Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russa

Capítulo 10- Ouro

- Meninas vão para o quarto. – A fada disse.

- Não! – Lilith recusou-se. – Por que chamou o rei de pai?

- Ele nunca contou a vocês?

Antes que a conversa seguisse, ouviu-se o som dos Évols, e os servos logo anunciaram a chegada dos donos do reino.

As fadas se desesperaram ainda mais com a situação, e antes que ordenasse novamente para que os viajantes partissem, as portas do castelo se abriram.

- Minhas princesas, chegamos. – O rei gritou, como ritual, assim as meninas ouviriam e os receberiam como de costume.

Porém dessa vez não aconteceu, ao invés disso, todos saíram da cozinha, em suas direções.

- O que está acontecendo aqui? – O rei preguntou exaltado, ao ver os estranhos em seu castelo, sem sua permissão.

- Talvez não sejamos tão estranhos para você rei... Veja... até os Èvols estão quietos com minha presença, pois sabem quem eu sou. – A mulher disse se aproximando deles.

- Amora? – Disse o rei surpreso, logo baixando o tom de voz, reconhecendo-a.

- Pai... Quem é ela? – Lilith perguntou, tendo os braços em volta da irmã, que já soluçava.

A rainha abraçou as filhas, como se quisessem protege-las.

- Amora é a primeira filha do Rei... Sendo assim, ela é o que de vocês crianças?... Isso... irmã! – O homem disse ironicamente entrando na conversa. – Por que vocês não sabiam disso? Isso... Perguntem ao pai de vocês, porque essa resposta eu também quero saber!

- Achei que não voltariam mais ao meu reino! E que não valeria apena contar as meninas de um passado que elas não iriam conhecer. - O rei disse.

- Por favor, digam o que querem e vão embora daqui... Nos deixe em paz, te daremos tudo o que quiserem. – A rainha implorou.

-Você teria que abdicar todo reino rainha, pois tudo aqui legalmente me pertenceria.

- Não tenho culpa se preferiu ir embora com um forasteiro, que ficar conosco. – A rainha argumentou.

- E quem pressionou o rei para que ele me fizesse fazer uma escolha? Você e eu sabemos que sempre fui um peso e um atraso para seus planos.

- É assim que me agradece por ter te criado a vida inteira? Não tenho culpa pela morte de sua mãe, não foi eu que a matei quando ela deu a luz a você!

- Chegaaaa... – Lis gritou aos prantos. – O que está acontecendo aqui?

As fadas abraçavam as meninas, sem ousarem a falar nada, já estavam se sentindo bastante culpadas pelo acontecimento, se não tivessem desobedecido as ordens do rei nada disso teria acontecido, mas elas estavam totalmente enganadas, pois tudo já estava premeditado.

- Sua irmã preferiu trair a confiança de todos, e ir embora com um humano... – Disse a rainha.

- Vai ficar do lado dela, e deixa-la tomar o controle de tudo como sempre fez? – Amora perguntou ao rei.

- Acalmem-se todos... Eu ordeno!

Houve total silêncio, e sem perceber lágrimas rolaram no rosto do rei, pois no fundo, ele estava muito feliz pela volta da filha.

- Você veio para ficar? – Ele perguntou, aproximando-se dela, trêmulo, segurando-lhe suas mãos.

Então olhando para a filha, percebeu que estava grávida, e sua alegria aumentou.

- Irei ganhar um netinho? Diga que vai ficar Amora, por favor! Vamos esquecer tudo o que passou.

- Infelizmente não! Só viemos aqui para ficarmos alguns dias, meu companheiro me convenceu em procura-lo, para ter meu bebê com conforto e segurança, e depois retornarmos... O rei faria isso pelo seu neto?

Amora explicou, que onde moravam as coisas eram muito complicadas, e perigosas, e esclareceu que não eram de reino vizinho, que nem ao menos eram realezas, que lá eram apenas humanos.

A carruagem que haviam vindo nela para chegarem até o reino, foi presente de uma fada, que era sua antiga guardiã, ela os ajudou, então ao chegarem no reino ela desparecera, junto com o servo, que era um élfo camuflado.

O rei abraçou a filha, aceitando seu pedido, ficando os dois no reino, vivendo aparentemente em paz.

Os meses se passaram, e em uma bela manhã, calma e serena, logo ao nascer do sol, nasceu uma bela menina, a qual recebeu o nome de Aurora.

Alguns dias após o nascimento da criança, Amora chamou o pai, comunicando-lhe que já estava na hora de partir, este ficou muito triste, e para sua surpresa, recursou a partida da criança e da mãe.

As gêmeas também ficaram muito infelizes com a notícia, pois haviam se acostumado com a presença da irmã e agora da bebê no castelo.

A rainha mostrou indiferença.

Então no dia marcado para partirem, o rei estava disposto a ficar com a filha e a neta, então chamou o homem discretamente para uma conversa particular.

- Está vendo todo esse ouro? – O rei disse mostrando uma sala secreta repleta de riquezas. – Isso vale mais ainda no seu mundo, pode acreditar! Então... Tudo isso será seu, se deixar minha filha e minha neta ficarem comigo.

O homem arregalou os olhos, encantado com tanto ouro a sua frente.

- Talvez seja melhor para elas, ficarem aqui, pois é mais seguro viverem longe do mundo dos humanos. – O homem disse. – Só não conte nada sobre o ouro... Partirei amanhã cedo.

- "Aurora aquela que brilha como ouro", sendo trocada pelo próprio ouro. – Uma voz feminina disse adentrando na sala.

Era Amora.