Conte-me Como É Andar Em Uma Montanha-russa

Capítulo 1- Amanita muscaria

  Era tarde da noite, deitada em sua cama, sem sono, Catarina observava a noite passar, seus fones no ouvido, música no volume máximo, lhe transmitiam certa tranquilidade, e disfarçavam o silêncio que insistiam em gritar pensamentos acelerados , confusos e incontroláveis.

  Levantou-se, e foi até a cozinha, bebeu um pouco de chá, certamente ajudaria a dormir mais rápido.

  Fechou os olhos, e foi apenas disso que lembrava.

  Alguém lhe puxou pelo braço, lhe arrastando apressadamente para longe.

  - Eu salvei sua vida, você me deve um favor! São regras... Agora tens uma missão a cumprir! – disse-lhe uma garotinha, olhos tão azuis, que aparentavam o oceano, e também o céu, cabelos longos e pretos, pele branquinha.

  - Quem é você? Onde estou? – Perguntou Catarina, ainda muito confusa.

  Viu-se uma forte luz que vinha em direção a elas, pequenos seres voadores, que pareciam estar muito irados, se aproximavam.

  - Vamos... As fadas estão muito irritadas com você, se te pegam, era uma vez uma humana, e consequentemente serei punida também... – A menina disse, puxando-a, para trás de uma grande árvore.

  A noite estava escura, mas, por onde as criaturas minúsculas passavam, deixavam uma forte luz. A menina percebeu que a árvore era oca, poderiam se esconder dentro, então as duas rapidamente adentraram.

  - Elas sentem teu cheiro... irão nos encontrar... – A garotinha sussurrou.

  As duas encolhidas, apenas contavam com a sorte, a ideia de que a qualquer momento poderiam ser surpreendidas, davam-lhe um frio na espinha. Aos poucos notaram que a forte luz já não iluminava por perto, tudo estava quieto, a floresta estava em silêncio.

  A menina, pôs o rosto fora da árvore, espionando o local, alívio, as fadas já haviam partido.

  - Elas já foram. – Falou a menina aliviada.

  - Uffa... Agora já posso falar?- Indagou a jovem, suspirando de alívio.

  - Nunca disse que não podia. – A menina ironizou.

  - Por que aqueles seres estavam irritados comigo? Não lembro de ter feito nada com elas. – A jovem perguntou.

  - Obvio que não fez nada... As fadas apenas estavam dançando em seus rituais sagrados e você veio do mundo dos humanos para espiona-las, assim atrapalhando. Você tem ideia de que agora o vilarejo delas podem estar sem proteção da deusa? – Respondeu a menina preocupada.

  Um filme passou em sua cabeça, e agora ela lembrava de tudo, do momento em que encontrara o tão sonhado e procurado anel das fadas.

  - Eu não queria causar problemas, apenas queria fazer um pedido, me falaram que elas realizariam. – A jovem respondeu.

  - Vou te contar um segredo... Elas nunca realizam os desejos humanos, você não soube disso, porque todos os humanos que aqui chegaram, nunca voltaram para o seu mundo para contar a verdadeira história.- Respondeu.

  -Onde eles estão? Posso leva-los de volta quando voltar. – A jovem perguntou.

  - Mortos... Todos eles morreram exaustos de tanto dançar... O que é uma noite para as fadas, são cerca de nove anos para vocês humanos, certamente não resistem. Você levou sorte duas vezes, uma por eu ter te encontrado antes de te fazerem dançar, não conseguiria te tirar de lá e a outra foi agora... Como camuflou seu cheiro? – A menina perguntou surpresa.

  - Não sei. – A jovem respondeu pensativa. – Onde estamos? E quem é você?

  - Meu nome é Aurora... Moro no reino vizinho... Teoricamente ainda corremos perigo estando aqui, pois estamos além das fronteiras, em território totalmente inimigo. – Ela respondeu tranquilamente.

  - Então precisamos sair daqui!- Disse Catarina.

  - Tarde demais... Ela já nos achou. – Aurora respondeu com a voz trêmula.

  - Cheiro de Amanita muscaria... Pequena aurora, quem é sua nova amiga?- Uma voz feminina ecoou na floresta, que antes calma, trouxe uma forte ventania quase congelante.

  O frio tomou conta de toda a floresta, uma linda mulher, acompanhada de vários seres transparentes que pareciam gelo, cercavam a entrada da grande árvore que elas estavam, as meninas estavam totalmente sem saída.