O Pequeno Segredo de Nicole

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Hey pessoinhas, tudo bem?

Espero que gostem do capítulo.

Beijinhos. ✨♥️
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- Será que podemos conversar?

Eu senti um medo percorrer minha espinha.

- Conversar? – Meus pés travaram.

- Sim, mas calma – Nicole deve ter percebido meu pequeno desespero interno. – Eu só gostaria de saber como que foi lá na sua tia.

- Meu Deus do céu, garota. – Coloquei a mão sobre o peito, sentindo meus músculos relaxarem. – Quer me matar do coração?

- Aí, me desculpa! – Ela riu de um jeito amoroso. – Eu não queria te assustar.

- Na minha tia foi tudo muito... Esquisito. – Soltei um suspiro – Acho que essa palavra seria boa para definir.

- Esquisito como? Ela te machucou?

- Não, ela nem me tocou. E além do mais, Wynonna não permitiria isso. Você acredita que ela chorou? – Indaguei olhando para Nicole – E eu poderia contar nos dedos as vezes em que eu vi isso acontecer.

- Ela chorou? – Questionou incrédula. – Mas por que?

- A Wynonna pisou nela, com bondade claro, o que foi inédito. Achei que ela fosse mostrar a tal arma, mas nada tem mais poder do que as palavras.

- Principalmente de forem usadas da maneira correta. – Nicole acrescentou. – Mas eu quero saber o que você sentiu, como você está com tudo isso?

- Eu não sei ao certo o que senti. No começo me senti totalmente indefesa e inútil por não ter conseguido me defender como eu poderia ter feito, mas Wynonna disse tudo o que foi necessário. Não sei o que ela sentiu, ou o que poderá acontecer. A única certeza que tenho é que Michelle não me aceita, e eu não sei se um dia ela aceitará. – Desabafei com tristeza.

- Infelizmente a vida não vem com manual de instruções, e também não somos o Dr. Estranho para viajar no tempo e saber o que poderá acontecer. Só resta esperar e dar tempo ao tempo... E Waves – Ela alisou meu rosto com as pontas dos dedos, tão suavemente que eu poderia derreter ali. – Não fique se cobrando por isso, não foi sua culpa. Tudo acontece como tem que acontecer, eu sempre penso assim. Algumas coisas nós não conseguimos mudar.

Senti uma leve aflição em meu peito, mas Nicole estava certa, eu não tinha o controle de tudo, o que era bem chato em alguns momentos.

- É, você tem razão. Acho que eu preciso me distrair de tudo isso. – Suspirei abraçando meu próprio corpo.

- Eu vou providenciar isso, você vai ver! – Ela disse animada, dando um beijo em minha testa.

- Ah não, o que você vai fazer? Nicole, eu sou uma pessoa ansiosa, isso não se faz! – Cruzei os braços fingindo estar indignada. Nicole apenas riu, se aproximando dos meus lábios.

- Paciência, Earp. Você precisa exercitar sua paciência. – Falou colocando as mãos ao redor do corpo, como se estivesse meditando.

- Aí boba! – Dei um tapinha leve em seu ombro, fazendo-a gargalhar.

- Ô pombinhas apaixonadas. – Wynonna gritou do andar inferior. – Vocês vão ficar aí de amasso ou vão descer para jantar?

Coloquei minha cabeça no topo da escada, tendo a visão da minha irmã segurando outro bolinho nas mãos.

- Nós não estávamos fazendo nada, ok? Você precisa parar de anunciar por aí esse tipo de coisa, Wynonna.

- Ah Waverly – Disse de boca cheia. – Pare de ser a puritana, até parece que vocês não fazem isso! E Haught! – Ela gritou ainda mais alto e Nicole surgiu ao meu lado da escada. - Se você não descer, eu vou comer todos esses bolinhos aqui. – Disse erguendo o pequeno pedaço que sobrava no ar. – E digo ao seu tio que você não sabe lutar, que você só apanha nas aulas de defesa.

- Ei! – Nicole bufou e apontou o dedo para minha irmã – Isso é mentira!

