Capítulo 21- Reinado

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   - Catarina... Finalmente você acordou.  - Disse uma voz, a qual ela não conseguia reconhecer.

  Aos poucos ela conseguia abrir os olhos, e percebeu que estava na cama de um hospital.

  - O que aconteceu?

  - Você teve uma overdose, consegui te trazer a tempo de te salvar.

  - Quanto tempo eu dormi?

  - O suficiente para ter boas alucinações.

  Aos poucos ela começou a lembrar, havia tomado um chá antes de dormi, feito de um cogumelo alucinógeno, colocou seus fones de ouvido, na sua playlist favorita, depois disso não lembrava mais de nada.

  Porém, aos poucos ela lembrou de um tal reino dividido, a qual tentou salvar, então desesperadamente começou a contar sobre o ocorrido, ficando ofegante e agitada.

  - Calma... – Dizia a voz, você não pode se agitar. – Eu estive com você o tempo todo e ouvir algumas de suas frases... E posso te garantir que tudo não passou de alucinações!

  Catarina sentiu o coração acelerar, sua respiração ofegante, indicava mais uma de suas crises de ansiedade, sentiu seu corpo trêmulo, e a sensação que morreria naquela hora invadiu seu ser.

  - Como me encontrou? – Ela perguntou quase não conseguindo falar devido a respiração.

  Anjos aparecem em qualquer lugar, e quando menos se espera, há coisas que não conseguimos entender, apenas deve-se aceitar e agradecer...

  - Não está mesmo me reconhecendo?.... Sou sua amiga, divido o quarto com você, quando te encontrei desacordada me desesperei e me culpei das vezes que não te ajudei.

  - Finalmente acordou Catarina... Belo susto que nos deu, prometa nunca mais fazer isso. – Disse uma voz entrando no quarto, trazia uma prancheta em suas mãos, e vestia um jaleco branco.

  - Então você tem transtorno de personalidade borderline ou limítrofe... – Ele dizia lendo as informações em seu prontuário.

  Ela apenas confirmou com a cabeça.

  Agora Catarina conseguia lembrar de sua amiga, e até de sua suposta alucinação.

  - Eu estava realmente o tempo todo aqui?- Ela perguntou.

  - Sim... E eu posso provar... Ela será minha testemunha... - A amiga falou apontando para a mulher de jaleco. - Estávamos o tempo todo com você, e até conseguimos entrar um pouco na história, ouvindo você falar.

  - Sou psicóloga... Gostaria de me falar mais um pouco sobre tudo o que viu? – A mulher perguntou.

  Catarina ainda que meio confusa, relatou tudo que supostamente presenciou, então aos poucos ela percebeu, a medida que contava, que realmente havia tido alucinações, mas não significava que de certa forma, não era real.

  O reino era sua mente, Aurora sua personalidade, pois estava sempre por perto, os acontecimentos e fatos que aconteciam nos lugares, eram os seus sentimentos, a muralha representava a fronteira, que dividia os reinos, cujo um lado aconteciam coisas intensas demais, e do outro intensas de menos, oscilações, altos e baixos, e as rainhas representavam os extremos de ambos os lados, o quente e o frio, amor e o ódio, a tristeza e a alegria... A qual também faziam parte de sua personalidade limítrofe.

  Sentiu de certa forma um alívio, mas lembrou, que recebera uma missão, alucinação ou não, sua jornada no reino entre fronteiras, serviu para alertá-la e consequentemente ajudar outras pessoas a encontrar o caminho de volta para casa, assim como ela foi ajudada.

  Esta história poderia não ter sido contada!

  E ela teria que ajudar a garantir que outras histórias de muitos guerreiros, venham a ser contados, por eles mesmo, como donos de seu reinado, com suas batalhas vencidas...

  Uma borboleta azul voou sobre o quarto, pousando na mesinha ao lado da cama de Catarina, lembrou-se do reino e de seus habitantes, principalmente de Aurora e Lílith...

  - Vejam que bela borboleta azul... – Ela disse alegremente.

  - Eu não estou vendo borboleta alguma Catarina... Ainda com alucinações? De agora em diante mantenha distância dos cogumelos psicodélicos, esqueça a palavra Amanita muscaria. – A amiga respondeu.

  - Eu estou vendo, é mesmo muito linda... – A psicóloga surpreendeu...

  "Ela confirmou que também viu, apenas para agradar Catarina...." – A amiga pensou.

  Catarina percebeu que tudo ia ficar bem... Agora havia uma esperança, e agradecia mentalmente ao anjo que lhe trouxe de volta para casa.

                 ***      ***    ***

                                                             

                                                           

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