Capítulo 11- Divisão

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- Não é isso que você está pensando meu amor. – O homem tentava argumentar.

Amora não acreditava no que estava acontecendo, seu pai querendo lhe comprar, e seu amado aceitando, não só a ela, mas seu bem mais precioso, sua filha.

Ela se irou, a raiva e decepção a cegou.

Gritava desesperadamente com os dois, sua indignação se espalhou pelo castelo, e logo a rainha e suas irmãs chegaram até eles.

- Esse castelo não teve mais paz com a chegada da irmã de vocês. – A rainha comentou alto.

- Onde está Aurora? – Amora perguntou ignorando a madrasta.

Uma fada trazia a criança em seus braços, então ela a pegou, saindo da sala, e os demais a seguiram.

As gêmeas choravam agarradas a irmã, pois não queriam que ela partisse, enquanto ela tentava explicar sua situação.

- Você não irá sair daqui Amora. – O homem disse com autoridade. – Arrancando a criança de seus braços.

- Leva seu ouro e nos deixe em paz... Eu irei pra longe daqui com minha filha. – Ela disse chorando.

- Ok... Você venceu... Meus planos em voltar para cá, nunca foram para você dar a luz em um lugar seguro, estava de olho nas riquezas desse lugar, se seu pai não tivesse oferecido, eu teria conseguido de qualquer maneira, nem que tivesse que conseguir da forma mais trágica, tomar o reino seria uma boa maneira.

- Meu pai sempre teve razão, nunca deveria ter confiado em um humano... Devolve meu "ouro" e leva o teu!

- Lembro quando entrei naquele círculo das fadas, e vim parar nesse lugar por engano, não sabia que aquilo seria um portal, pisei nele por curiosidade, mas vim parar aqui, então te conheci no vilarejo das fadas, me apaixonei de verdade. Porém seu pai sempre foi contra, e me desprezava por saber minhas origens, minhas intenções sempre foram as melhores, mas ao voltarmos para o mundo dos humanos, fui infectado por um vírus, que transmite uma doença muito comum por lá, que se chama ganância, e ela se misturou com o desejo de vingança.

O homem exigia todo o ouro do reino

- Daqui você não leva ouro algum... E devolve a criança. – Disse o rei alterado.

Imediatamente uma nuvem de Évols coloridos sobrevoavam o castelo, e uma nuvem entrava pelas janelas, um simples híbrido o mataria na hora, sem o menor esforço, porém, ele foi esperto, estando com a criança em seus braços, nenhum lhe atacaria.

Não houve alternativas, todo o ouro do castelo foi lhe dado, em troca devolveria Aurora em segurança, e iria embora para sempre, sua entrada ali seria vetada para sempre.

Ele então devolveu a criança, colocou todo ouro na carruagem, e sem olhar para trás partiu.

- Você irá mesmo deixa-lo ir embora roubando todo nosso ouro? – A rainha perguntou com ira.

- Dei minha palavra.

- Ele tramou contra você, e ainda nos deixou na ruína, e está preocupado com sua palavra de rei, sendo que pode acabar com ele em segundos? E sua amada filha e neta? Seu coração não arde por fazer justiça por elas? – Ela continuava a falar enquanto observavam o homem partir feliz – Ordene apenas um évol, e tudo isso se resolverá e teremos nosso ouro de volta.

Amora observava tudo ao longe nos grandes portões do castelo, em companhia das irmãs, e com sua filha em seus braços, as lágrimas fluíam como rio.

De repente uma movimentação estranha surgiu ao longe, uma nuvem de évols sobrevoavam ao longe, os gritos agonizantes de um homem podia ser ouvido.

O rei por influência da mulher, acabara cometendo um grande erro, matando uma vida mesmo que indiretamente, ainda que não inocente, mas ele sabia que não tinha esse direito, e mesmo porque havia dado sua palavra.

Quase que instantaneamente uma bela mulher surgiu entre eles, Amora e as crianças correram em suas direções, porém ela ordenou que não se aproximassem.

Enquanto o rei e a rainha correram em direção aos restos da carruagem.

O homem havia virado pó.

Ela ordenou para que eles não tocassem o ouro, e que voltassem para junto de suas filhas.

- Eu sou a rainha desse reino, não te devo ordens. – E olhando para o marido continuou. – O que está esperando, vamos levar nosso ouro para dentro do castelo?

Ambos estavam tão cegos, parecia que o vírus dos humanos havia passado para eles, que nem perceberam que quem havia dado as ordens era a própria deusa protetora do reino.

Então apressadamente trataram de pegar todo o ouro, mas algo estranho aconteceu, a temperatura caiu bruscamente, e todo o ouro começou a congelar, juntamente com o rei e a rainha, porém misteriosamente o frio intenso não chegava até as meninas, que apenas observavam tudo assustadas e chorando, enquanto Amora tentava consola-las e protege-las.

A temperatura mudou segundos depois, e tudo ficou muito quente, ao ponto de descongela-los, porém, se transformaram em água, que escorria pelo chão, infiltrando na terra, desaparecendo, não existia mais vestígios de ouro e nem realeza.

- Ouçam todos, infelizmente esse reino foi amaldiçoado- A voz ecoava, alcançando todos os vilarejos. – Pois aqui aconteceram coisas terríveis. Todos vocês podem não ter culpa, porém foram afetados, e quanto a isso não posso fazer nada!

A deusa pegou uma das meninas pelas mãos, levando-a com ela, era Lilith, enquanto Lis, caia no chão em desespero, chamando a irmã, Amora tentava inutilmente consola-la.

- Socorro Amora... Me salva Lis... – Ela gritava em vão.

A temperatura caiu novamente, e dessa vez atingindo a todos, todas as criaturas que estavam dentro do castelo foram obrigados a se retirarem e partirem para seus respectivos vilarejos, uma iluminada lua cheia surgiu na direção oposta do castelo, e um enorme muro se ergueu de dentro da terra, se transformado em uma enorme muralha de gelo, não dava mais para ver o outro lado, não se sabia onde ia a altura e muito menos a largura.

Um reino havia sido dividido, uma família acabada, e inocentes cruelmente afetados.

Um humano para provar que os seres humanos ainda valiam a pena... Essa era uma das grandes questões!

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Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russaOnde histórias criam vida. Descubra agora