Capítulo 1

158 12 7
                                    

Breno sentia sua respiração ficar ofegante enquanto corria desesperadamente floresta adentro. O caminho era estreito e as árvores estavam repletas de galhos que arranhavam seu corpo. Em sua mão o frio revolver que carregava começava a pesar. Olhou rapidamente para trás para se certificar que a criatura ainda o seguia, mas naquela escuridão não conseguia ver nada, apenas se orientava pelos barulhos das pegadas nas folhas se aproximavam. "Isso é um sonho, apenas um sonho" pensou, enquanto fazia força para acordar, foi quando a criatura que o caçava deu um urro assustador, a coisa mais grotesca que os ouvidos de Breno já ouviram. Pensou em parar para atirar, mas desistiu, sabia que seria em vão e que só iria perder mais tempo. "Apenas um sonho" pensou mais uma vez, dessa vez trazendo uma lágrima ao seu olho que escorreu até o queixo trêmulo. Pelos passos velozes sabia que o monstro que o seguia estava mais próximo. Virou rapidamente a cabeça para trás para ver se conseguia enxergar alguma coisa naquela floresta escura. Nada. Porém, quando olhou novamente para frente, sua cabeça foi de encontro a um tronco que o arremessou para o chão, fazendo sua localização ficar mais evidente com o barulho da queda. "Apenas um sonho". Tentou se levantar rapidamente, mas desistiu quando seus olhos avistaram a criatura se aproximando bem vagarosamente. No escuro não dava para identificar a forma da criatura, era uma sombra bípede de tronco curvado. A única parte nítida era o par de brilho vermelho na parte superior, onde talvez seriam os olhos. Breno levantou a mão que segurava a arma e atirou na criatura, o tiro não causou dano algum, apenas fez a besta urrar com mais raiva. Sem pensar direito, Breno levou a arma e a apertou sobre sua própria testa. Suas mãos tremiam. Sua vista estava completamente embaçada por conta das lágrimas. "Posso até morrer, mas não será por você" – Foi a ultima coisa que pensou antes de puxar o gatilho.


***


O despertador na cabeceira da cama tocou, avisando que o dia já havia amanhecido. A mão de Cristiane automaticamente desligou e aos poucos abriu seus olhos e ficou encarando o teto. Ainda deitada passou as mãos pelos cabelos e sentiu algo úmido na parte de trás da sua cabeça. Quando os dedos voltaram, o vermelho do sangue que os cobriam ativou seu cérebro para acordar o seu corpo todo, que em um impulso saltou da cama como se ficar ali apresentasse algum tipo de perigo.
Agora, em pé, seus olhos conseguiam decifrar a origem do sangue. Vinham da parte de trás da cabeça de seu marido, Breno, que estava deitado ao seu lado. O corpo de Cristiane então ficou paralisado. Seus olhos vidrados no corpo do marido e na cama toda ensanguentada. A visão do sangue novamente fez seu cérebro acordar, e sem entender nada do que ali acontecia, gritou o mais alto que pode.

ParoníriaOnde histórias criam vida. Descubra agora