Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russa

Capítulo 3- Pó de aquarela

  A mente de Catarina estava mais barulhenta que o costume, confusa com tantos acontecimentos inesperados. Em um instante estava feliz, pois havia encontrado o tão sonhado círculo, que lhe concederia seu mais profundo desejo, e agora estava a um passo da morte.

  Em alguns pontos de sua vida, em certos momentos dolorosos, desejava sim a morte, talvez esse, era seu maior desejo obscuro, e de certa forma as fadas estariam concedendo... Mas, naquele momento não! Esse com certeza, não era seu maior desejo! As fadas entenderam errado.

  Sentia seu corpo queimar por dentro, aos poucos não conseguia sentir a metade dele, ela estava congelando, enquanto ouvia ao longe, Aurora implorar por misericórdia, sendo levada contra sua vontade até a carruagem.

  Lilith, permanecia , parada, seus olhos esmeralda, sem misericórdia, fitavam a jovem.

  Segundos depois, Catarina não conseguia mover nenhum músculo, estava totalmente congelada, a morte estava bem próxima... Suspirou, talvez o último.

  Não ouvia mais, as súplicas de aurora, seus olhos estavam quase se fechando, quando uma criatura diferente pousou em seu corpo, ela ficou em dúvida se já havia morrido, ou se aquele ser híbrido, metade pássaro, metade unicórnio pertencia aquele mundo, mesmo porque, durante todos os seus vinte e um anos de vida, nunca vira tantas coisas diferentes.

  Seu corpo aos poucos, parecia descongelar, viu Aurora correr em sua direção, ela teria morrido também?

  A pequena criatura de cor azul, com corpo de pássaro e cabeça de unicórnio, sobrevoava agitadamente, sobre o exército gelado, soltando uma espécie de pó, também azul, que parecia derrete-los.

  As meninas observavam a carruagem apressadamente partir, junto com uma multidão de homenzinhos descongelando, muitos derreteram ali mesmo.

  - Como é possível aquele ser tão pequenino, derrotar todo esse exercito? – Catarina perguntou, admirada, olhando-o. – Quem são eles?

  - Eles são os Èvols, criaturas híbridas, como você pode ver, existem de várias cores... Amarelo, azul, verde, rosa, preto, vermelho...e o resto de cores que você conhecer e imaginar. – Respondeu Aurora, se sentindo orgulhosa em conhecer as criaturas. – Mas responder sua primeira pergunta, é a parte ruim.

  As meninas observavam o pequeno Èvol sobrevoar, ainda soltando o pó.

  - Por que ele não para? Eles já foram embora. – Catarina perguntou, sorrindo, acenando para o híbrido, em sinal de agradecimento, este parecia entender, pois, por segundos, apenas planou, as olhando, seus olhos pareciam lacrimejar.

  Aos poucos a quantidade de pó azul aumentava, e quase não se conseguia ver o Èvol, ele parecia estar desaparecendo entre o próprio pó.

  - O que está havendo? – Catarina perguntou assustada, enquanto a criaturinha desaparecia totalmente.

  - Infelizmente ele se foi... Acontece com todos eles... O pó que você via sobre o exército, era o corpo dele se desfazendo... Quando morrem viram pó.

  - Então, ele se sacrificou pra derrota-los?- Catarina perguntou, não conseguindo segurar as lágrimas.

  - Sim! Eles fazem isso por nós... Sempre que estamos em perigo, aparecem e nos salvam, o problema que sempre morrem no final... eles eram muitos, mas nos últimos tempos, estão diminuindo, e temo pela extinção.

  - E não tem como mudar? Eles salvariam, mas não morreriam...Isso é tão triste.. Não queria ver uma aquarela de pó!

  - Muitas vezes até tem como não morrerem, como dessa vez, porém eles amam tanto a rainha de Cristal, prezando pela segurança dela e de todos que a rodeiam, que eles não conseguem enxergar uma outra solução, ou simplesmente não conseguem parar, mesmo estando fora de perigo, como você mesmo viu a minutos atrás.

  - Rainha de Cristal? Quem é?

  - Vamos andando, e você a conhecerá... Só precisamos chegar ao outro lado da fronteira... Depois de lá é o reino de Cristal, o território onde moro.

  Então as duas começaram a caminhar floresta adentro, rumo a um novo reino.