Capítulo 9- Os viajantes

87 38 143
                                    

As meninas ficaram em silêncio, pois não sabiam dizer exatamente as palavras corretas à rainha.

Porém, aceitar a ideia proposta por ela, em hipótese alguma, seria levada em consideração por Aurora.

- Eu estava pensando... Se a rainha Lis não se sacrificar, eu serei o sacrifício? È isso? - Catarina quebrou o silêncio, ofegante. - Gostei disso não!

- Não! Você parece a Aurora quando começa a criar teorias na cabeça. - Lis, respondeu sorrindo.

- E o porquê do sacrifício? E onde eu me encaixo nessa história? Porque até agora nada foi esclarecido pra mim. - Catarina falou, quase exaltada.

- Sente-se aqui querida... Irei te contar uma história. - Disse lhe lis.

*** *** ***

Há muito tempo atrás, existia um grande e poderoso reino, cujo nome foi esquecido, quando foi dividido em dois, Gelo e Cristal.

Ele era governado por um rei bondoso e uma rainha amável.

Tinham duas lindas filhas gêmeas univitelinas, que se chamavam Flor-de-Lis e Lilith.

O reino possuía vários vilarejos, onde os moradores viviam em união uns com os outros, a paz reinava entre todos eles.

Era cercado por belas paisagens, desde grandes sequoias, a pequenos arbustos... existiam flores de diversas espécies, desde as mais raras até as comuns... Tinham animais em abundância.

Possuia estações definidas, noite e dia se reversavam em seus ciclos diários.

Falando assim, até parece que se trata de um conto de fadas, mas até nessas histórias, a " face do mal" aparece... E nessa não seria diferente...

Em uma bela manhã ensolarada, o rei e a rainha partiram para um reino vizinho, em mais uma de suas relações de negócios, essas viagens eram muito comuns.

Suas filhas ficaram aos cuidados das fadas, cada uma tinha sua guardiã, o castelo era vigiado vigorosamente por pequenos seres híbridos voadores, os Évols... Não que o reino precisasse de toda essa proteção, pois raramente acontecia algo que ameaçasse a segurança deles.

As irmãs eram muito unidas, e se amavam muito, protegiam uma a outra, de todas as confusões que se metiam, até mesmo quando o assunto era um castigo, ou sermões de seus pais.

Lilith, era super protetora e corajosa, e Lis era amorosa e inteligente.

As meninas brincavam alegremente no belo jardim do reino, quando uma carruagem se aproximava ao longe.

Logo pensaram que seus pais haviam retornado com antecedência, porém, a ideia foi refutada, quando perceberam que as pessoas que ali se aproximavam eram estranhas para elas.

A carruagem se aproximou das garotas, nela havia um servo que a guiava, e um casal elegantemente vestidos, se identificaram como um rei e uma rainha.

Disseram que pertenciam a um reino distante, e que precisavam falar com o rei urgentemente.

Lis explicou-lhes que o rei havia viajado, enquanto Lilith correu em direção as fadas para avisá-las que ali havia visitas.

Logo os híbridos, sobrevoavam formando nuvens no céu, prontos para proteger todo o reino, caso fosse ameaça inimiga.

As fadas apressadamente se aproximaram dos visitantes, reforçando novamente a ausência da realeza no castelo, estes falaram que estavam muito cansados e pediram pra pernoitar.

As ordens eram claras, que não se podiam aceitar qualquer visitante no reino sem a presença ou a permissão do rei.

- Podemos ao menos comer algo? A viagem nos deixou com muita fome... Não é por minha causa, e sim por minha esposa, ela está grávida. - O homem disse.

- Vamos entrar... Irei pedi aos servos para lhes prepararem algo. - Uma fada falou.

Então, eles entraram no castelo e foram até a cozinha para se alimentarem, Lis muito bondosa, lembrou-se do servo, pegou um prato de comida e foi deixar para ele, mas, ao se aproximar viu a carruagem e o servo, desaparecerem misteriosamente diante de seus olhos.

A menina correu em direção ao castelo, assustada com o que vira, e ofegante relatou o ocorrido.

- Desculpa princesa, mas você pode ter se enganado... Meu servo apenas deve ter ido procurar abrigo para os cavalos, e o que viu, foi a carruagem desaparecendo ao longe... Algo desaparecer do nada, não existe.

- Não! Eu a vi desaparecer na minha frente, tenho certeza disso.

- Lis... Não foi essa a educação que recebeu! Não insista, você pode ter cometido um engano... Ele tem razão!- Disse uma das fadas.

A menina então silenciou-se, porém, a visão que teve não saia de sua cabeça, e ela tinha a certeza que havia acontecido.

- Eu acredito em você! - Lilith sussurrou para a irmã.

As horas foram passando e o servo não voltava, as fadas já estavam ficando preocupadas, pois, logo ao amanhecer certamente o rei e a rainha voltariam, e não iriam gostar de saber que suas ordens foram desacatadas.

- Desculpa a indelicadeza, mas vocês terão que ir embora... - Falou umas das fadas. - Sinto muito, mas já erramos muito em ter desobedecido as ordens do rei, e se ele volta e os encontra aqui, ficará ainda mais furioso.

- Nós entendemos. - A rainha falou pela primeira vez. - Não se preocupe partiremos agora!

- Amanhã cedo retornaremos. - Disse o rei.

- Não! Obrigada pela hospitalidade, mas não retornaremos!- Ela insistiu alterada fitando o marido. - Vá procurar o servo, ele já deveria ter voltado.

- Você sabe que ele não retornará. - Ele respondeu irritado.

- Como assim? Quem são vocês? O que querem com o rei? - A fada perguntou.

- Meu pai já foi mais cuidadoso com a segurança deste castelo, e na minha época as fadas guardiãs seguiam cegamente todas as regras imposta por ele... Será que depois desses anos o rei perdeu as habilidades de governar?

- Seu pai? - As meninas indagaram juntas, ao ouvir a ultima frase da viajante.

Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russaOnde histórias criam vida. Descubra agora