- Vem me bater então para provar o contrário, fracote. Da última vez eu te derrubei bonito.

Nicole saiu em disparada, descendo escada abaixo correndo.

- Você me paga, Wynonna!

Minha irmã se divertia com a situação, correndo para a varanda da casa ainda a provocando. Eu desci em seguida, encontrando Doc na varanda, que estava sentado em um dos degraus, segurando um copo com um líquido meio amarelo que julguei ser whisky. Ele ergueu os olhos para mim e com a testa enrugada perguntou:

- O que está acontecendo ali? – Perguntou apontando pra Nicole, que corria pelo gramado falhado atrás de Wynonna.

- Eu não sei quem é mais criança nesse meio. – Cruzei os braços, me sentando ao lado dele.

Wynonna gargalhava, enquanto jogava pedaços de bolinho para trás, atingindo Nicole. Quando a munição acabou, ela correu em nossa direção, ofegante.

- Bandeira branca, Haught. – Disse se jogando no chão a nossa frente. – Meu Deus, como é divertido te provocar!

- Há há, muito engraçado. – Nicole limpava as migalhas de bolo que haviam em sua camisa. – Onde estão os bolinhos? Agora bateu fome.

- Provavelmente estão dentro da minha gaveta de calcinhas, quer ir lá buscar? – Nonna disse, recebendo um chute de Nicole. – Haught, isso é agressão!

- Eu vou buscar os bolinhos, crianças. – Falei indo em direção a cozinha. Peguei a cesta com lanches que Nicole trouxe e um pouco de suco também.

Chegando na varanda vi uma das cenas que, com toda certeza, eu guardaria para sempre na memória. Nicole encostada nos joelhos de Wynonna, enquanto ela enrolava seu cabelo com os dedos distraidamente. As duas viviam como gato e rato, mas tudo aquilo não passava de uma bela fachada.

- Trouxe os bolinhos. – Ergui a certa no ar, e me sentando ao lado de Doc novamente, começamos a compartilhar do lanche.

- Sabe Waves, eu andei pensando – Nonna disse mordendo um pedaço de donut. – Você poderia ser minha assistente particular, cuidar de parte da minha papelada. Eu sou um completo desastre quando se trata de organização, você sabe, e você é mais metódica para esse tipo de coisa...
Soltei um gritinho, batendo minhas mãos animada.

- Nós poderíamos criar codinomes? Ai meu Deus, eu poderia ter um lança chamas?

- Waverly, PAPELADA. – Wynonna deu ênfase a palavra. – Não quero contratar você para ser uma Natasha Romanoff.

- Natasha? Hmm – Vi Nicole manear a cabeça e eu soube que ela me imaginou nas roupas da heroína. Gostei.

- Não custa nada sonhar, ok? – Confessei. – Só se você deixar eu escolher as cores da casa!

- Ah não... – Ela disse, fazendo Doc e Nicole rirem.

- Eu pensei em algo em tom de rosa. – Falei apontando para as paredes da entrada.

- Ah, claro! É a minha cara morar em uma casa rosa. Você vai querer transformar em a casa da Barbie! Me poupe.

- Ah Wynonna, por favor! Ficaria linda, você sabe disso.

- Meninas – Doc interrompeu educadamente e se pôs de pé. – Peço licença a vocês, mas preciso tomar um banho e descansar. Amanhã o dia será pesado para tentar arrumar aquela cerca. – Ele apontou para a entrada da fazenda, onde vários pedaços de madeira estavam quebrados.

- Fique bem cheiroso, Sr. Holliday, eu não quero dormir no mesmo quarto com um homem fedendo a gambá. – Wynonna provocou.

- Você quem manda, madame. – Doc sorriu, tocando a ponta do seu chapéu e entrou na casa, enquanto nós três acompanhávamos ele subir as escadas.

- Acho que ele tem uma quedinha por você. – Nicole confessou.

- Eu acho que ele tem um abismo. – Falei tocando minha irmã no ombro.

