Eu tinha dormido mais do que esperava, sempre acordava antes mesmo de Suze entrar no quarto para preparar o meu banho. Dessa vez acordei com ela me chamando, abri os olhos ainda pesados e a vi.
Suze estava com os cabelos soltos, era a primeira vez que a via com as madeixas para jogo. Seus cachos eram lindos, grandes e volumosos.
— Você deveria usá-lo assim mais vezes — Falei enquanto me sentava na cama ainda sonolenta.
— O que? Meu cabelo? Ah, não, senhorita. Eu não posso ser vaidosa, ele tem que estar preso para que possa fazer o meu trabalho. A senhorinha já viu uma criada esbanjando seu cabelo solto por aí? — Falava enquanto ajeitava a água do meu banho.
Ela tinha razão, todos as criadas em Ziemia usavam o cabelo preso em coques ou algum penteado parecido.
— Acredito que o duque não venha a ficar chateado se você usar algumas vezes o cabelo solto. — Falei ficando de pé.
— Não, mas não nasci para me preocupar com vaidade. Isso não é para mim, entende?
— Bom, o cabelo é seu. Você usa como quer.
O banho passou rápido, em pouco tempo já estava pronta. Desci para o café da manhã e assim que cheguei à sala de jantar me deparei com o duque sentado na principal cadeira da mesa tomando seu chá e lendo uma das cartas que estavam postas em uma bandeja sobre a mesa.
Era a primeira vez que iríamos fazer uma refeição juntos. Sentei na cadeira de sempre e comecei a me servir, o duque não tirava os olhos da carta que lia, não sabia se o assunto da carta estava prendendo sua atenção ou se não tinha me visto.
— Senhorita Ossory, é um prazer poder desjejuar à sua companhia, dormiu bem esta noite? — Falou deixando de lado a carta que lia.
O duque estava ao meu lado, mas eu não esperava que iria falar tão de repente, como sempre, me assustei, mas dessa vez quase derramei todas as pedras de açúcar em meu café.
— Bom dia, senhor Benjamin. Mas, poderia ser mais prazeroso se você tivesse consideração com o meu coração e parasse de me assustar dessa maneira.
— Desculpe-me, não foi minha intenção — falou colocando sua mão esquerda sobre a minha.
Eu puxei a mão violentamente, Benjamin me olhou de uma forma como nunca olhara antes. Talvez estivesse se perguntando o motivo pelo qual eu havia tirado minha mão tão bruscamente da dele. Abaixei a cabeça e comecei a mexer o café para que o açúcar se dissolvesse.
Eu tive a impressão de que os segundos não passavam, mas Benjamin quebrou o silêncio que atordoava nós dois e eu o agradecia mentalmente por isso.
— Recebi uma carta da realeza comunicando que nos próximos dias o rei estará aqui em Cizar com sua família — Falou enquanto abria mais uma das cartas. Deveremos fazer um baile de boas-vindas, falarei com o seu pai para que ele possa organizar tudo enquanto estarei fora.
— Você vai viajar mais uma vez? — perguntei despretensiosamente.
— Sim, tenho algumas reuniões em Mizes, passarei alguns dias por lá, mas logo estarei de volta. Vou pedir para que lhe façam um vestido de festa, avisarei a Suze quando for para ir tirar as medidas. Licença senhorita, tenho que organizar algumas papeladas antes da viagem
O duque levantou-se, pegou as cartas já abertas e se retirou. Ele parecia frio, talvez não tivesse gostado da forma como eu agi quando me tocou. Mas, isso era um bom sinal. Talvez se eu fosse um pouco mais fria nas nossas conversas ele poderia entender o que eu tanto queria que ele entendesse.
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31 dias para te amar - Livro 1 - [1º versão]
Romantik31 dias são suficientes para amar alguém? O que você faria se morasse em um país de monarquia absolutista, regido por leis que separam as raças e tomam conta do futuro das mulheres? Você conseguiria suportar ser obrigada, por lei, a ter um prometid...