"Uma doze de Amanita muscaria já foi"- Pensava Catarina, enquanto em vão tentava pegar no sono, ainda não havia se acostumado com o fato de ser sempre noite naquele lugar.
Precisava derrotar a rainha o quanto antes, e voltar para casa, era o que mais desejava.
Não soube a hora exatamente que pegou no sono, perdida em seus inúmeros pensamentos, finalmente adormeceu.
Acordou horas depois, ouviu passos a frente a seu quarto, levantou-se rápido, ajeitando-se rapidamente, precisava servir a rainha.
Saiu para a cozinha, e preparou a segunda doze de chá, estava sendo fácil demais, ela temia que estivesse acontecendo algo errado.
Porém, ela começou a entender, que o difícil era conseguir a confiança de Lílith, pois apenas assim a magia aconteceria, do contrário, apenas beber nada adiantaria.
Ela preparou uma linda e farta bandeja, levando até a rainha que sentada enfrente a lareira, observava o estalar das chamas atentamente.
- Bom dia Vossa Majestade... Lhe preparei uma deliciosa refeição!
- Por um acaso a humana ver uma estrela gigante transmitindo luz para dar bom dia? Meu satélite é a Lua... Boa noite Catarina.
A jovem engoliu as palavras a seco, como podia alguém ser tão rude? Ela controlou-se e continuou a falar amigavelmente e pacientemente.
- Boa noite rainha... Desfrute dessa refeição! – Catarina disse, em seguida observou o lugar e continuou. – Aqui não há muita coisa para se fazer! Desculpa em falar, mas no fundo, a rainha é bondosa, tirar minha vida seria sua melhor opção, porém decidiu me poupar, mesmo que não precisasse de uma serva... Vejo que precisava era de uma companhia.
- Cale-se humana... Nunca ouvir tantas bobagens... Sempre vivi sozinha, não precisei de ninguém, e muito menos da companhia de alguém cuja raça destruiu minha vida.
- A rainha não tem culpa do que se tornou, e muito menos do que fizeram com você e sua família, assim como eu, não tenho responsabilidade a cerca dos atos de outros humanos, cada um faz suas escolhas, e consequentemente colhe suas consequências.
- Vamos brincar de um jogo Catarina? Se é assim que desejas, eu ordeno que jogue comigo, e só termina quando eu digo! Te dou a chance de começar... Me faça uma pergunta!
- Por que esconde seus sentimentos?
- Creio que já sabes de toda minha história... Cristal certamente te contou.
Catarina apenas afirmou com a cabeça.
- Tive que lutar contra tudo sozinha, crescer de repente, sem ao menos alguém pra te guiar... Você sabe o que é isso Catarina, a solidão? Ver todos os dias apenas a escuridão... E você observar o gelo consumindo tudo, e apenas ter que aceitar?
Catarina não podia acreditar no que estava ouvindo, e muito menos vendo, uma lágrima teimosa escorreu no rosto de Lílith, ela limpou, tentando disfarçar.
- Eu achei que a rainha não sabia o que é chorar! Tome esse chá, certamente irá melhorar.
- Não estou chorando... Agora é minha vez! – Lílith disse tomando um gole de seu chá.
- Tome mais rainha, fiz com todo carinho.
Ela então tomou toda a xícara.
- Está satisfeita? Pois bem... Agora é minha vez... O que sabe de batalhas internas? Eu sei que você luta diariamente, todos os dias, uma guerra em sua mente, e frequentemente está perdendo elas, e foi assim que veio parar aqui, longe demais de sua casa... Você vive no limite... Em seu mundo, você é borderline, aqui se tornou uma guerreira, ao contrário do que pensa, sua luta não é contra mim, mas sim, contra si mesma.
- Chegaaaaaa. – Não quero mais brincar.
- Quem diz que está no final do jogo é apenas eu! Eu disse alguma mentira? Você sabe que não! Aceite e lute como uma verdadeira guerreira que se diz ser...
Catarina não aguentou as palavras, saiu por impulso da presença da rainha e direcionou- se para a cozinha, estava tão irada, não sabia se era com as palavras da rainha, porque no fundo sabia que eram verdades, ou se era com ela mesma, então preparou a terceira dose do chá.
Voltou a sala, porém a rainha não estava mais lá, então saiu a sua procura, a encontrando perto das coníferas, observando as estrelas.
- Perdão por ter saído daquela maneira.
Lílith apenas sorriu pela primeira vez.
- Quando pretende soltar Aurora?
- Na verdade nunca... Quero que Cristal sinta a solidão, da mesma forma que eu senti a minha vida inteira! Vamos ver quanto tempo mais a pequena consegue sobreviver.
- Você não pode fazer isso? Achei que tivesse um coração!
- Aproveitando seus achismos, achei que pensasse que não tivesse um! Mas te respondendo, eu o tenho, ele ainda bate fortemente, porém congelado.
Lílith se pôs a caminhar, observando o céu estrelado, a jovem a seguiu, estranhando o fato da luminosidade no céu, a tempos ele não estava tão limpo.
Ela observou então ao longe, a grande muralha de gelo, e percebeu algo estranho, ela estava diminuindo, agora dava para ver seu topo.
- Por favor, lhe imploro que solte Aurora.
- Não! E vamos voltar para casa.
- E seu chá?
- Não quero! – Ela disse, jogando a xícara ao chão. – Não insista em me contrariar, não soltarei Aurora, ela verá a morte.
Dizendo isso, voltou apressadamente a seu chalé, e a jovem a seguiu, não foi dessa vez, que conseguiu!
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Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russa
FantasyQuando uma jovem por um incidente recebe a missão de salvar um reino, pois só assim conseguirá retornar para seu mundo. Mas será que conseguirá vencer os desafios e limites entre as fronteiras, sendo apenas uma simples humana? Magia, mistérios e...