- Ew credo! – Nonna bufou.

- O que? Acha ele velho demais para você? – Perguntei curiosa.

- Não é isso, é que eu não sei o que pensar sobre ele.

- Ah, ele tem cara de bonzinho! E eu sou ótima em julgar caráter.

- Waves, você namorou o Champ. – Nicole soltou, fazendo Wynonna rir.

- É, você é realmente ótima, irmãzinha.

- Ah, aquilo foi um erro, está bem? – Tentei me defender.

- Waverly, erros eu cometo vários, aquilo foi uma diarreia mental.

- Ei! – Empurrei minha irmã, indignada.

- Acho melhor irmos dormir. – Nicole disse tocando em meus joelhos. – Estamos nos aproximando das últimas semanas de aula, não podemos faltar.

- Meu Deus, Haught, você é muito certinha. Me causa coceira. – Wynonna coçou os braços em provocação.

Mesmo com as brincadeiras, Wynonna nos seguiu para dentro de casa e deixamos a cesta que Nicole trouxera novamente na cozinha. Em seguida, subimos para o quarto, onde Doc já estava acomodado em um dos sacos de dormir. Minha irmã colocou o dela ao lado dele, o que já era esperado. Eu me acomodei junto a Nicole em um só, parecíamos duas sardinhas dentro de uma lata, mas não nos importamos com isso, estávamos aquecidas e principalmente, juntas.
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As semanas finais de aula estavam se aproximando, e isso significava uma coisa: trabalhos e mais trabalhos. Nesses dias, eu me revezava entre estudar para as provas, ir para o chalé das crianças e organizar as papeladas de Wynonna, que mesmo distante, ainda trabalhava no caso anterior. Homestead aos poucos ganhou cara de lar, e mesmo a contragosto, Wynonna deixou que eu pintasse uma parede da sala de rosa.

Nicole e eu estávamos sempre juntas. Visitei sua casa para jantar algumas vezes e ela passou a dormir com mais frequência na fazenda. Até Pipo virou um dos visitantes frequentes, correndo de um lado para o outro! Nicole e Hetty me ajudaram a decorar meu quarto, apesar de Hetty ter tentado me induzir a pintar as paredes de preto. E aliás, algo surreal aconteceu: Hetty e Wynonna se aproximaram tanto ao ponto de todas as sextas, elas jogarem cartas juntas. Nunca na minha vida eu imaginei isso acontecendo, mas aos poucos, as coisas estavam entrando nos eixos. E isso me deixava feliz.

Só na escola que algumas coisas ainda me deixavam frustrada. Eu e Nicole não nos assumimos, apesar de ter ficado tudo muito explícito depois da briga dela com Champ. Olhares de lado, alguns narizes enrugados e cochichos ainda me rodeavam, e eu precisava respirar fundo diariamente, para tentar manter um pouco da minha sanidade mental. Aqueles que antes eu chamava de amigos, sumiram aos poucos. Ou era eu quem estava fugindo deles? Talvez eu nunca soubesse a resposta. Mas apesar de tentar fugir de tudo isso, eu ainda tinha obrigações com o conselho estudantil.

Nosso professor começou a reunião do conselho com um aviso: o baile de formatura precisou ser adiado por mais duas semanas. O salão de festas que geralmente usávamos para essas ocasiões, estava terminando uma reforma nos banheiros.

Festa de formatura.

Olhei por sobre a mesa para Champ, que evitava contato visual não somente comigo, mas com todos os presentes. Sinto muito, enviei um recado mental para ele. Espero que um dia ele possa me perdoar. Apesar dele ter tido atitudes ridículas, eu não conseguia sentir ódio por ele. Sua expressão era vazia, assim como a minha. Eu já não me sentia mais a vontade no meio de todos do conselho.

Depois da reunião, precisei ir ao banheiro antes de ir para a aula de anatomia. E ao sair da cabine, dei de cara com Beth em frente aos espelhos, escovando os cabelos.

- Olá, Waverly. – O tom de voz dela me deixou apreensiva. – Você se importaria se eu fosse ao baile de formatura com o Champ?

