tinha que viver mais, você também falou o quanto sou talentosa. Esse comunicado me deixou empolgada Johanna, mesmo que eu não consiga falar com o príncipe, ao menos tentarei, essa é minha única chance de mostrar meu valor.
- Como você conseguirá se manter? Eu quero que você vá, mas tenho medo Suzy, eu não posso deixar que a machuquem.
- Eu tenho que voar minha amiga, eu sei que vai ser difícil, mas eu irei sobreviver, tenho dinheiro guardado, o suficiente para três meses, eu sei que se nada der certo eu tenho vocês, minha família e minha casa.
- Isso você sempre terá. - Falei com a voz trêmula.
Nos abraçamos calorosamente, eu estava orgulhosa, sentia uma angustia inexplicável, não por medo de não ver mais Suzy, mas por me imaginar sem ela para compartilhar meus dias. Suzy era guerreira, talentosa e sabia de todos os perigos de Ziemia, mas além disso eu estava vendo uma mulher determinada e pela primeira vez vi o brilho em seus olhos, um brilho que eu conheço muito bem.
- Senhorita Ossory – Uma voz conhecida gritou do outro lado do jardim.
Era Nícolas, eu estava feliz por vê-lo, ele correu até alcançar a mim e Suzy.
- O carteiro que trabalha para o duque está de recesso, então fiz um favor para o senhor Van Edell e fui pegar as cartas, vi que tinha uma correspondência para a senhorita, achei melhor entrega-la em mãos.
Nícolas estirou a mão e me entregou um envelope, era de Lorenzo, Isso queria dizer que o resultado havia chegado. Meu coração parecia que iria pular pela a boca.
A decisão estava em minhas mãos. Tinha chegado a hora de escolher!
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31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]
Romance31 dias são suficientes para amar alguém? O que você faria se morasse em um país de monarquia absolutista, regido por leis que separam as raças e tomam conta do futuro das mulheres? Você conseguiria suportar ser obrigada, por lei, a ter um prometid...