- E ele convidou você? – Minha voz saiu mais fina do que o esperado.

O rosto dela endureceu.

- Desculpa, não quis dizer com esse tom. – Ou eu quis?

- Vou convidá-lo. – Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. – Acho que ele deveria experimentar sair com alguém que não seja gay.

Acho que todo o sangue do meu corpo subiu para o rosto.

- Isso não tem graça, Beth.

- Ah, e era para ter? – Ela perguntou irônica, girando os calcanhares em minha direção.

Segui em direção a porta. Para mim, chega!

- Piranhas. – Ela disse as minhas costas. – Vamos falar sobre piranhas.

Fechei os olhos com força.

- Deixa isso para lá, Beth.

- Pelo menos, eu só ataco de um lado do rio.

Girei para encará-la.

- Cala a boca! – Minha voz se elevou e senti meu rosto esquentar. – Cala a droga da sua boca! Eu terminei com Champ e sou livre para fazer o que eu quiser!

Ela inclinou a cabeça, como se estivesse zombando de mim.

- Você é. – Ela deslizou a bolsa por cima dos ombros, trombando em mim ao passar até a saída do banheiro. E antes de sair, virou novamente. – Mas agora ao menos todos sabem as suas preferências, sapatão.

Eu agradeci a Deus por já estar dentro do banheiro naquele momento, porque segundos depois, eu já estava soluçando dentro de uma das cabines. Como algumas pessoas conseguiam ser tão cruéis? Que prazer era esse que tinham em machucar os outros?

Eu não acreditava que meu dia pudesse piorar, e foi quando Perry me convidou para o baile de formatura no meio da aula. Primeiro, fiquei só olhando para ele, meio atordoada. E quando consegui encontrar minha voz novamente, quase gaguejei.

- Uau. Eu, hã, fico realmente lisonjeada, Perry. Mas eu... – Minhas mãos não paravam, eu estava realmente nervosa. – Eu não posso.

- Mas você terminou com aquele mauricinho, não foi? O Champ.

- Sim, eu terminei.

- Ah, saquei. – A expressão dele murchou. – Você já vai ao baile com outra pessoa, não é? Eu não sei nem porque ainda perguntei. – Ele soltou um riso frouxo, decepcionado. – Até parece que Waverly Earp iria aceitar ir comigo, não sei onde eu estava com a cabeça. – Disse dando um tapinha na testa.

- Ei, não é isso. – Cortei. – Eu só não posso ir com você.

Os olhos dele me atravessaram, como lâminas. Percebi, tarde demais, como aquelas palavras soaram de uma maneira errada. E antes que eu pudesse arrumar o que eu tinha dito, ele rosnou:

- Eu pensei que você fosse diferente, mas pelo visto você é igual a todas essas garotas metidas daqui. – Ele se levantou, empurrando os materiais da aula de anatomia em sua mochila. Depois, ele se levantou, esbarrando em uma fileira de cadeiras vazias, indo em direção a frente da sala, sentando o mais distante que pudesse de mim.

Todos giraram as cabeças para olhar para mim. Especialmente Nicole.

- O que foi isso? – Ela arregalou os olhos, apenas sinalizando com os lábios.

Me levantei em um impulso, eu só precisava sair dali. Meu Deus, tudo estava uma merda!
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Corri para o andar superior, eu precisava esfriar a cabeça de alguma forma. E eu faria isso da melhor maneira que eu pudesse. Na piscina.
Mergulhei na extremidade mais profunda, me permitindo afundar na água.

Livre-se, Waverly. Coloque para fora. Faça ir embora. Eu repetia tudo mentalmente.

As provocações. Beth. Perry. Continuar me escondendo. Essa droga de baile. Michelle. Champ. Universidades. Tudo isso estava me rasgando no meio. Por que tinha que ser assim? Por que?

Meus pulmões estavam prontos para explodir, quando tomei impulso e irrompi pela superfície. Depois continuei nadando, voltas e mais voltas, tentando me libertar de toda chateação que preenchia meu peito.
Tentando me soltar.

As pessoas estavam erradas quando nomearam isso de “estar no armário”, isso era mais parecido com uma prisão. Estava mais para um confinamento em uma solitária. Era assim que eu me sentia, no escuro, sozinha e com medo. Enquanto eu me arrastava pelos degraus da piscina, avistei Nicole encolhida na arquibancada. Ela segurava um pacote sobre os joelhos. Ao me aproximar, ela se ergueu e sorriu.

- Dizem que comer sempre alegra. – Ela esticou o pacote para mim. – Um bolo de chocolate, para aquecer o coração.

Eu não acreditava que esse chocolate pudesse salvar minha alma devastada naquele momento. Nicole colocou sua mochila sobre os ombros e me seguiu para dentro do vestiário. Deixei o pacote que ela me deu em cima do banco, ao lado das minhas coisas. Ela deve ter previsto minha implosão eminente, porque sequer perguntou algo. O chocolate seria reconfortante, mas nada comparado a paz que Nicole me transmitia.

Antes de tomar meu banho, sentei no banco ainda de maiô e ela sentou ao meu lado. Sem precisar falar ao menos uma palavra, comemos o bolo direto da embalagem que ele estava. O último pedaço de raspa de chocolate, Nicole colocou na ponta dos lábios, me indicando a pegá-lo. E foi o que fiz, finalizando com um beijo suave. Nicole recolheu o pote, colocando tudo dentro do pacote e levou até a lixeira mais próxima. Voltou até o banco, chutou o tênis para a longe, cruzando as pernas logo em seguida. Agora o silêncio dela me afligia. Levantei e fui em direção ao meu armário.

- Você conhece alguém que esteja precisando de um vestido de formatura? – Retirei minha mochila do armário, jogando sobre o banco. Lembrei do vestido que Michelle havia me dando de presente, alegando que eu ficaria linda para o meu último baile da escola. Senti vontade de queimar aquele vestido idiota. Peguei meu tênis e joguei no chão, com raiva.

Nicole levantou o rosto para mim, um pouco receosa, mas recolheu meu tênis e minhas meias que voaram longe. Ela alisou a própria camisa, voltando a sentar no banco.

- Tudo bem, fala comigo. O que foi que aconteceu hoje?

- Hoje, ontem, amanhã! – Rebati com raiva. – Que parte da minha vida não é uma droga?

- Eu? – Os olhos dela se arregalaram.

- Desculpa. – Falei, me acalmando. – É só que... tudo virou um inferno.

- O que quer dizer com isso?

Contei a Nicole como todos olhavam para mim na reunião, sobre o conselho, Champ, sobre como eu estava me sentindo mal por fugir de Rosita o tempo inteiro e sobre como Beth havia me tratado no banheiro. Contei tudo, mal respirando.

- Ela me chamou de... – Minha voz falhou. – Sapatão.

- Ah. – Nicole fez uma careta. – Você tem que se acostumar com isso. E a melhor coisa que você pode fazer, é se chamar de sapatão. Sapata, cola velcro, chupa charque. Todas as palavras que usam para te odiar, você pode usá-las para se divertir. Reivindique-as! De modo que elas não poderão ser usadas contra você, amor.

Usadas contra mim. Ninguém nunca havia usado apelidos comigo antes, pelo menos não na cara dura. E só agora percebi o quando isso poderia machucar.

- O que eu fiz para ela? – Fiquei pensando em voz alta. – Pensei que Beth e eu fossemos amigas.

- Lição número um: você nem sempre pode confiar nos amigos. – Ela contava nos dedos. – Lição número dois: você não precisa fazer nada para ser odiada por ser gay. O preconceito existe, baby, e infelizmente ainda não sabemos como eliminar isso de uma vez por todas.

Essa verdade eu já estava descobrindo, da maneira mais dolorosa.

- Mas o problema é deles, Waverly. – Os olhos dela encontraram os meus. – Não seu. Lembre sempre disso.

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